segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CARRO PARA A FAMÍLIA



Entre um crossover, um SUV, uma minivan e uma perua, qual é a melhor escolha?

Família é uma coisa complicada. Agradar a todos é sempre muito difícil, especialmente quando se trata de comprar um carro novo. Se o filho olha mais para o design, a filha prefere o conforto; se a mãe busca funcionalidade, o pai procura desempenho. E a vovó, claro, diz que carro bom é o que tem portamalas grande. Encontrar um modelo que reúna o melhor de todos os mundos realmente não é tarefa fácil.




















Mas o nosso mercado não é mais como antigamente; foi-se o tempo de Caravan, Belina, Quantum e Veraneio. Hoje em dia, mais do que nunca, as marcas estão de olho na diversificação dos perfis familiares, motivo pelo qual têm oferecido carros com propostas cada vez mais abrangentes e que atendem a praticamente todo tipo de família, desde a dinâmica e aventureira até a tradicional e discreta. Por isso, o Racionauto reuniu 4 modelos com perfis diferentes, mas que atraem pelos mesmos motivos: o crossover Peugeot 3008, a minivan Citroën C4 Picasso, o SUV Hyundai ix35 e a perua Volkswagen Jetta Variant. O desafio é ver qual deles entrega mais em espaço, funcionalidade, desempenho, segurança, consumo e custo x benefício.

Espaço














Quanto mais gente, maior a necessidade de acomodar bem a todos. Mas alguns fazem isso melhor que outros. O 3008, recém-chegado ao Brasil e atração no último Salão do Automóvel, fica no pelotão intermediário. Na frente, o console central alto e envolvente parece claustrofóbico, mas isso não passa de ilusão. Os ocupantes da frente vão bem, com espaço suficiente para pernas, ombros e cabeça, e ótima posição de dirigir, com ajuste de altura e distância do banco e o mesmo para o volante. Atrás o espaço é bom para 2 pessoas e razoável para 3, já que a parte central do assento é mais curta e não oferece a mesma acomodação para as costas, graças ao apoio de braço retrátil. O problema vai surgir, porém, se o motorista for mais alto e precisar recuar o banco dianteiro ao máximo. Neste caso, o espaço para as pernas fica bastante limitado – isso, por causa do entreeixos somente maior que o da perua Jetta, com 2,61m. O portamalas, segundo a marca, comporta 512 litros e sua praticidade, sobre a qual falaremos mais tarde, merece destaque.














No mesmo nível do francês está o ix35. O entreeixos é um pouco maior, com 2,64m, mas ele é ligeiramente mais baixo (1,82m contra 1,84m do 3008) e o perfil de SUV não faz milagres. Na frente, o espaço é praticamente o mesmo disponível no francês, mas com ligeira diferença na posição de dirigir: a do Peugeot lembra mais a de uma minivan, enquanto a do Hyundai lembra a de um sedã. E neste, apesar de só haver ajuste de altura na coluna de direção, é fácil se acomodar ao volante. No banco traseiro encontra-se ótimo espaço para a cabeça e para os ombros, mas, outra vez, quem vai no meio perde um pouco em conforto. E o bom portamalas acomoda 465 litros (dados de fábrica), o que é mais que suficiente para a bagagem da família, mas por ser um carro alto o vão fica um pouco distante do solo.
















O menor dos modelos aqui é a Jetta Variant. Ser uma perua não ajuda muito, principalmente porque ela deriva diretamente de um sedá médio. O portamalas, de acordo com a VW, comporta 505 litros e é maior que o do 3008 e do ix35, mas os passageiros passam aperto. O entreeixos de 2,57m, o teto baixo e a menor largura impedem o melhor aproveitamento do espaço interno. Os bancos dianteiros acomodam bem e a posição de dirigir é ótima, auxiliada pelo ajuste de altura e distância do volante, mais os ajustes manuais de altura e distância do banco do motorista, e lombar elétrico. Mas o espaço para os ombros e para a cabeça é bem menor, e atrás, esqueça do conforto se você ou os passageiros da frente forem “maiores”.















Já o C4 Picasso dá um banho na concorrência quando o assunto é espaço. Ser uma minivan aqui é uma imensa vantagem: os 2,72m de entreeixos e a cabine alta e larga proporcionam conforto em todas as dimensões para quem vai na frente ou nos 3 assentos atrás. Os bancos dianteiros, aliás, acomodam muito bem e a posição de dirigir, mesmo alta como em toda minivan, é agradável (o volante tem ajuste de altura e distância) e transmite segurança. Atrás, os assentos são um pouco curtos, mas há a vantagem da inclinação dos bancos traseiros, que proporciona conforto em viagens, bem como espaço de sobra para cabeça, ombros e pernas. E o portamalas de 490 litros (dados da Citroën), ligeiramente menor que o da VW, pode ter sua capacidade aumentada se os bancos traseiros forem recuados. Neste caso, o espaço disponível passa a ser de imensos 597 litros.

Funcionalidade

















Não adianta oferecer espaço se este não puder ser bem aproveitado. A perua da VW, neste caso, sai perdendo outra vez. A ergonomia é muito boa, com todos os comandos à mão, ótima pega do volante e, como já foi dito, excelente posição de dirigir. Os bancos traseiros são divididos em 60/40 e podem ser totalmente rebatidos. Mas os porta-objetos se resumem a um nicho abaixo dos controles do ar condicionado e outro (pequeno) com tampa corrediça ao lado da alavanca do freio, mais um nicho em cada uma das portas e o portaluvas. Para auxiliar o (ou a) motorista nas manobras, ela oferece sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, mais o rebaixamento automático do retrovisor direito ao engatar a ré. Opcionalmente a VW pode vir com o Park Assist, câmera traseira acionada com a ré e com visor no retrovisor interno.

















Sistema semelhante de auxílio às manobras está presente no SUV coreano, com exceção dos sensores dianteiros. A ergonomia também é ótima e há mais e maiores porta-objetos que no VW – os das portas são bem maiores (inclusive traseiras), porque acomodam garrafas, bem como o portaluvas. Há ainda um grande nicho com tampa entre os bancos dianteiros (na verdade, o maior dos porta-objetos). Os bancos traseiros podem ser rebatidos em 60/40 ou totalmente, elevando a capacidade do portamalas.

















Já a minivan da Citroën é a melhor para quem precisa levar tralhas. São inúmeros porta-objetos: 2 no topo do painel (um em cada lado do mostrador digital), um grande portaluvas, um compartimento refrigerado abaixo dos controles do ar condicionado, nichos no assoalho traseiro, no portamalas e no console entre os bancos dianteiros (que contam com mesinhas para os ocupantes de trás), além de um carrinho de compras e uma lanterna no portamalas. A ergonomia é muito boa e para o banco traseiro há difusores do ar condicionado e um espelho convexo de monitoramento de crianças. Os mesmos bancos podem ser rebatidos totalmente e de forma independente. E para facilitar as manobras, há um sistema que mede o tamanho das vagas e avisa ao condutor se é fácil, difícil ou impossível estacionar. O freio de mão é elétrico.

















O crossover francês apresenta algumas inovações quanto à funcionalidade. O console central totalmente envolvente torna a ergonomia praticamente perfeita. A ausência da alavanca de freio de mão se justifica pelo sistema elétrico, que segura o carro assim que ele é desligado ou quando o botão é apertado. Para desligá-lo, basta acelerar. Ao dar a partida, um visor de policarbonato surge no alto do painel e informa sobre a velocidade média ou selecionada no piloto automático, tornando a dirigibilidade mais segura. Há nichos nas portas e no assoalho do banco traseiro, além do portaluvas de boa capacidade e do bom porta-objetos entre os bancos dianteiros – que conta também com saídas de ar condicionado para o banco traseiro. Mas a maior surpresa está no portamalas, que tem assoalho ajustável em 3 níveis, uma lanterna embutida e recarregável e tampa dividida, que pode abrir só para cima, no caso de volumes menores ou mais leves, ou em 2 partes, com a seção inferior formando uma rampa. O banco traseiro pode ser rebatido em 1/3, 2/3 ou totalmente.

Desempenho e consumo














Aqui não há modelos com motores flexíveis e cada modelo apresenta soluções tecnológicas diferentes para obter potência e torque. O menos potente é o C4 Picasso, cujo motor 2.0 16v com bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio gera 143 cv a 6.000 rpm e 20,4 kgfm a 4.000 rpm. Mas mesmo com menor potência e câmbio automático de 4 marchas ela vai bem, acelerando de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos e retomando velocidade de 80 a 120 km/h em 9,2 segundos, com o câmbio em drive. Sua média de consumo, entre cidade e estrada, é de 8,4 km/l de gasolina.
















O seguinte no ranking de potência é o 3008, cujo motor evidencia a tendência de downsizing atual. São 156 cv de potência a 6.000 rpm e bons 24,5 kgfm a 1.400 rpm (!), gerados por um motor 1.6 16v turbinado com bloco e cabeçote em alumínio, além de duplo comando de válvulas com abertura variável e câmbio automático de 6 marchas com possibilidade de trocas manuais. No trânsito da cidade ele acelera muito bem, parecendo ter um motor de cilindrada superior. A marca garante a aceleração de 0 a 100 em 9,5 segundos, sem divulgar dados de retomada de velocidade. Mas o bom torque, disponível em ampla faixa de giros, torna essa informação bem consistente e faz prever retomadas seguras. Também não há dados de consumo, mas espera-se que o motor pequeno garanta um consumo menor que o usualmente visto em carros deste porte.
















O ix35 oferece mais potência para o consumidor, mas menos torque. O motor 2.0 16v com duplo comando e abertura variável de válvulas gera 166 cv a 6.200 rpm e 20,1 kgfm a 4.600 rpm. Na versão mais em conta o câmbio é mecânico e o desempenho é bom. Mas com o câmbio automático de 6 marchas é preciso pisar fundo para tirá-lo da imobilidade. Sua aceleração, ainda que satisfatória e dentro da média do segmento, é a pior deste comparativo: 0 a 100 km/h em 12,9 segundos. Já a retomada de 80 a 120 km/h se igualou à da Citroën, em 9,2 segundos. Seu consumo médio fica em torno de 8 km/l.












O motor da Jetta Variant é um 2.5 20v, com 5 cilindros e comando duplo de válvulas no cabeçote, que gera 170 cv a 5.700 rpm e os mesmos 24,5 kgfm de torque do Peugeot, mas a 4.250 rpm. A aceleração aferida da perua é a menor deste comparativo: ela alcança os 100 km/h a partir da imobilidade em 10,7 segundos. Mas na retomada de 80 a 120 km/h ela perde do SUV e da minivan, cumprindo a prova em 11,2 segundos. Mesmo assim, o câmbio Tiptronic seqüencial de 6 marchas cuida de realizar as trocas no tempo exato e de forma absolutamente suave, passando uma sensação de agilidade superior – que é reforçada pelo menor tamanho da perua. E no consumo ela surpreende: mesmo com toda essa cavalaria, a perua da VW consegue a boa média de 9,1 km/l, alternando cidade e estrada.

Segurança

Todos neste comparativo são carros seguros, mas cada um tem suas peculiaridades. Freios a disco nas quatro rodas com ABS todos têm, mas a perua e a minivan oferecem mais recursos adicionais: controle de tração, controle de estabilidade, distribuição de frenagem e assistência em frenagens de emergência. O crossover não tem controle de tração, mas em frenagens de emergência as luzes traseiras de led se acendem de forma intermitente e ele traz um sistema que limita a rolagem da carroceria. Já o SUV não traz, na versão mais em conta (com câmbio mecânico), controle de estabilidade ou de tração, mas todas as versões têm o Hill-Start, que facilita a saída do carro em subidas. Opcionalmente ele pode vir equipado com o que a marca coreana chama de DBC, ou assistência em descidas íngremes. Todos têm sistema antirecuo em acelerações.















A Jetta e o 3008 têm 6 airbags: frontais com duplo estágio, laterais nos bancos e de cortina – esses envolvendo as janelas dianteiras e traseiras, o que faz a Peugeot afirmar serem 8. A C4 Picasso adiciona um airbag para os joelhos do motorista, totalizando 7. Já o ix35 só traz 2 airbags até a versão top, onde só então são adicionados outros 4. Quanto à estabilidade, a ótima suspensão da perua da VW (McPherson na dianteira e multibraço na traseira) aumenta ainda mais a sensação de segurança e confere à perua uma estabilidade exemplar. O SUV da Hyundai tem estabilidade próxima à de um sedã, auxiliado pelos pneus largos e pela suspensão firme. Em seguida vem o crossover da Peugeot, cujo sistema de controle de rolagem da carroceria o faz permanecer firme mesmo em curvas mais fechadas. E a minivan da Citroën, apesar de ter uma suspensão firme o suficiente para não provocar insegurança, é mais voltada para o conforto e aderna mais que os outros em curvas.



















Todos contam ainda com o sistema Isofix de fixação de cadeirinhas de bebê no banco traseiro. C4 Picasso, ix35 e Jetta têm volantes multifuncionais, com comandos de som e do piloto automático no volante, que ajudam a manter a atenção na estrada. O 3008 não tem volante multifuncional, mas os controles do som estão na coluna de direção e ele traz o já citado head-up display, que ajuda o motorista a não desviar seu foco da via.

Custo x benefício

É difícil falar sobre custo x benefício quando se trata de carros completos desde a versão de entrada. Mas famílias costumam olhar mais do que itens de comodidade e conforto, e por este ponto de vista, alguns oferecem realmente mais que outros.
















A Jetta Variant tem tudo de que o motorista pode gostar: desempenho, segurança, estabilidade e itens de conforto. De série, além de tudo o que já foi citado, ela traz mimos como revestimento em couro, ar digital, bancos com aquecimento (dianteiros) e CD player com MP3 e tela touch-screen. Mas ela cobra caro por isso: na concessionária Alta VW da Rua Vergueiro, em SP, são R$ 85.990,00 pelo modelo “de entrada”. Adicione conexão para iPod no portaluvas, troca de marchas no volante, faróis bi-xenon, sensores crepuscular e de chuva, Park-Assist e teto solar panorâmico, e o preço irá ultrapassar os R$ 100 mil reais.














O ix35 também é caro. Seu preço inicial na concessionária Hyundai CAOA da Av. Ricardo Jafet, SP, é de R$ 88.000,00, com câmbio mecânico, ar analógico e CD player para 6 discos com MP3 e entradas USB e para iPod. O câmbio automático e o computador de bordo adicionam R$ 5.000,00 à conta. Com o sistema keyless, o ar condicionado digital dualzone, o piloto automático, os bancos em couro com ajuste elétrico para o motorista e o sensor de estacionamento, o preço sobe para R$ 105.000,00. A tração 4x4 vem a seguir, elevando o valor do carro para R$ 110.000,00. E o mais estranho é que a versão de topo não tem tração integral, mas traz teto solar panorâmico, 6 airbags, câmera de ré e controle de estabilidade por estratosféricos R$ 115.000,00.
















O C4 Picasso vem sempre completo e só há um opcional: ar condicionado quadrizone. Não há revestimento de couro nem como opcional porque, segundo a marca, isso prejudicaria o funcionamento dos airbags laterais. Normalmente, ele traz ar dualzone com perfumador de ambiente, computador de bordo, CD com MP3, volante com comandos centrais fixos, faróis com regulagem de altura e sensor crepuscular. O preço declarado do modelo na Saint Etienne, loja no Ipiranga, em SP, é de R$ 85.000,00. Mas segundo o vendedor, a negociação pode gerar um desconto de mais de R$ 7 mil reais, abaixando seu valor para até R$ 77.900,00.

















O 3008, como o modelo da Hyundai, aproveita o bom momento como novidade. Na concessionária Super France, na Av. Ricardo Jafet, o preço começa em R$ 79.900,00 e esta versão traz ar digital dualzone, CD player com MP3 e entrada USB, computador de bordo e sensores de estacionamento. Com revestimento em couro, teto panorâmico em vidro, sensores crepuscular e de chuva, bancos dianteiros com aquecimento e persianas no vidro traseiro, o preço sobe para R$ 90.000,00.

Qual é melhor?

















Há muito equilíbrio entre os modelos. Todos atendem perfeitamente às famílias, entregando tudo o que se espera deles, mas continuam fiéis aos seus perfis. O Hyundai ix35 deixaria o filho – ou quem gosta de design – bem feliz. Quem procura conforto (a filha) tem no Peugeot 3008 uma ótima opção. As mães se deleitariam com o Citroën C4 Picasso, que agrada a quem busca praticidade. Desempenho, por sua vez, é com a VW Jetta Variant, que certamente vai deixar os pais com um grande sorriso no rosto. E a vovó, ainda que não viajasse tão bem acomodada em todos, teria espaço para suas bugigangas em qualquer um deles.


Nota: No teste da edição 612 da revista Quatro Rodas (dezembro/2010), que foi para as bancas depois da postagem desta matéria, o Peugeot 3008 obteve os seguintes dados de desempenho e consumo: 0 a 100 km/h: 9,8 s; retomada de 80 a 120 km/h: 6,6 s; consumo na cidade: 10,9 km/l; consumo na estrada: 15,9 km/l.

5 comentários:

  1. 80 a 120 de jetta em 11,2 segundos? desculpe, mas um erro como esse nao deveria constar numa reportagem como essas

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    1. Sim, 11,2 segundos. Não há erro algum aqui. Estamos falando de um JETTA VARIANT 2.5 5 CILINDROS, com 170 cv, não de um Jetta sedã 2.0 8v ou um TSI 2.0 16v turbo. Confira por si mesmo os dados de desempenho aferidos pela revista Quatro Rodas:

      http://quatrorodas.abril.com.br/carros/testes/conteudo_277950.shtml

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  2. desempenho com economia, garante ao 3008 sucesso. o mod ix35 com linhas vicadas não terá sobrevida, logo enjoará, como tudo que está na moda, olha o irmão i10, que em uno de vida +- atualizou o modelito. as linas do c4 e do jetta perdurarão por muitos anos. opção pelo conjunto do 3008, que alem de tudo é lindo por fora

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    1. Já li muito sobre o 3008 e comparei-o com diversos, ele é fantástico.
      Esta sua opinião sobre o modelo dos diversos, fechou o conceito do 3008

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  3. Sem dúvida o 3008 é muito superior em tecnologia embarcada, apesar que o designer não é essas coisas.

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