sábado, 8 de novembro de 2014

AUDI A3 E-TRON MOSTRA QUE É POSSÍVEL SER ECOLÓGICO E DIVERTIDO



O preço proibitivo dos poucos híbridos à venda no Brasil faz com que sua participação no mercado não chegue a 0,1% das vendas totais. Mas a Audi quer aumentar esse percentual e já confirmou a vinda para o Brasil, ainda sem data definida, de seu primeiro híbrido de produção, o A3 Sportback E-Tron. A convite da marca, andamos no modelo que foi colocado à disposição da imprensa e do público para test-drives durante o Salão do Automóvel.


Lothar Werninghaus, engenheiro da Audi responsável pela apresentação do veículo, explicava detalhadamente o funcionamento do trem de força enquanto, entusiasmado, divulgava seus números de potência e torque: 204 cv e 35,7 kgfm, resultado conjunto do motor a combustão turbinado com 1,4 litro, 150 cv e 25,5 kgfm, e do elétrico, situado entre o volante do motor e o sistema de embreagem, que gera 102 cv e 33,6 kgfm. Com isso o A3 E-Tron se torna capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, resultado semelhante ao do A3 1.8 Sportback que avaliamos em agosto passado, ou ir de 0 a 60 km/h em 4,9 segundos somente em modo elétrico.


Orgulho da Audi e principal feature do A3 híbrido, no entanto, é sua capacidade de ir longe bebendo pouco. Alguns dados de consumo divulgados são um pouco sensacionalistas: os mais de 66 km/l (ou uma autonomia superior a 2.600 km) somente seriam possíveis com inviável velocidade constante de 50 km/h. Mais factível é a autonomia de 940 km - ou, ainda excelente, média de consumo aproximada de 23,5 km/l com os 40 litros de combustível do tanque e bateria com carga total.


Na cabine a marca preferiu incluir discretamente os sinais de modernidade do projeto em vez de torná-lo praticamente um videogame ambulante. Não se pode esquecer do acabamento, primoroso como em qualquer carro da marca. A impressão é de que precisa ser moderno e ecológico sem deixar de parecer Audi. Na saída, chave presencial no console, botão de partida acionado e... Nada, nenhum ruído. Aquela desconfiança típica de quem não está acostumado a dirigir híbridos ou elétricos: será que está realmente ligado? Avisos no painel e na tela do sistema multimídia de que o carro estava pronto para rodar me incentivaram. O câmbio S-Tronic, de dupla embreagem e 6 marchas, trabalha com trocas imperceptíveis e põe o E-Tron em movimento discretamente na saída do hotel Holiday Inn Parque Anhembi, de onde partiam os test-drives.


O E-Tron quer ser capaz de agradar tanto consumidores típicos de hatches quanto os preocupados somente com eco-sustentabilidade, ou qualquer um com ambos os perfis. Rodando no trajeto programado pela Audi nos arredores do Parque Anhembi foi possível perceber um acerto de suspensão, direção e câmbio bem próximos ao do A3 Sportback 1.8 TSFI. Por outro lado, pisando devagar pouco se ouve do que se passa no exterior, a não ser um leve ruído de rolagem de pneus. O motor? Um monge. Silencioso como em meditação profunda, o propulsor elétrico trabalha sozinho até os 130 km/h se o pé não for pesado - neste caso, a autonomia pode chegar a 50 km. Apenas quando provocado o A3 começa a recitar, e ainda discreto, seu mantra: o motor 1.4 acorda tanto para ajudar nas acelerações mais fortes e retomadas quanto para recarregar o elétrico.



A tela no alto do painel mostra o que acontece embaixo do capô. Rodando somente em modo elétrico é possível visualizar o consumo gradual da bateria, com o sistema de regeneração levando energia de volta a cada frenagem ou a cada momento em que se tira o pé do acelerador. Com o motor a combustão trabalhando, vê-se aumentar pouco a pouco a porcentagem de carga na bateria, até que seja possível utilizar somente o modo elétrico outra vez. Se preferir, o condutor pode parar o carro e recarregar o sistema elétrico na tomada - o A3 E-Tron é 'plug-in'.


O Audi A3 Sportback E-Tron agradou bastante, mas ainda não há previsão de chegada no Brasil. Também não há qualquer previsão de preço, mas na Europa ele é vendido por valores a partir de 38.900 euros, ou cerca de R$ 125.000,00 - sem contar os impostos que incidiriam sobre o preço por aqui. Permanecerá, pelo menos a princípio, como um carro de nicho até que o governo resolva trabalhar de verdade para incentivar a importação, o consumo e, mais adiante, a produção de veículos híbridos e elétricos no país. Já passou da hora.

Fotos: Maximiliano Moraes

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