Pode não fazer sentido pra muita gente falar sobre custo x benefício ao citar um modelo esportivo. Dane-se o dia-a-dia, o consumo de combustível, o conforto de rodagem, o espaço para passageiros: o que importa é o prazer ao dirigir, a diversão, o desempenho bruto. Mas não é todo mundo que pode ter um carro para os afazeres diários e outro para a diversão. Se a gente considerar o alto custo dos verdadeiros esportivos vendidos por aqui, fica ainda mais difícil colocar um na garagem; os poucos que conseguem acabam escolhendo um que os atenda tanto para ir ao trabalho e às compras quanto para enfrentar um track day.
É aí que o Audi A1 Ambition entra como boa opção. Dentre os esportivos compactos - cite-se VW Fusca, Fiat 500 Abarth, Citroën DS3 e Mini Cooper S - ele não é o mais barato (custa R$ 106.000,00 sem opcionais e R$ 124.000 com todos os equipamentos da unidade testada) nem o mais potente (o VW Fusca traz um motor 2.0 TSI de 211 cv), mas com certeza está entre os melhores no quesito fun to drive.
Não é pouca coisa. O motor 1.4 da versão comportada do A1 já cativa, mas a Audi quis ir além e acrescentou um compressor à receita turbo + injeção direta. O resultado? Dos 122 cv e 20,4 kgfm de torque o A1 Sportback Ambition passou a desenvolver 185 cv e 25,5 kgfm de torque entre 2 e 4,5 mil rpm. Junte a isso um peso comedido (1.215 kg, ou uma relação peso x potência de 6,56 kg/cv) e o excelente câmbio S-Tronic de 7 marchas com opção de trocas manuais por paddle-shifts, e o A1 Ambition se torna capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 7 segundos (dado de fábrica), retomando velocidade com o mesmo vigor e, se preciso for, freando com uma competência que beira a agressividade.
Mas o grosso da diversão não acontece em linha reta. Os sapatos do Audi A1 Sportback não são imensos, mas fazem um trabalho excelente para suas dimensões compactas: o conjunto traz rodas de liga leve com aro de 17 polegadas calçando pneus 215/40. Amortecedores com curso reduzido e calibragem bem rígida somados aos controles de tração e estabilidade permitem ao foguetinho fazer curvas como se elas não existissem, com ligeira tendência a sair de frente mas a traseira acompanhando o traçado. Surpreende, por outro lado, a facilidade de guiá-lo; a direção elétrica é direta e ganha peso na medida exata para qualquer situação, desde a subida de serra com os dedos trabalhando nervosamente nas borboletas atrás do volante até a manobra para estacionar na vaguinha apertada.
A posição de dirigir chega a irritar de tão perfeita. O Audi A1 é bem compacto, mas guarda espaço suficiente na frente até para quem tem dimensões mais avantajadas. Os bancos vestem o corpo como se fossem feitos sob medida e a amplitude de ajustes destes, bem como da coluna de direção, fazem com que estar ao volante seja uma daquelas experiências "8 ou 80": se resolver encarar a estradinha cheia de curvas com o motor cheio e a adrenalina pingando vou estar seguro e bem encaixado, mas se escolher ir devagar, braço direito repousado no bom apoio entre os bancos dianteiros, apreciando a paisagem, aproveitando o excelente sistema MMI de entretenimento, a temperatura amena proporcionada pelo ar condicionado automático ou um pouco de sol e vento com o teto solar aberto, preciso tomar cuidado para não cochilar ou levar uma enorme caneca de café a bordo.
É essa facilidade de condução que acaba fazendo do A1 uma boa opção para a cidade. Há que se conformar com o pula-pula em qualquer saliência do asfalto; a suspensão dura não perdoa. Mas, uma vez escolhendo rotas com asfalto menos acidentado, a gente se surpreende com a suavidade do carro. O ronquinho gostoso do motor nos faz lembrar constantemente que estamos num carro de sangue quente, mas se não for provocado ele apenas ronrona e nos recompensa com marchas trocadas imperceptivelmente e quase nenhum ruído adicional.
Se for guiado assim esse Audi consegue, inclusive, ser bastante econômico. Em percurso rodoviário o computador de bordo chegou a marcar 15,1 km/l de gasolina, excelente média para um carro com turbo, compressor e 185 cv. Na cidade não conseguimos mais do que 9,5 km/l tanto por causa do trânsito intenso quanto pela tendência do câmbio de reduzir a marcha a qualquer pisadinha, mesmo na posição D - efeito de sua esportividade nata. E se essa pisadinha for um pouco mais pesada o consumo pode ser reduzido a 5 km/l, registrado pelo mesmo computador de bordo que nos alegrou mais cedo.
Como é compacto, não é preciso se estressar nem no trânsito nem na hora de estacionar, também graças ao sensor de estacionamento traseiro. Mas também não adianta tentar ser solidário e levar muita gente pra aquele fim de semana na praia; o espaço no banco traseiro é para crianças ou anões, e que sejam só 2. Já o porta-malas ajuda se você for do tipo mochileiro. Se tua namorada for a patricinha que leva uma mala gigante com dezenas de opções de sapatos pra cada ocasião, melhor você pedir a minivan da sua mãe pro passeio.
E daí? Se não há tanta alegria no bolso e é preciso ser individualista para ter um A1 Ambition, vão sobrar sorrisos a qualquer acelerada, curva e guinada da direção. Esse Audi é uma diversão cara, mas compensa o investimento dando ao motorista a chance de curtir, a qualquer tempo e não só em circuito fechado ou no fim de semana, tudo o que ele oferece além do desempenho vibrante.
Maravilha de post ! Parabéns !
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