domingo, 17 de abril de 2016

TOYOTA HILUX SRX X CHEVROLET S10 HIGH COUNTRY


Por Maximiliano Moraes
Colaboraram: Natália Mariotto / Rodrigo Rego / Rodrigo Fernandes
Fotos: Maximiliano Moraes


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Chevrolet S10 liderou o segmento de picapes médias no Brasil por bom tempo. Porém, pouco após chegar ao mercado, em novembro do ano passado, a nova Toyota Hilux desbancou a S10 e, nos últimos meses, chegou a conquistar quase o triplo de vendas. Se foi pela mudança no interior, que passou a ter aparência muito mais próxima à de um carro de passeio, na dirigibilidade, com a suavização da suspensão traseira, ou simplesmente por ser novidade, é difícil dizer; fato é que a Chevrolet já se mexeu e muito em breve colocará no mercado a versão remodelada de sua picape média.



Enquanto isso não ocorre colocamos frente a frente as versões de topo dos dois modelos: High Country para a S10 e SRX para a Hilux. Bem parecidas são as tonalidades de vermelho nas unidades que avaliamos, 'Chili' para a Chevrolet e 'Volcano' para a Toyota. Mas além disso, de terem motores 2.8 a diesel e câmbio automático de 6 marchas, são bem poucas as semelhanças entre as duas. O desempenho, por exemplo, é bem diferente.




O motor turbodiesel da S10 High Country rende 200 cv de potência e massivos 51 kgfm de torque. O câmbio automático de 6 marchas apresenta trocas ascendentes bem suaves, sendo um pouco mais brusco em reduções - sem que isso incomode. São números suficientes para empurrar a Chevrolet com muito mais decisão do que a Hilux, ainda que às custas de um nível de ruído mais alto. A Toyota mostra muito mais força nesta safra, com 177 cv e 45,9 kgfm, mas a diferença se faz sentir nas acelerações e retomadas. O câmbio também é automático de 6 marchas e também é suave, mas ligeiramente mais lento nas trocas e reduções.




A lógica define também os resultados de consumo de ambas. Mais potência + mais peso = mais combustível. A S10 pesa 2.106 kg, enquanto a Toyota tem 1.960, uma diferença considerável. Aferimos o consumo tanque-a-tanque e o comparamos com o que os computadores de bordo registraram ao final do teste, com pouca diferença: na S10, média geral de 8,2 km/l de diesel, com o computador marcando 8,4 km/l; na Hilux, média geral de 9,4 km/l, com o computador marcando 9,8 km/l.



A tração, por outro lado, é melhor aproveitada na Hilux que na Chevrolet. A ladeira de terra que costumamos usar para alguns testes perto da redação do blog foi um pouco danificada depois das últimas chuvas e agora apresenta 2 erosões bem dignas para avaliar cursos de suspensão. Foram ignoradas pela Toyota mesmo assim, com a reduzida e o sistema de bloqueio do diferencial acionados. A Chevrolet, que não conta com o bloqueio, entrou nas erosões e patinou de um lado, de outro, viu as luzes do controle de estabilidade piscarem desesperadamente e delas não saiu. Foi preciso voltar de ré.


O paradoxo é que tanto na aparência quanto nas sensações a S10 é muito mais picape que a nova Hilux. Grade cromada e rodas de liga leve diamantadas ambas têm, mas na Chevrolet a grade é mais imponente e a soma de carenagem na caçamba com rack de teto sugerem mais robustez. Na Toyota, que tem linhas gerais mais lisas, o tamanho da grade é disfarçado pelas linhas que se fundem aos faróis, modernizando e suavizando a parte dianteira.


Quem guia a S10 também se sente mais num "caminhãozinho". Especialmente em primeira e segunda marchas o torque do motor se faz sentir mais na cabine, com mais vibração e nível de ruído maior que na Hilux. A direção com assistência hidráulica tem peso semelhante, típico de picapes, em ambas, mas a suspensão da High Country "samba" um pouco mais em imperfeições - sem, contudo, transmitir insegurança. Em curvas fechadas, especialmente as feitas em velocidade mais alta, as babás eletrônicas ajudam a manter a picape no prumo, mas é possível sentir a traseira mais leve.


A Toyota conseguiu maior neutralidade na dirigibilidade da Hilux SRX. Em curvas quase não se sente transferência de peso e, assim como na S10, a eletrônica contribui bastante para isso. A contrapartida é que os pneus, que são exatamente os mesmos em ambas, gritam bem mais cedo na Hilux. Mas é na cabine que se sente a maior evolução da picape: aparência, acabamento, nível de ruído, suspensão, em tudo o foco foi torná-la mais "carro".


O painel é um capítulo à parte. Da iluminação à tela de TFT entre os instrumentos principais, dos encaixes e materiais à central multimídia - que pode ter recebido muitas críticas por parecer destacada do painel, mas nos agradou -, tudo é bem mais refinado e moderno agora. Os bancos permanecem largos e confortáveis, e ainda que o acesso ao banco de trás seja um pouco pior que na S10 não há aperto ou desconforto para nenhum dos ocupantes. Mas nisto a picape da Chevrolet também não perde.


O revestimento interno da S10 é o melhor de toda a linha nesta versão, como não poderia deixar de ser. Couro em dois tons, marrom e preto, forram bancos e parte das portas. Mas a parte para onde mais se olha na cabine, o painel, continua "plasticão" demais. Isso é desvantagem muito menos pelo material, que também compõe em grande parte o painel da Hilux, e bem mais pelas soluções de design. Um detalhezinho bobo, como a reprodução de costuras em couro no plástico do painel e das portas, faz a Toyota parecer realmente mais luxuosa. Outros dois problemas são as dimensões dos instrumentos e da tela do MyLink, pequenas demais para o tamanho do painel e da cabine em si, e o gigantesco aplique em black piano no centro do painel, que se já foi solução para agregar valor, hoje enjoou um pouco.


O nível de equipamentos é muito bom em ambas, mas, outra vez, a Toyota leva alguma vantagem. É lugar-comum falar sobre os itens óbvios para um veículo deste porte e faixa de preço, por isso vamos focar no que uma tem e a outra não. Só a Hilux tem ajuste de altura e profundidade para a coluna de direção, faróis de xenônio com acendimento automático, central multimídia com TV digital, 7 airbags, bloqueio do diferencial e controle de estabilidade e tração. A S10 tem ajuste somente de altura, os faróis são elipsoidais com ajuste de altura, a central multimídia é menos completa, só há 2 airbags, só há controle de estabilidade e não existe bloqueio do diferencial.


Se a lista não é tão completa a Chevrolet S10 responde no preço. O site informa o valor de R$ 167.490,00 pela versão High Country, mais de R$ 20 mil menos do que a Toyota pede pela Hilux SRX: R$ 188.120,00. Se você acha um valor justo pelos itens a mais e procura uma picape mais refinada, moderna e com feeling de carro de passeio, ela é pra você. Claro, você pode esperar a chegada da nova S10, que ocorrerá muito em breve, e comparar novamente: ela promete ser tão refinada quanto a Hilux. Mas se você é purista, gosta da sensação mais bruta de uma picape de verdade e não faz questão de tanta tecnologia, economize os R$ 20 mil e leve a High Country para casa. Ainda dá tempo.



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