PRÓXIMOS DESTINOS, Alberto Martins
Maven, programa de compartilhamento de automóveis em teste pela GM, permite o uso do automóvel com reserva via app e pagamento por hora ou por dia, com combustível e seguro inclusos |
Apresentado há cerca de um mês, o Maven é um programa de compartilhamento de automóveis desenvolvido pela montadora americana, agora em testes no Brasil. Com a proposta de complementar as soluções de mobilidade, oferece a possibilidade de uso do automóvel com pagamento por hora ou por dia, via app, com combustível e seguro inclusos.
Ainda em modo piloto e restrito a funcionários cadastrados do Complexo Industrial da marca em São Caetano do Sul, o sistema promete aos usuários acesso aos veículos através da plataforma no celular. Agrega-se a ele ainda o acesso ao OnStar, sistema de telemática lançado no ano passado que, apesar de confundido em geral com um mero "GPS humanizado", funciona como um secretário no ciberespaço que interage com o motorista via central eletrônica do veículo.
Por que isso?
Novos arranjos econômicos e sociais têm balançado os mercados, e isso não é diferente com automóveis. O alto custo de materiais e energia, além da conscientização ambiental, leva-nos a pensar em novos modos de consumo, onde o resumo mais simples pode ser entendido como: consumir itens de melhor qualidade e gastar menos. Com menos dinheiro para comprar mais produtos de melhor qualidade, opta-se então por pagar apenas para usar o necessário, dispensando transtornos como ter que guardar, dar manutenção, ou pagar taxas e impostos anuais. Partimos, portanto, da sociedade de consumo para a sociedade de compartilhamento, onde se usufrui (e se paga) apenas pelo tempo necessário e o custo é diluído entre todos que participam da plataforma.
Com o automóvel não seria diferente: caro para adquirir e manter, grande para guardar e difícil de usar nos grandes centros, transita de solução a problema em instantes. Mas é inegável que em alguns momentos ele assume a melhor possibilidade em mobilidade ao permitir flexibilidade de trajeto, customização de uso e privacidade.
Atenta a este movimento, a Chevrolet é ambiciosa ao sinalizar que trata-se do teste para um serviço: "GM está na vanguarda de redefinir o futuro da mobilidade pessoal com o lançamento do nosso piloto de serviço de compartilhamento de carros, com a inovação e a liderança em conectividade veicular através de OnStar. Estamos numa posição única para fornecer o alto nível de serviços personalizados de mobilidade urbana que os nossos clientes esperam hoje e desejam no futuro", disse Santiago Chamorro, presidente da GM do Brasil.
Solução Urgente
Vilão do século, o automóvel teve sua extinção aclamada diversas vezes. Hostilizado em ações como o rodízio veicular, as restrições de emissões e a redução das áreas de estacionamento, precisa ser visto não mais como uma extensão do corpo de quem o porta, mas como uma parte da solução multimodal de transportes. Combinado com transportes não poluentes e com transporte público, mas com jeitão de transporte privado, o car-sharing não elimina o automóvel, mas tira dele o formato desajeitado de armadura fixa, e o conduz a uma útil e transitória ferramenta.
Este novo formato de uso pede da fabricante atenção para a sobrevivência e este é o esforço em implantar o serviço. Menos consumidores comprando carros significam um futuro próximo com menos receita, e por isso a experimentação de um novo modelo de negócios é urgente. Uber e ZazCar já trazem serviços próximos, especialmente o segundo.
Diferentes plataformas de integração modal de transportes já são experimentadas pela própria GM em outras partes do mundo, através de programas como Flinc, CarUnity, Let’s Drive NYC, Zagster e o Lyft, o que demonstra o esforço da empresa em encontrar o movimento correto para os tempos que chegam. Afinal, depois de passar pela Crise de 1929, pela Crise do Petróleo, pela invasão dos orientais em seus mercados-chefe e especialmente pela Crise de 2008, a GM sabe como observar novos movimentos e se adequar para sobreviver.
PRÓXIMOS DESTINOS é uma coluna quinzenal. Propõe um olhar à frente, junto à nova economia, à hiperconectividade e aos novos arranjos sociais.
Alberto Martins é técnico em Mecânica, Designer de Produtos, MBA em Gestão de Projetos, entusiasta de história, sociedade e antigomobilismo, e apaixonado por novas tecnologias e novas possibilidades do dia a dia.
Alberto Martins é técnico em Mecânica, Designer de Produtos, MBA em Gestão de Projetos, entusiasta de história, sociedade e antigomobilismo, e apaixonado por novas tecnologias e novas possibilidades do dia a dia.
Excelente matéria!
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