quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

NISSAN MARCH SL CVT - AVALIAÇÃO



Lá fora ele já mudou. Ficou maior, mais moderno, mais bem acabado e com design muito mais bonito e elegante. Aqui no Brasil, porém, a Nissan não esboça qualquer intenção de lançá-lo ainda este ano. Enquanto não recebemos o modelo totalmente novo temos que nos contentar com a geração atual, que ganhou ano passado transmissão CVT e, não faz muito tempo, um face-lift que incluiu algumas alterações mecânicas, como a suspensão revista. Sim, o Nissan March SL CVT ainda tem suas qualidades.


Talvez a principal delas seja o ótimo desempenho. A receita inclui 3 fatores: baixo peso (exatamente 999 kg), o desenvolto motor 1.6 16v flex de 111 cv e 15,1 kgfm de torque e o excelente acerto que a Nissan conseguiu para o CVT no March. Ainda que seja um pouco frustrante não haver qualquer opção de trocas manuais, as arrancadas e retomadas vigorosas anulam um pouco a sensação de letargia que a transmissão costuma deixar. 


O melhor é que essa saúde não vem às custas de um consumo desvairado. Por não dispormos de equipamentos aferidos para realizar as medições de consumo trouxemos o carro de São Paulo até Campinas e completamos o tanque no mesmo posto onde costumamos abastecer todos os carros de frota. A partir disso, simulamos 3 situações para aferir o consumo do March: circuito urbano econômico, circuito urbano sem preocupação com economia e estrada.

Na primeira delas, dirigindo da maneira mais econômica possível, o consumo apontado pelo computador de bordo ficou em 10,2 km/l de etanol. Na segunda, acelerando normalmente e sem se preocupar com o consumo, 8,8 km/l. Mas o melhor mesmo veio na estrada, com o computador marcando quase 16 (!) km/l. A gente pode atribuir essa frugalidade novamente ao câmbio. Para se ter uma ideia, na estrada, a 120 km/h, o March roda sussurrando a 2 mil rpm. Mas nem tudo é alegria: o tanque de combustível de 41 litros é pequeno demais até para um compacto. A maioria dos concorrentes leva 50 litros ou mais, o que aumenta consideravelmente a autonomia.

Motor 1.6 16v flex gera 111 cv de potência e 15,1 kgfm de torque

O March é um carro muito gostoso de dirigir. Uma das alterações que a Nissan introduziu a partir do face-lift foi o uso dos amortecedores do Versa, que proporcionam melhor compromisso entre estabilidade e conforto. A dirigibilidade progrediu como um todo: há melhores respostas da direção - que, inclusive, tem ótima progressividade - e comportamento quase neutro em curvas, com pouca rolagem da carroceria e o compacto obedecendo ao motorista quase como um esportivo. O "quase" é porque a transmissão CVT brocha tudo nas saídas de curvas.

Outra vantagem está na boa quantidade de itens de série da versão SL. A central multimídia mais completa do segmento é o destaque, com tantas funções que é preciso gastar tempo para conferir tudo - de preferência e obviamente, com o carro parado. Conectividade Bluetooth, streaming de áudio, compatibilidade com redes sociais, GPS com mapas e um sistema de áudio decente e com boa qualidade sonora fazem parte do pacotão. Ar condicionado digital, direção com assistência elétrica, rodas de liga leve com aro de 16 polegadas, volante multifuncional e câmera de ré também estão disponíveis, além de todas as conveniências típicas de um carro topo-de-linha.


Completinho sim, mas deixa a desejar nas minúcias. Tem comandos elétricos para os vidros nas 4 portas, mas só o do motorista tem one-touch. Tem volante multifuncional, mas o computador de bordo tem funções selecionadas pelo velho botão de plástico no painel. Tem banco do motorista com tecnologia Comfort Seat e ajuste de altura, mas o revestimento é em tecido comum e o banco traseiro não tem cinto de 3 pontos ou encosto de cabeça para o passageiro do meio, além de não trazer Isofix. Fora isso o acabamento é bem espartano, com plástico brilhante em grande parte do painel e alguns insertos de black piano para tentar (sem sucesso) trazer algum requinte para a cabine.

Esse, na verdade, é o calcanhar-de-aquiles do March: a falta de refinamento. Esta geração do March, por melhor que seja em termos de dirigibilidade e desempenho, já deixa muito a desejar em relação a uma concorrência mais moderna, refinada e tecnológica. A Nissan pede R$ 59.990,00 pela versão SL CVT como a que testamos; com menos de R$ 1.000 a mais você pode levar um Chevrolet Onix LTZ automático - maior, mais silencioso, mais completo e mais bem acabado. Tenha R$ 5 mil a mais e você leva um Toyota Etios Platinum, que tem nível de equipamentos semelhante mas é referência em dirigibilidade, além de ser mais econômico e contar com a excelente rede de assistência da marca. Se não fizer questão de um câmbio automático, você pode economizar R$ 6.100 e levar um Ford Ka SEL 1.5, que além de contar com uma cabine mais espaçosa e ótimo nível de equipamentos traz controles de estabilidade e tração de série.


COMPENSA?

Esta versão, não. Quem gosta do March e faz questão de não trocar marchas no trânsito pode dispensar alguns itens, como a central multimídia, as rodas 16 e o ar digital, e ficar com a versão 1.6 SV, que custa R$ 4.200 a menos e é uma das versões com melhor custo x benefício do mercado. Para gastar ainda menos o comprador teria que migrar para a Toyota e levar a versão 1.3 X automática, que tem desempenho inferior e bem menos itens de série.

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