quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

DIREÇÃO, COMPORTAMENTO E PERSONALIDADE












Se você já tentou mudar seu temperamento, especialmente no trânsito, já deve ter fracassado em sua missão. Mas não se deprima. Isso acontece porque, de acordo com estudiosos do comportamento humano, viemos ao mundo com uma de quatro diferentes naturezas inatas, introvertida ou extrovertida, e não temos como mudá-las, apenas aperfeiçoá-las.

A ideia não é nova. Falaram a respeito Aristóteles, Galeno, Paracelso, Carl Jung, Isabel Myers, Katharine Brigss e, mais recentemente, o psicólogo californiano David Keirsey. Compreender as forças, habilidades e dificuldades do próprio temperamento é a chave, afirmam os estudiosos, para se autorrealizar e ser mais tolerante com os demais.

Segundo Renée Baron, autora de Os Quatro Temperamentos – Um guia prático para compreender a si mesmo e as pessoas em sua vida (Verus Editora), “quando vemos o comportamento dos outros apenas como diferente do nosso – e não como ‘mau’, ‘errado’ ou ‘problemático’ –, aprendemos a ver as diferenças como apenas isso: diferenças, sem julgamento”.

Guardião, artesão, racional ou idealista. Qual desses temperamentos combina com você? Para ajudá-lo a descobrir, reproduzimos seis das 20 questões sugeridas por Renée Baron, e consultamos o psicólogo e filósofo pela Universidade de São Paulo, Ascânio Jatobá, psicoterapeuta junguiano e professor do Grupo de Estudos dos Sonhos C. G. Jung.

Faça o teste (se possível, completo) e descubra os pontos fracos e fortes de seu temperamento.

TESTE

Responda as questões com o que você realmente é, e não como gostaria de ser. Depois, some seus pontos e confira o resultado:

0 – não sou assim
1 – sou um pouco assim
2 – sou exatamente assim

Seção 1

1. Eu me dou muito bem num ambiente ordeiro e organizado, com regras e orientações claramente definidas.
2. Respeito e honro as tradições, os costumes e as leis da sociedade.
3. Valorizo a responsabilidade, o escrúpulo e o trabalho duro.
4. Gosto de economizar e estou disposto a fazer sacrifícios financeiros no presente pensando na segurança futura.
5. Tenho tendência a ser controlador, inflexível e conservador.
6. Gosto de passar informações concretas, tangíveis e observáveis.

Seção 2

1. Costumo ser otimista, generoso e gostar de diversão e aventura.
2. Sou espontâneo e confio em meus impulsos para me guiar na direção certa.
3. Valorizo a liberdade, a autonomia e não gosto de me sentir limitado, confinado ou controlado.
4. Estabelecer metas abstratas e para longo prazo não é prioridade para mim.
5. Às vezes sou hiperativo e inquieto. Detesto ficar entediado.
6. Gosto de viver no presente, aqui e agora.

Seção 3

1. Sou capaz de desenvolver, desenhar e construir modelos, teorias e sistemas.
2. As pessoas provavelmente me descreveriam como analítico, perspicaz, intelectual ou habilidoso.
3. Valorizo a inteligência em mim e nos outros, e me sinto impelido a aperfeiçoar constantemente minha base de conhecimentos.
4. Às vezes passo por “sabe-tudo”.
5. Não gosto de hierarquia e estrutura burocrática.
6. Não evito criticar ou corrigir pessoas.

Seção 4

1. Valorizo a afetuosidade, a positividade, a empatia e compaixão.
2. Gosto de trabalhos que me permitam usar a criatividade e a individualidade. Não me contento em apenas ganhar meu sustento.
3. Às vezes sou hipersensível e levo tudo para o lado pessoal.
4. Eu me satisfaço com o entendimento geral de um assunto, sem precisar dominar todos os fatos ou detalhes.
5. Quando o desafio inicial ou a novidade acabam, fico entediado com um projeto.
6. Trabalhar com pessoas que não me encorajam nem me valorizam ou incentivam pode ser muito difícil. Se trabalho com outras pessoas, é importante me sentir encorajado e valorizado.

Some seus pontos em cada seção. A contagem mais alta indica as tendências mais fortes de temperamento:

Seção 1: Quem busca segurança (GUARDIÃO)
Seção 2: Quem busca experiência (ARTESÃO)
Seção 3: Quem busca conhecimento (RACIONAL)
Seção 4: Quem busca ideais (IDEALISTA)

GUARDIÃO – 40% da população mundial

Buscam segurança. São motivados pela necessidade de serem familiares, amigos e empregados responsáveis, serem úteis e cumprirem deveres, Preservarem a ordem social. Gostam de trabalhar em organizações bem estabelecidas. Valorizam a minúcia e a precisão. Não se sentem reconhecidos por tudo que fazem. Têm dificuldade de ser criticados. Ficam irritados com ineficiência, desperdícios, impulsividade, falta de disciplina, apatia e ócio. Nunca comprariam um carro sem comparar preços.

“Ao guiarem, são hábeis e atentos a todos os sinais no seu entorno. Provavelmente, são os que não foram multados ainda, mesmo dirigindo há décadas. Irritam-se com os “espertos”, que querem levar vantagem em tudo no trânsito, e sonham com o dia em que os motoristas brasileiros serão disciplinados e ordeiros como os japoneses. Para estas pessoas, o sistema de trânsito ideal seria aquele onde os próprios motoristas identificassem a chapa do transgressor, e a punição fosse imediata: depois de meia dúzia de infrações apontadas por motoristas diferentes e por câmeras, o veículo infrator seria retirado para os subterrâneos da cidade e o motorista passaria por um processo longo de reeducação”, diz Jatobá (Ascânio).

ARTESÃO – 40% da população mundial

Buscam experiência. São motivados pela necessidade de agirem espontaneamente, de acordo com seus impulsos, não apenas na hora de se divertir, mas também para resolver problemas. São generosos e gostam de doar por prazer, ou para deixar os outros felizes. Gostam de fazer as coisas de um modo não convencional. Mudam de tarefa com frequência e gostam de atividades divertidas e desafiadoras. Preferem ambiente informal. Não gostam de pessoas sérias ou tensas demais, pessimistas, de muita conversa e pouca ação, dependentes de que alguém lhes diga o que fazer.

Segundo o psicoterapeuta, “ao guiarem são capazes de não baterem o carro durante muitos anos; não por mérito próprio, mas porque ou nasceram com um anjo da guarda poderoso ou porque seu piloto automático inconsciente compensa sua distração a quase todos os sinais e estímulos do ambiente. Por isso, são os campeões de multas. Normalmente se confundem com direita e esquerda, frente e atrás e, em relação a tempo, estão sempre atrasadas. Uma pessoa com estas características, bem espontânea e irracional, certa vez, na condição de co-piloto, em sua cidade natal, foi questionada pelo motorista, que dependia de sua orientação, se ele deveria seguir à direita ou à esquerda. Sua resposta foi: ‘segue o fluxo’. Em outra situação, agora como motorista, pediu para o marido olhar o interessante fato que ocorria logo à frente. O marido se esforçou, mas não viu nada. Para ela, logo à frente era o espelho retrovisor. Dez minutos depois de tentar convencê-la que o espelho retrovisor reflete o que ficou para trás, o marido desistiu desta difícil tarefa. É o tipo de pessoa que vive negociando com parentes e amigos para que assumam algumas de suas infrações de trânsito a fim de não ter sua carteira suspensa”.

RACIONAL – 10% da população mundial

Buscam conhecimento. São motivadas pela necessidade de competência e informação. Tentam compreender os aspectos do mundo pelos quais são atraídas e examinar as verdades e os princípios universais. São sensíveis à rejeição, mas escondem a vulnerabilidade. Gostam de desafios intelectuais. Não querem ser controlados por emoções, impulsos ou desejos. Não gostam de cometer erros tolos, de pessoas controladoras, pegajosas e resistentes à mudança. São inteligentes, engenhosos, concentrados e alertas.

“Ao guiarem, são pessoas que conhecem em detalhes o funcionamento do carro, mesmo que não saibam consertá-lo, mas sempre terão uma opinião sobre o defeito do carro na hora de levá-lo ao mecânico. Já leram o manual de seus automóveis e, quando conversam enquanto dirigem, conseguem convencer seus interlocutores que conhecem quase tudo a respeito de quase tudo. São verdadeiras bibliotecas ambulantes, sempre com informações verdadeiras sobre os fatos. Se estiverem dirigindo na rodovia Imigrantes, em São Paulo, são capazes de lhe fornecer mais de 10 informações sobre a construção da estrada que você nunca ouviu”, diz Jatobá.

IDEALISTA – 10% da população mundial

Buscam ideais. São motivados pela necessidade de descobrir e expressar seu autêntico eu, livre de fachadas e fingimentos. Procuram o significado pessoal e o sentido da vida. Sabem as motivações mais profundas dos outros. São sensíveis aos humores e sentimentos dos outros. Estão determinados a deixarem suas marcas. Idealistas e independentes demais. Têm expectativas altas sobre si mesmos e sentem culpa quando não correspondem aos próprios padrões. Não gostam de relacionamentos superficiais, falsidade, conversa inútil, excesso de rotina e de regras.

“Ao guiarem”, esclarece Jatobá, “são estimuladas permanentemente por seus corações, que respondem com julgamentos de valor a tudo que atinge seus sentidos. A fumaça excessiva no escapamento de um caminhão pode levar essas pessoas a ter um sentimento profundo a respeito da destruição iminente do planeta. Por outro lado, ao transitar por Cubatão, em São Paulo, onde, há alguns anos, as crianças nasciam sem cérebro por causa da poluição, estas pessoas podem observar a fumaça branca, de vapor de água, que sai das chaminés das indústrias petroquímicas, e ter o sentimento reconfortante de esperança a respeito do destino promissor da humanidade, que passará a usar o hidrogênio no lugar dos hidrocarbonetos, preservando a vida no planeta”.

FONTES:
Ascânio JatobáGrupo de Estudo dos Sonhos (C. G. Jung).
Renée Baron, Os Quatro Temperamentos - Um guia prático para compreender a si mesmo e às pessoas em sua vida. Verus Editora.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

NOVO FORD FOCUS - MELHOR COMPRA DE 2009

















Com apenas 4 meses de vida, o Racionauto acaba de finalizar sua primeira votação para a escolha do carro que é a Melhor Compra do Brasil, na opinião dos freqüentadores, seguidores e amigos do blog. Muitos votaram, analisando todas as características de cada carro e guardadas as devidas proporções de acordo com o segmento ao qual cada representante pertence. E a votação foi um grande sucesso! Mais uma vez, muito obrigado a todos!

Apurados os votos, hoje já temos o grande vencedor: o Novo Ford Focus.

Sob alguns aspectos, o melhor e o pior andam muito juntos, são bastante próximos entre si. Às vezes o que é bom para algumas pessoas é péssimo para outras, e para uns a qualidade de um produto é definida por critérios diferentes dos outros. Porém, desde que foi lançado, o Novo Ford Focus tem colecionado elogios tanto por parte da crítica especializada quanto dos admiradores de carros, bem como vitórias consecutivas em praticamente todos os comparativos do qual participa. Tudo isso faz do Focus não somente um carro com muito mais qualidades que defeitos, mas praticamente uma unanimidade entre os apreciadores.

Dentre suas qualidades estão o design atualizado (exatamente o mesmo do vendido na Europa), o excelente motor Duratec 2.0 16v com 145 cv (e ainda, infelizmente, sem versão flex) e a dirigibilidade irretocável, fruto das apuradas soluções técnicas da suspensão e do entendimento praticamente perfeito entre motor e câmbio. Soma-se a esta, a versão 1.6 Sigma, recém lançada e com preço muito mais atraente, a fim de aumentar sua competitividade frente à concorrência.

Na votação, não teve para ninguém. Com 27% dos votos, o Focus se distanciou bem do segundo e terceiro colocados – respectivamente, o Fiat Palio, com 18% dos votos, e o Chrysler 300C, com 7%.

Outros carros citados na votação foram:
- Toyota Corolla, Fiat Punto TJet e Volvo XC60, (6% dos votos cada);
- Kia Cerato e Renault Logan (5% cada);
- Ford Fusion (4%);
- Novo VW Fox e Chevrolet Captiva (3% cada);
- Nissan Livina e Citroën C4 Picasso (2% cada);
- Renault Clio Campus, Chevrolet Astra Hatch Advantage, Fiat Palio Adventure Locker, Hyundai Tucson, Mitsubishi L200 Triton e Kia Soul (1% dos votos cada).

Os Fiat Punto, Siena e Strada, além do Citroën C5 Tourer, não ganharam nenhum voto.

Em breve postaremos uma reportagem completa sobre o grande vencedor da Melhor Compra do Ano Racionauto. Parabéns ao Novo Ford Focus!

sábado, 9 de janeiro de 2010

PEUGEOT 207 X-LINE















O Peugeot 206 foi um dos carros que mais ganhou prêmios de design no mundo. Até hoje tem gente que se derrete de amores por suas linhas fluidas, que parecem não envelhecer – tanto que, na geração posterior (207), suas linhas originais receberam apenas upgrades, tornando o carro um pouco mais adequado ao mercado e atualizado frente à concorrência, mas ainda mantendo muito da essência e dos contornos que conquistaram tantos consumidores mundo afora.













Pena que, no Brasil, nunca recebemos o novo modelo de fato. O que chamam de 207 aqui não passa de um 206 com face-lift (vendido inclusive na Europa com o nome 206+, ou 206 Plus). O resultado estético acabou sendo o pior de toda a linha: enquanto os “207” SW e Passion disfarçam os volumes com suas traseiras diferenciadas, o hatch ficou bastante desproporcional, com faróis e entrada de ar que parecem pertencer a outro modelo. Bem, pertencem mesmo.

Mesmo assim, isso não anula algumas de suas qualidades. Tendo já testado o 207 Passion, encontrei a mesma boa acomodação para motorista e passageiro da frente, o mesmo bom acabamento da cabine e o mesmo conforto ao rodar, obviamente com o menor desempenho do motor 1.4. Mesmo assim, os 13 kgfm (com álcool) são mais que suficientes para a cidade, desde que a rotação seja mantida acima dos 2.000 rpm. Abaixo disso ele carece de fôlego – o que é estranho, por se tratar de um propulsor com 8 válvulas. Na estrada, o desempenho não é tão melhor que um 1.0 dos mais potentes; a pouca potência, de até 82 cv, é a culpada.















Outra coisa digna de apreciação é a sensação de se estar num carro de segmento superior. Muita gente, ao comprar seu carro, leva bastante em consideração a sensação de conforto que ele transmite, e isso a Peugeot faz bem. Os faróis contam com aviso sonoro de esquecimento de luzes acesas. Os plásticos do painel e das portas são agradáveis à vista e ao tato, os bancos têm bom tecido e os instrumentos com círculo cromado, somados ao mostrador digital no painel e ao acabamento em alumínio da alavanca de câmbio, remetem ao 307. Ambiente gostoso para estar e apreciar.

Mas, então, o comprador cai na real e percebe que nem só de beleza e sensações a vida é feita. Itens de comodidade são sempre bem-vindos: o ar condicionado nos dias de calor, a direção hidráulica na hora das manobras, as travas e vidros elétricos que agregam segurança e conforto... Pois é, o 207 X-Line não tem nada disso. “Mas só na versão básica, certo?” – você deve ter pensado. Não, em nenhuma. Aliás, ele só tem uma versão: básica e pelada, sem qualquer opcional. Quer ar, direção, vidros e travas? Pule para a XR, que já vem com tudo isso de série e algumas coisinhas a mais.















Se, por um lado, isso dá ao consumidor a oportunidade de ter um Peugeot gastando menos – o X-Line custa R$ 28.100,00 com 2 portas e R$ 29.900,00 com 4 –, por outro impede que o comprador inclua somente os equipamentos que considera indispensáveis. Algumas pessoas fazem questão somente de ar condicionado (nos estados mais quentes), enquanto outras preferem o carro somente com vidros e travas elétricas (nos estados mais frios). Direção hidráulica costuma ser preferência de mulheres, enquanto os homens gostam mais de itens estéticos. O 207 X-Line não lhe dá nenhuma opção; compre um e leve para casa somente as sensações.

Suponhamos, porém, que você queira partir para a versão XR, completinha. Ela custa, no site da Peugeot, R$ 36.790,00. Vai parecer um bom negócio até que seu amigo, que comprou um Fiesta 1.6 completo – e com mais espaço, mais desempenho e mais portamalas, por ridículos R$ 300,00 a mais – apareça na sua frente. Mas acho que você vai se sentir ainda pior se souber que sua vizinha comprou um C3 1.4, que também é maior e entrega a mesma (ou até mais) sensação de luxo e conforto, gastando só R$ 1.200,00 a mais e ainda ganhando passagens de ida e volta para Paris, o que praticamente anula a diferença.















Seria interessante a Peugeot rever o posicionamento do 207 X-Line no mercado. Hoje em dia pouquíssima gente leva um carro peladão para casa, mesmo os que preferem desempenho (coisa que o motor 1.4 não entrega tanto assim). Até o antigo 206 tinha esses opcionais. O X-Line chegou custando mais que a antiga versão, oferecendo menos. Não vale a pena.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FIAT SIENA EL
















Esta é a última reportagem de 2009. Por isso, achei que seria interessante incluir uma análise mais próxima à realidade da maioria. E por ter sido o Siena EL escolhido em vários sites e publicações especializadas como um dos carros com melhor custo x benefício de nosso mercado, nada mais próprio do que verificar se ele realmente é uma boa compra. Aliás, com o 13º salário na conta e as corriqueiras promoções de janeiro, muita gente vai correr para as concessionárias esperando trocar de carro e fazer um bom negócio.

De série, o Siena EL já vem com 2 itens bastante importantes: direção hidráulica e computador de bordo. Basicão ele não é. Fora isso, ele traz vários itens de conveniência que não aparecem nos modelos básicos da concorrência: espelhos de cortesia nos 2 retrovisores, porta-revistas nos bancos dianteiros, Follow-Me-Home (sistema que mantém os faróis acesos por algum tempo depois de desligado o motor), alerta de limite de velocidade e 3 encostos de cabeça traseiros – além, é claro, do design renovado. Só fica devendo os novos e belos faróis; ele usa os antigos faróis do novo Palio. Por R$ 30.570,00, não parece mau negócio.
 













Porém, várias pesquisas de mercado mostram que a maioria dos compradores de sedãs, mesmo pequenos, sempre pede o carro com ar condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas. Então, vamos considerar o modelo completo; neste caso os opcionais somam R$ 3.586,00 ao preço de entrada do Siena EL, elevando-o para R$ 34.156,00 e ainda acrescentando rodas com aro 14 e abertura interna de portamalas e tanque de combustível. Ainda é um bom preço, considerando que seus concorrentes são todos mais caros: o Prisma VHC E 1.0 Maxx com os mesmos opcionais (mais alarme, menos computador de bordo e todos os penduricalhos do Siena) sai por R$ 34.786,00, o Logan UP 1.0 16v (que adiciona CD player com MP3 e comandos no volante, alarme, rodas com aro 15 e alarme de faróis acesos, mas não tem computador de bordo) sai por R$ 35.080,00 e o Fiesta Sedan 1.0 (que não adiciona nada) sai por R$ 36.790,00. O preço do Voyage não pode ser conferido porque o configurador do site estava em manutenção.













No entanto, naquilo que o comprador mais espera de um sedã – espaço – o Siena só concorre com o Prisma – neste caso, POUCO espaço. O maior paradoxo é que seu portamalas só perde para o do Logan, mas seu entreeixos é o menor de todos – fato difícil de entender, já que sua irmã de projeto, a Palio Weekend, tem 9 cm a mais. Além disso, se a posição de dirigir e a ergonomia do Prisma são péssimas, as do Siena não ficam muito atrás. Os ajustes de distância dos bancos dianteiros, por exemplo, trazem os bancos OU para a frente e para cima OU para trás e para baixo; os tamanhos das pernas dos motoristas não são levados em conta e isso pode fazer com que motoristas menos proporcionais, ou seja, mais baixos porém com pernas mais compridas, dirijam literalmente com o volante entre elas. Como se não bastasse, a Fiat poderia ter revisto o posicionamento dos difusores do ar condicionado ao renovar o modelo, mas eles continuam baixos e refrigerando mal a cabine.













No trânsito, o Siena também mostra alguns defeitos irritantes. Até que o motorista se acostume, os freios superdimensionados e mal modulados o jogarão bruscamente para a frente – e no trânsito pesado isso pode ser até perigoso, dependendo da distância do carro de trás. Sua suspensão, se por um lado agrada pela maciez no asfalto ruim, por outro transmite muita insegurança em curvas, especialmente em dias de chuva, por permitir uma inclinação da carroceria além da razoável. Na estrada a coisa pode ficar mais feia ainda se o carro estiver cheio. Mas nada mais incompreensível do que a trava para a ré, que a Fiat insiste em manter. Se o engate fosse à frente, próximo à primeira marcha, ela até seria justificável. Mas para trás, à direita, em oposição à quinta marcha e com os próprios sincronizadores do câmbio impedindo o seu acionamento quando em marcha à frente? Não dá para entender.












Na estrada, o novo motor Fire com até 75 cavalos dá conta do recado, desde que o motorista não resolva levar a família toda e encher o portamalas de tralhas. Depois que embala, na reta, ele vai bem; às vezes nem parece 1.0. Mas nas subidas o mau escalonamento de marchas, com “buracos” que causam grandes quedas de rotação nas trocas, acaba por praticamente anular o novo acerto do motor, que ampliou a rotação de torque máximo para 4.500 rpm – fator que poderia trazer melhor desempenho em altas rotações, situação típica de subida de serra. Nessas horas, o motor com 16 válvulas do Logan (mais esperto em altas rotações) ou o VHC do Prisma (mais potente, rendendo mais até que alguns 1.4) são melhores. Além disso, como já foi dito, a suspensão mole demais não transmite a segurança que deveria nas curvas; a sensação de que o carro vai sair de traseira é constante, especialmente com o portamalas cheio.













Claro, o Siena tem algumas ótimas qualidades. A cabine é bem tratada e bem acabada. Na cidade, em velocidade mediana e só com o motorista ele é muito agradável de dirigir. O bom isolamento acústico mantém a balbúrdia do trânsito pesado do lado de fora, o câmbio é bem macio e o seu consumo não é maior que o dos concorrentes, com médias próximas a 8 km/l na cidade e 11 km/l na estrada, com álcool. Só não espere proporcionar conforto aos caronas: ele é o mais apertado na frente e atrás. Neste aspecto, o Logan continua imbatível e o Fiesta Sedan oferece mais que a maioria.

Sendo mais barato que os concorrentes, o Siena acaba conquistando - mas não necessariamente pela qualidade. Oferecer mais itens de série e pedir menos por opcionais sempre foi uma ótima estratégia de vendas. Mas se você precisar de mais desempenho, o Prisma oferece mais; se quiser mais espaço e mais segurança, tanto Logan quanto Fiesta oferecem mais. O Siena EL é um carro que atende melhor a um público-alvo específico: famílias pequenas (em quantidade e em estatura) ou caixeiros viajantes, que não levam ninguém mas enchem o portamalas com tranqueiras para vender.