ALTA RODA, Fernando Calmon
Decisão já
esperada, a Volkswagen acaba de anunciar a produção no México da sétima geração
do Golf, automóvel mais vendido na Europa e, somada sua versão sedã Jetta, a
família de modelos de maior venda no mundo, à frente das famílias Corolla e
Focus. Está prevista sua importação a partir de 2014.
Este é mais
um sinal da baixa competitividade de produção no Brasil, pois aqui o Golf
estacionou na quarta geração. Porém, o México se fortaleceu por vários motivos.
Além da moeda desvalorizada e baixos custos trabalhistas e de fabricação, tem a
vantagem de se situar na zona de livre comércio da América do Norte, de onde importa
autopeças produzidas em escala gigantesca e, portanto, a preços menores. O país
também acertou acordos com a União Europeia e o Japão, além do Brasil/Mercosul.
Não à toa a Audi confirmou, antes, sua fábrica mexicana para 2016. De lá poderá
exportar, sem impostos, para três grandes blocos econômicos.
Novo Golf é
o segundo modelo da arquitetura MQB (sigla em alemão para Matriz Transversal
Modular). A partir dela, o Grupo VW vai desenvolver nada menos de 40 produtos,
de compactos a médios-grandes e SUVs, de cinco marcas diferentes. O Brasil está
na rota da MQB, que mostra flexibilidade de adaptação a linhas de montagem
convencionais, segundo Ulrich Hackenberg, vice-presidente do grupo. Ele declinou
de comentar quando e quais modelos, mas admitiu que, se o mercado continuar em
crescimento e alcançar custos competitivos, o Golf também poderá ser feito
aqui.
Abre-se,
entretanto, uma janela para fabricação de compactos de entrada, em que o País mostra
ainda ser razoavelmente competitivo. Até pouco tempo, os grandes grupos automobilísticos
tinham margens de ganho bem pequenas em carros desse tipo e, assim, pouco
interesse em desenvolvê-los. Mas a Renault começou a mudar esse cenário ao
lançar o Dacia Logan, de sua subsidiária da Romênia, em 2004. Hoje, são seis
derivações que utilizam uma arquitetura antiga e já amortizada, da própria Renault,
voltada para oferecer bastante espaço a preço baixo. Real alternativa para quem
só podia adquirir carros usados.
Não tardou a
marca se expandir. Vendeu-se quase um milhão de unidades, em 2012, em 36
países, dois terços das quais com logotipo francês. A lucratividade está em
torno de 9% por unidade, estimada pelo banco Morgan Stanley, muito acima das
minguadas margens nos combalidos mercados maduros, em especial Europa. Claro,
outros fabricantes estão de olho.
Primeira a
anunciar um projeto de baixo custo foi a Nissan. Fará renascer a marca Datsun e
utilizará plataforma Lada, marca russa que já esteve no Brasil, e hoje na aliança
Renault-Nissan. Pretende produzir um carro por apenas 3.000 euros (R$ 8.000),
fora impostos, vendê-los em mercados como Índia, Rússia e Indonésia e ainda
ganhar dinheiro.
Agora, Volkswagen
e Fiat anunciaram, quase ao mesmo tempo, estudos para esse promissor filão, igualmente
com marcas novas. Ambas precisam ver que arquiteturas poderiam lançar mão e em
que países a produção seria viável. Nada se sabe, ainda, sobre chances no
Brasil, mesmo porque até o momento carros rústicos são pouco atraentes aqui.
Mas oportunidades de exportação poderiam surgir e viabilizar a produção.
RODA VIVA
ANO começou bem com o melhor janeiro,
em produção e vendas, da série histórica. O que ajudou foi o estoque formado em
dezembro do ano passado: permitiu não repassar o primeiro dos três aumentos de
IPI desse semestre. Ainda assim, ritmo de vendas diárias caiu e subiram os
estoques totais de 24 dias (dezembro) para 29 dias (janeiro). Criaram-se 1.156
empregos novos.
APESAR do investimento de US$ 500
milhões para adaptar o Fiat 500 às regras de segurança dos EUA e mudanças nas
linhas de montagem da Chrysler mexicana, seu sucessor, em 2015, deverá ser
fabricado apenas na Polônia, onde o subcompacto chique começou em 2007. Vindo
da Europa, ficará bem mais caro, como era antes, em razão do imposto de
importação de 35%.
ESPAÇO interno (em relação às dimensões
externas), motor de 1,35 l/108 cv e equipamentos de série são pontos vantajosos
no subcompacto JAC J2, por R$ 32.000. Faltam coisas simples: destravamento das
portas por botão central ou relógio que não obrigue desligar o rádio para saber
a hora. Direção e suspensões precisam também melhorar.
PROFESSOR da PUC Minas e advogado,
Leonardo Vilela acredita que Lei Seca para motoristas ainda suscita dúvidas
jurídicas. “Um dos problemas anteriores era exigência de grau alcoólico. Isso
continua dúbio. O Superior Tribunal de Justiça, em 2011, decidiu que, se a lei
prevê uma referência, não se pode presumir. Ou seja, tem que haver prova
efetiva deste grau.”
LOGO depois do Carnaval, aumenta em 50%
o número de motoristas que procuram o serviço de reparo de para-brisas, de
acordo com a Carglass, empresa especializada. Além do maior fluxo de carros nas
estradas, é necessário observar certa distância da traseira de caminhões,
principalmente.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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