sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

NOVO CHEVROLET COBALT ELITE - AVALIAÇÃO


Por Maximiliano Moraes
Colaboraram Rodrigo Rego e Natália Mariotto
Fotos: Maximiliano Moraes e Rodrigo Rego


Versão Elite do Novo Chevrolet Cobalt custa R$ 68.990,00 e vem exclusivamente com câmbio automático de 6 marchas

Quando o Cobalt foi colocado no mercado brasileiro, em 2011, a Chevrolet acertou em cheio na proposta: um sedã compacto no preço mas médio no porte, com boa oferta de itens de série desde a versão de entrada, mais qualidade nos materiais de acabamento, rodagem confortável e silenciosa e tranquilidade no pós-venda. A ideia era atingir consumidores que queriam mais do que somente espaço e funcionalidade no segmento.


O tempo passou e o Cobalt amadureceu. Ganhou motor 1.8, mais potente - no lançamento, somente o 1.4 era oferecido -, e câmbio automático, bem como versões mais refinadas. Mas foi só o novo Prisma chegar, com oferta de equipamentos semelhante, espaço interno satisfatório e design mais bem resolvido, para começar a canibalização na linha. A Chevrolet sempre se defendeu dizendo que cada um atendia a um público específico, mas a verdade é que desde o lançamento do Prisma, em 2013, o Cobalt foi perdendo espaço: naquele ano ambos quase empataram em vendas, mas em 2014 o Prisma vendeu quase o dobro e ano passado 3 vezes mais.


Era, realmente, hora de mudar. E a Chevrolet fez bonito, inaugurando com ele a nova linguagem de design da marca no país. O Novo Cobalt ganhou frente e traseira mais bonitas e elegantes, bem como acabamento ainda mais refinado no interior e novos equipamentos de série. Orgulhosa do face-lift a marca, como se não bastasse, posicionou o sedã um degrau acima no mercado, que passou a concorrer não mais com médio-compactos como Logan, Versa e Etios, mas com compactos wannabe como City, Linea e New Fiesta Sedan.


Estranho é que mesmo tendo a marca apresentado aos jornalistas versões de entrada com motor 1.4, o site da Chevrolet só mostra as versões LTZ e Elite, ambas com motor 1.8 e somente a primeira com opção de câmbio mecânico, o que nos fez supor a descontinuação do bloco menor para o sedã. Faz sentido, já que haveria ainda concorrência interna com o Prisma, que em breve receberá sua remodelação.


No critério "avaliação do público" o Novo Cobalt passou com louvor. Muitos modelos totalmente novos, mais caros e mais refinados que passaram por nossas mãos não chamaram tanto a atenção quanto o sedã. Novos faróis e lanternas, grade, capô, para-lamas, para-choques e tampa do porta-malas fizeram sua estreia na linha 2016. "Olha o Cobalt novo!" - gritou o rapaz de bicicleta falando ao celular, e passou a narrar as mudanças. "A frente tá bonitona, chique. Parece que cresceu. Tem couro dentro. Muito top." O taxista quis saber mais detalhes e perguntou o preço; achou caro mas gostou do carro. O dono de Logan disse que comprou o Renault porque achava o Cobalt feio, mas iria considerar o GM quando fosse trocar. É razoável pensar que por ter se tornado querido entre os consumidores a plástica fosse muito esperada: era bom, agora é bom e bonito.

Acabamento interno recebeu couro em 2 tons e apliques em black piano no painel e alavanca de câmbio

A sensação de refinamento realmente aumentou na cabine. As linhas gerais do painel não mudaram, mas o efeito das molduras em black piano na parte central e nos difusores do ar condicionado, bem como do couro no volante, nos bancos e em parte das portas (em dois tons) é positivo. Só não entendi a ausência de black piano também na moldura da alavanca de câmbio; combinaria bem com o restante. Destaca-se a interface da nova geração da central multimídia MyLink, que recebeu nova interface e compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay. Mas, pasmem, não tem GPS.

Espaço e conforto de rodagem ainda são destaques no Novo Cobalt

A versão Elite traz ainda alguns mimos inéditos na linha. O serviço OnStar de concierge, rastreamento, socorro mecânico e emergência, inaugurado no Cruze 2016, agora está presente no Cobalt e continua servindo bem a quem prefere serviços com atendimento humanizado. O primeiro ano é gratuito e a Chevrolet ainda não divulgou os valores cobrados pelo serviço a partir do segundo ano. São também itens de série sensores de luminosidade, chuva e estacionamento, bem como câmera de ré com imagens na tela da central multimídia.

Motor 1.8 Econo.Flex gera 108 cv de potência e 17,1 kgfm de torque com etanol

Em movimento o Novo Cobalt ainda agrada. Mesmo que a potência do bloco 1.8 (108 cv) seja apenas pouco superior à oferecida pelo 1.4 (102 cv), o torque de 17,1 kgfm é bem superior e garante agilidade suficiente para o dia-a-dia. Em viagens é preciso um pouco de paciência nas retomadas, mas desde que não se queira tirar leite de pedra ele não vai deixar a desejar - é familiar, convenhamos. Vale destacar o silêncio a bordo: com o excelente trabalho de isolamento acústico da GM e a programação do câmbio automático de 6 marchas mantendo o giro sempre lá embaixo, pouco passando dos 2 mil giros a 100 km/h, ele se mostra mais quieto que alguns sedãs médios.


Isso, inclusive, acaba trazendo outra vantagem: a economia de combustível. Interessante é que o uso do controlador de velocidade desta vez não influenciou tanto na obtenção de uma boa média de consumo, como costuma acontecer com outros carros. Mesmo que haja torque suficiente para manter a velocidade pré-selecionada em subidas, por exemplo, o câmbio trabalha para manter esta velocidade a qualquer custo, com pouca margem para cima ou para baixo, e isso faz com que haja mais reduções do que o motorista espera na estrada. Ainda assim as médias, obtidas sem o uso do cruise control, foram interessantes. Com gasolina, combustível com o qual o Cobalt veio abastecido e foi avaliado, a média de consumo indicada no computador de bordo ultrapassou chegou a 12,8 km/l na estrada, na velocidade máxima permitida e só com o motorista, e cravou 9,0 km/l  de média na cidade.

Porta-malas de 563 litros é o maior do segmento

Dinamicamente não há novidades, já que não há mudanças mecânicas. Previsível e quase neutro, a tendência de sair de frente em curvas é de fácil correção. A direção hidráulica entrega o peso que se espera do sistema; nem muito pesada em manobras, nem muito leve em velocidade, é apenas adequada. O rodar, por outro lado, é suave e a filtragem de imperfeições no asfalto é bem eficiente e silenciosa. As trocas de marcha são tão suaves que muitas vezes nem as percebemos. Os freios, a disco na dianteira e a tambor na traseira com ABS e EBD, seguram bem o carro, mas apresentam alguma tendência ao fading; melhor não abusar. Uma descida de serra será feita com mais segurança por meio das trocas manuais do câmbio, que permitem o uso do freio-motor.

O espaço interno continua sendo destaque. Cinco pessoas viajam tranquilas, com espaço suficiente para cabeça, pernas e ombros na frente e atrás. O passageiro do meio no banco traseiro não conta, infelizmente, com apoio de cabeça mas o formato do banco não o deixa tão desconfortável. O porta-malas de excelentes 563 litros não encontra concorrentes nem em seu segmento atual nem no anterior.


Bom carro ele é. Bem acertado, espaçoso e agradável para dirigir, continua na medida para o gosto brasileiro. E é bem equipado também. Além dos mimos eletrônicos, do serviço OnStar, da nova central multimídia e do revestimento interno em couro, o Novo Cobalt Elite traz, de série:
- ar condicionado;
- direção hidráulica com coluna regulável em altura;
- volante multifuncional revestido em couro;
- banco do motorista com ajuste de altura;
- vidros elétricos nas 4 portas com one-touch;
- chave-canivete com comandos para travas elétricas, alarme, abertura do porta-malas, abertura e fechamento dos vidros;
- retrovisores elétricos;
- computador de bordo;
- faróis de neblina;
- rodas de liga leve com aro de 15 polegadas;
- ABS com EBD;
- airbag duplo.


Um comparativo direto com base no preço colocaria o Cobalt Elite, que custa R$ 68.990,00 de frente com:
- Honda City LX CVT (R$ 69.000,00): não tem central multimídia, couro, cruise control ou qualquer mimo eletrônico, mas traz ajuste de profundidade da coluna de direção. O espaço interno é semelhante, mas o porta-malas é menor (536 litros). O motor é 1.5 16v, mais potente (116 cv com etanol) mas com menos torque (15,6 kgfm).
- Fiat Linea Essence Dualogic (R$ 68.148,00): não tem central multimídia nem sensores de luz ou chuva, mas traz borboletas para trocas de marcha, freios a disco nas 4 rodas, ajuste de profundidade da coluna de direção e 3 encostos de cabeça no banco traseiro. Oferece menos espaço interno e tem porta-malas menor (500 litros), mas o motor 1.8 16v é mais potente (132 cv com etanol) e torcudo (18,9 kgfm).
- Ford New Fiesta Sedan SE Plus (R$ 67.990,00): não tem central multimídia ou sensores de luz e chuva, mas tem controles de estabilidade e tração, auxílio de partida em rampas, direção elétrica, ar digital e 7 airbags. É o menor do grupo, com apenas 2,48 m de entre-eixos e 465 litros de capacidade do porta-malas. O motor 1.6 16v é mais potente que o do Cobalt (128 cv com etanol), mas também tem menos torque (16,0 kgfm).

Há quem se recuse a comparar o Cobalt com sedãs tidos como superiores. Fruto de um projeto mais simples, o sedã da GM é menos avançado tecnológica e mecanicamente, ainda que tenha evoluído. Mas não se pode reclamar de falta de conteúdo, o que justifica, pelo menos em parte, o preço. É ainda um bom sedã e mais equipado que a maioria, ainda que não seja tão seguro quanto o Fiesta, tão confiável quanto o City e tão potente quanto o Linea. Se o mercado vai aceitá-lo como a Chevrolet o vê hoje, só o tempo dirá.

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