Por Roberto Nasser
Coluna 1016 | 05.março.2016 | edita@rnasser.com.br
O Audi TT e o Axioma de Pirelli
Fazer carro esportivo, apesar de parecer, não é tarefa fácil. Não se resume a fórmula de fácil aviamento: aumentar a cilindrada do motor ou a sua capacidade em produzir cavalos de força; ou reduzir peso do conjunto; ou melhorar a aerodinâmica, pois para êxito há que pensar em um resultado paralelo: como mantê-lo no chão e sob o controle. Objetivo também buscado ao final da conta, é o balanço obrigatório entre a performance oferecida, e a capacidade do motorista em lidar com ela e usufruir. Usualmente carros muito fortes são perigosos, até letais a motoristas não nivelados às exigências. Nestes dias de invasão quase compulsória de intimidades, o Youtube exibe enorme relação de filmetes sobre acidentes com esportivos, causados exatamente por esta discrepância.
O Axioma – considere-o como sinônimo de verdade fática – de Pirelli diz Potência não é nada sem controle. É coisa incontestável para regrar tal harmonia. Não adianta alguém ter meios para comprar produtor de centenas de cavalos de força, com uma montanha de torque, se suas habilidades de condução sequer servem para usufruir totalmente o oferecido por simplório up! tsi e seu turbo. Se performance e habilidades de condução não se nivelam, é um passaporte a problemas caros.
Medida certa
A composição e a performance oferecidos pelo Audi TT parecem ter sido desenhados sob a tutela da regra utilizada como slogan publicitário pelo fabricante italiano de pneus. Ele entrega, e basta em performance a 95% dos motoristas. Dos outros cinco, dois não se interessarão, outros dois saberão fazer suar sob controle os 230 cv do TT. Um final não saberá do que se trata.
O TT é bem feito. Em terceira geração agrega atrativos tecnológicos diversos, especialmente marcados pela capacidade de se escolher tamanho e disposição dos instrumentos do painel. Os mostradores são virtuais, podem crescer, diminuir, ser afastados para os lados, abrindo espaço tela de condução. O conta giros vai em frente ao motorista, como eram nos MGs T e no Alfa Romeo Alfetta.
O pequeno motor, quatro cilindros em linha, posto transversalmente, cabeçote em alumínio, 16 válvulas com abertura variável, dois sistemas de alimentação – um, direto, sobre os pistões, outro no coletor de admissão -, turbo alimentador, eixo contra rotante para eliminar asperezas, não produz apenas sadia tropa de equino com estamina alemã, mas a monumentalidade de 37,7 kgmf de torque, coisa de motor grande. Com seis marchas à frente, transmissão mecânica automatizada por duas embreagens, mudando-as por si só ou por alavanquinhas sob o volante, a potencia chega às rodas frontais e controles eletrônicos tentam reter patinadas.
Freios por grandes discos, sensíveis, operando com brio e determinação, tão convincentes em desacelerar quanto o é no ir de 0 a 100 km/h em 5,9s e velocidade final cortada a 250km/h. Sistemas para administrá-lo, suspensões independentes. Faróis em LEDs, com assinatura personalizada. Dado irrelevante, consumo pequeno. Relevante, grande prazer de conduzir.
Apesar do aumento do dólar, preços caíram. Versão de entrada, Attraction, R$ 199 mil. Superior, R$ 220 mil.
Fórmula tende à perfeição, mas há falhas na aplicação. As rodas em liga leve, aro de 19” e pneus 234x35 poderiam ser trocadas por aro 18” e pneus com laterais mais altas – e compatíveis com os buracos nacionais. Dois ou três centímetros de maior altura livre combinariam com os quebra molas nacionais, proibidos, mas sempre adotados em caso de dúvida ou falta de conhecimento técnico e legal.
A grande virtude está no respeito ao Axioma de Pirelli, ao ser pequeno, barato neste universo de esportivos, e oferecer respostas esportivas superiores à demanda de 95% dos motoristas. Aos outros, os que se entendem acima da performance do TT, sucesso e cuidado ao dirigir Ferraris, Maseratis, Porsches, Audis R, Mercedes Asa de Gaivota.
Audi TT |
FCA quer terceirizar Dodge Dart e Chrysler 200
Com poucas vendas, o Dodge Dart e o Chrysler 200 – mesmo carro -, somando 10 mil unidade/ mês, caíram na racionalidade de custos pró sobrevivência e crescimento da FCA, a união das marcas Fiat com as marcas Chrysler. Volume pequeno, concorrente Toyota vende 50 mil Camry, não justifica tomar espaço industrial de produtos mais rentáveis, como a linha Jeep, acelerando em crescimento e os demais Chrysler. A FCA quer focar em produtos na ampla e pouco balizada classificação de Premium, embutindo maior lucro unitário. Decisão da empresa é produção com um novo e criativo vocábulo, externalizada. Na prática, junção de conceitos, tanto pode ser encomenda a terceira marca, quanto fusão com outro fabricante para fazer sinergia entre meios e tecnologias. Neste caminho a FCA vem procurando no mercado, fazendo propostas à Honda, à Suzuki e, até, prontamente repelida, à GM.
Não há indicativos de definição de caminhos.
Brasil, cuja indústria automobilística tem ociosidade imaginada em 50%, poderia ser o fornecedor. Honda e o grupo Souza Ramos – Suzuki - têm fábricas fechadas, e a Chery com ociosidade industrial em torno de 90%.
Dodge Dart |
JAC T5, enfim, chega ao mercado
Foram 17 meses e 1 milhão de quilômetros rodados buscando desenvolver componentes, entre a apresentação no Salão do Automóvel, outubro de 2014, e o início de vendas na contraída rede com 30 revendedores JAC. O T5, Sport Athletic Vehicle – não é utilitário esportivo, ante a falta da tração nas quatro rodas, mas a conformação estética, e a posição de dirigir vende a imagem de poder e, a alguns, a ideia de destemor e capacidades para enfrentar dificuldades extra asfalto – desculpe-me o leitor pela colocação inadequada. Neste Brasil onde a engenharia de fazer ruas e estradas está ao nível de Mobral, e as enchentes nas vias urbanas são para arrostar Land Rover Defender e Toyota Bandeirante, não há desafios Off Road. Eles estão On Road.
O T5 não foge à estratégia traçada por Sérgio Habib, representante da JAC no Brasil, a de carro completo com preço de carro pelado. No caso entre R$ 59.990 e R$ 68.900, se oferece em comparação entre conteúdo e faixa de preço com os melhor classificados no mercado, com interior mais rico, maior dosagem de confortos eletrônicos e de conectividade, como o kit multimídia pela Foxconn, tela de 20 cm, e capacidade de espelhamento com o celular, disponível na versão Pack 3, não encontráveis em veículos deste segmento.
Disponível em conteúdo em três níveis, vendas focadas na versão superior, mais equipada.
A JAC entende ser bom produto em conteúdo, com alguns itens sequer disponíveis nos concorrentes do segmento, design marcante, assinatura visual – nova moda de estilo -, e economia. Seu pequeno, entretanto potente motor de quatro cilindros em linha, 1,5 litro, 16 válvulas, comando variável para se adequar à demanda do tipo de condução, flex, sem tanquinho, produz 125 cv a gasálcool e 127cv com álcool, e respectivos 152Nm e 154 Nm em torque. Transmissão manual seis velocidades, com a primeiras marchas mais reduzidas para dar agilidade e disposição, e as finais mais alongadas, permitindo ao motor girar e gastar menos. Está na Classificação A pelo Inmetro.
Em termos de performance, aceleração de 0 a 100 km/h declarados abaixo de 11s e final de 194 km/hora. Em agosto transmissão automática CVT.
Pretende-se venda de 200 unidades/mês. O T5 será produzido na fábrica a ser erigida pela JAC, neste ano, em Camaçari, Ba.
JAC T5 |
Roda-a-Roda
Mito – Alguns veículos cumprem sua história, vão-se pelo desequilíbrio na conta demanda x investimento por renovação. Entretanto podem voltar. Nos EUA é o caso do picape Wrangler, aqui conhecido como picape Jeep. Demandado e requerido por fãs, deve retornar à produção.
Mais – Admiradores do Ford Bronco, segundo os anúncios da Ford cruza de cabrito montês com cavalo de corrida, tipo jipe mais confortável, demandam à empresa re lançá-lo em versão atualizada, sexta geração. Projeção para 2020.
Desenho por aficionados para a volta do Bronco. |
Surpresa – Com vaticínios contrários o português Carlos Tavares, presidente da PSA – Peugeot Citroën anunciou resultados financeiros e, junto, surpresa: empresa concluiu plano de recuperação antes do previsto. Último exercício obteve margem operacional de 5%, índice antecipado em um ano.
AL – Previsões para América Latina discrepam do ânimo de crescimento, prevendo-se 10% na redução dos negócios. Rússia, pior, caindo 15%. Previsão de distribuição de dividendos para o próximo ano.
Lançamento – Diz imprensa europeia, Jeep terá novidades no Salão de Genebra. Apesar da distância terá novidades para o Brasil.
Bom – O motor diesel 2 litros, e 170 cv hoje aqui aplicado ao Jeep Renegade e ao picape Toro, evoluirá a 2,2 litros e a potência a 200 cv. Transmissão automática de 9 velocidades foi mantida. FCA local desconhece.
Problema – Chinesa Chery, instalada em Jacareí, SP, nova greve, acabada 3ª. feira. Agora contra a demissão de funcionários por prestadora de serviços. Deu-se na véspera do início de produção de seu segundo produto, o pequeno QQ.
II – Chery tem sérios problemas de convívio com o sindicato local dos metalúrgicos. Fez greve ao inaugurar da fábrica e repetem com o novo produto.
Passado – Manifestações idênticas geraram insegurança à GM, minguando atividades na vizinha São José dos Campos, transferindo o Projeto Phoenix, do novo Cruze, para a Argentina e fábrica de transmissões para Santa Catarina.
Situação – Em época de redução de atividade econômica, fechamento de empresas, fim de empregos, greve é atividade de risco e fora de propósito.
Ching-Sir – Bem articulada Agência AutoData informa tratativas da Jaguar Land Rover para utilizar a enorme capacidade ociosa da fábrica da Chery e pintar seus produtos, aumentando nacionalização e ampliando capacidade.
Questão – Logística simples, ambas estão à margem da Via Dutra. Resta saber se o temor das greves, desorganizando indústria e comércio, não assustará as marcas inglesas comandadas pelos indianos.
Festa – VW comemora 40 anos de sua fábrica em Taubaté, SP, e produção de 150 mil unidades do up!. Já exportou mais de 20 mil unidades para Argentina, México, Uruguai e Peru, e enviará ao Paraguai, Costa Rica e Curaçao.
Mudança – MMC Brasil, produtora dos Mitsubishi, mudou de razão social. Agora é HPE. Consultada, empresa deu explicação genérica, mas período coincide com a exposição da marca japonesa numa operação da Polícia Federal, e a prisão do banqueiro André Esteves, sócio minoritário.
Perda – Ciclista brasileiro Cláudio Clarindo, 38, um dos 10 melhores do mundo em provas longas, morto por carro invadindo o acostamento onde treinava. Motorista dormiu, cruzou a pista, atropelou cinco atletas.
Equipamento – Prestou socorro, não estava bêbado, dormira ao volante. Veículos novos de certa hierarquia portam equipamento para alertar condutor, quando percebem ausência de movimentos, tocam campainha, acendem indicativo no painel, vibram o volante.
Aqui – Legislação brasileira não obriga veículos a portá-lo, e informa Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, não há iniciativa interna para adoção, variando de acordo com a política das montadoras.
Caminho – Melhor opção é lobby pelos fabricantes do equipamento para torná-lo obrigatório. Ante evento e perda Ministério dos Esportes poderia liderar o movimento pela adoção do equipamento.
Mercado – ANEF, associação dos bancos das montadoras tem informações de balcão quanto ao mercado de veículos novos nos últimos 12 meses: total financiado caiu 17%; medida do freio na economia, para pessoas jurídicas reduziu 24,8%; inadimplência cresce marcialmente, 1,1% em relação a 2014.
Auxiliar – Além de vender o novo picape Fiat Toro, visto pela FCA como produto da cruza de picape com utilitário esportivo, empresa oferece lista de vestuário, acessórios, brinquedos. Quer ver? http://fiatfashion.com.br
Oportunidade – Mercado vendendo menos veículos novos, redução na circulação da frota antiga, prática numérica exibe queda no consumo de pneus. Japonesa Bridgestone entendeu ser momento para investir.
Mais - Anunciou R$ 256M para ampliar fábrica de pneus em Camaçari, Ba, elevando capacidade de produção em 30%, de 8.000 para 10.500/dia. Fará, também, centro de distribuição.
Freio – Familiares do ex governador Dante de Oliveira, operando a revenda Fiat Domani, em Rondonópolis, MT, foram suspensos como fornecedores pela Secretaria de Segurança do Estado e proibidos de prestar serviços ao governo de Mato Grosso no período de dois anos.
Outros - Questão simples, venceram concorrência pública no valor de R$ 520 mil para assistir e reparar veículos Fiat da frota oficial. Porém desmontaram galpão assistencial e contrataram oficina sem condições para realizar reparos.
Acerto – Estado cobra 10% de multa por motivar rescisão contratual e enviou documentação ao Ministério Público para investigar superfaturamento.
Correção – Para capitalizar-se Gol antecipou vendas de passagens no valor de R$1B à Smiles, antes seu programa de fidelidade e agora empresa coligada.
Redução – Ante a queda de demanda por passagens, corta custos, reduzirá voos; suspenderá sete destinos; negociará entrega de novas unidades em 2016 e 2017, de 15 para 1 unidade.
Providência – Surpreendida com publicação de mensagens via Whats App entre diretor e comissários de provas, trocando informações sobre mesquinharias de inventar fatos e prejudicar pilotos, CBA, Confederação Brasileira de Automobilismo, afastou os auxiliares e abriu inquérito.
Talvez – Negócios com esporte no Brasil normalmente desprezam os atores em lugar dos gestores e sua turma. Só haverá solução se o poder dos patrocinadores, prejudicados por menor exposição de sua marca, questionar juridicamente os organizadores pelas perdas. Dinheiro manda.
Gente – Frank Witteman, alemão, ex-diretor de vendas na China e ex-presidente da Jaguar Land Rover na Rússia, transferência. Assume filial Brasil. Missão inaugurar fábrica, compatibilizar produção local, produtos, importações, e ampliar vendas. Denise Andrade, diretora da Goodyear, reconhecimento. Ganhou o prêmio VOCÊ RH Profissionais do Ano 2015. Stefano Domenicali, engenheiro, italiano, co-optado. Novo presidente e administrador delegado da Lamborghini e da Quattro GmbH, braço esportivo da Audi, controladora da marca italiana. Domenicali era o líder da área de competições da Ferrari, e saiu com a dispensa de Luca di Montezemolo. Convidado no mesmo dia, demorou dois anos para aceitar. Dieter Zetsche, mandato renovado como CEO da Daimler e presidente da Mercedes. Toca projeto de ampliação da linha de automóveis e de trazer a Mercedes à liderança das marcas alemãs Premium.
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