segunda-feira, 28 de março de 2016

RENAULT DUSTER OROCH DYNAMIQUE 2.0 - AVALIAÇÃO



Família cresceu, salário nem sempre - mas a necessidade é às vezes maior que o saldo bancário. Quem tem picape compacta precisava muitas vezes abrir mão do gosto ou da necessidade, migrando pra outro segmento para levar a família com conforto ou mantendo a caçamba disponível e comprando outro carro. Uma picape média seria ideal, mas estas crescendo cada vez mais e, na mesma proporção, seus preços, a troca por uma não compensa pra muita gente.



Demorou até que alguém tivesse a (boa) ideia de conceber uma picape com porte intermediário entre as atuais compactas e médias. A esperta Renault foi mais rápida, colocando no mercado em setembro do ano passado a Duster Oroch, derivada, como o próprio nome diz, do SUV Duster. Nem tão grande que seja difícil de dirigir no trânsito pesado e nem tão pequena que não seja capaz de levar passageiros com competência, com dirigibilidade mais próxima à de um carro de passeio e mantendo a robustez que fez a fama do irmão mais velho, ela coube direitinho na necessidade dos consumidores que fazem uso predominantemente urbano de picapes.


O desempenho geral surpreende. Ágil, ela deslancha com facilidade graças à boa oferta de força do motor 2.0 16v flex - 148 cv de potência e 20,9 kgfm de torque com etanol. O câmbio manual de 6 marchas é muito bem escalonado e apresenta trocas suaves, permitindo ainda retomadas de velocidade sem tanta necessidade de reduções. O volante tem boa pega e a direção tem peso correto em velocidade, ainda que pudesse ser um pouco mais suave em manobras. Mas, ora, é uma picape. Releva-se.



Só o Duster 4x4 tem suspensão traseira multibraços; as versões 4x2 trazem eixo de torção. A Oroch, que por enquanto só tem versões 4x2, saiu ganhando com o sistema mais refinado na traseira. A proposta era tornar o rodar da picape mais macio e próximo ao que um automóvel apresenta. Em grande parte ela cumpre seu papel, sendo mais confortável e estável que o SUV, mas ficaria ainda melhor se a Renault tivesse já disponibilizado o câmbio automático. É coisa para um futuro próximo, garante a marca. Bem como a tração 4x4.



Na estrada a coisa se inverte um pouco, ao menos para condutores com maior estatura. Espaço, há com folga. A qualidade de rodagem, como já foi dito, é ótima e ainda que a coluna de direção conte com regulagem somente de altura não é difícil se acomodar ao volante. Problema é o assento curto, com pouco apoio para as coxas, e o encosto com pouco apoio lateral, o que força o motorista a se equilibrar em curvas. Isso torna viagens longas bem mais cansativas.



Se parece um carro na hora de dirigir, a Oroch não deixa a desejar como utilitário. A caçamba pode levar até 650 kg ou 683 litros e nenhum espaço da cabine foi roubado, pelo contrário. Com distância entre-eixos bem maior que a do SUV - 2,83 m contra 2,67 m - a picape tem, no banco de trás, mais espaço disponível para pernas, mantendo o bom espaço para cabeças e ombros. A vida a bordo, aliás, é agradável e cômoda com os vários itens de conveniência que vêm de série na versão Dynamique que avaliamos.



Ar condicionado, direção hidráulica com coluna regulável em altura, vidros elétricos com one-touch nas 4 portas, computador de bordo, controlador / limitador de velocidade, comando satélite na coluna de direção, central multimídia MEDIA Nav Evolution, alarme com fechamento automático de portas e vidros, sensor de estacionamento traseiro, retrovisores com comandos elétricos, função Eco Mode, bancos revestidos em couro, rodas de liga com aro 16, luzes diurnas, piscas nos retrovisores, faróis de neblina, barras de teto, ABS com EBD e airbag duplo estão incluídos no preço de R$ 72.400,00 que a Renault sugere no site.

Se ganha do Duster em alguns aspectos, a Oroch mantém erros de projeto que deveriam ter sido revistos. A posição do comando dos retrovisores externos embaixo da alavanca do freio de mão é um deles, e talvez o mais irritante. Os comandos dos vidros elétricos também ficam mal localizados, muito à frente, enquanto a tela da central multimídia fica em posição muito baixa. Por fim, os porta-copos dos ocupantes da frente são muito rasos.



Há quem diga, pelo porte, que a Renault Oroch é concorrente da Fiat Toro. Nós discordamos por vários motivos e o primeiro deles é o preço. A versão de entrada da picape da Fiat é mais cara que a versão de topo da picape da Renault (R$ 76.500,00). O porte da Fiat também é maior, ainda que seja menor que as picapes médias do mercado, e enquanto a Oroch não oferece câmbio automático nem como opcional o comprador da Toro só encontra câmbio manual nas versões a diesel, cujo preço começa em R$ 93.900,00.



Suas concorrentes de fato, alinhando-as pelo critério de preço, são a Fiat Strada Adventure Cabine Dupla, que com configuração semelhante tem preço sugerido no site de R$ 76.188,00, e a nova Volkswagen Saveiro Cross, que tem preço inicial de R$ 69.250,00 mas ainda não pode ser configurada no site. De todas as formas a Oroch sai ganhando de ambas. A Strada não apresenta nenhuma novidade que a torne mais interessante que a picape Renault, e também é mais cara. Já a Saveiro recebeu um face-lift que a tornou mais bem acabada e mais atraente visualmente, além de contar com controle de estabilidade, freios a disco nas 4 rodas e outros mimos tecnológicos que a Oroch não traz nem como opcional.

Por outro lado, com espaço interno e na caçamba bem maiores, preço razoável e muito mais oferta de potência e torque, a Oroch é uma compra bem mais racional que as compactas. Nós a escolheríamos e recomendamos.

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