Reportagem: Maximiliano Moraes
Fotos: Maximiliano Moraes / Divulgação
Se tem sedã médio-grande que vende bem por aqui, o Accord não é um deles. Na verdade nem a Honda criou expectativas altas para seu sedanzão: pensou em 120 unidades para 2016, vendeu 122. Por outro lado, quem teve iniciativa e levou um pra casa encontrou um carro bem melhor, com visual e espírito mais esportivos, muita disposição e, veja só, pouca sede de combustível.
O design continua sóbrio, como é comum a sedãs japoneses, mas os detalhes o deixaram com uma cara mais brava. Chamam a atenção os conjuntos óticos dianteiro e traseiro em full led, os novos para-choques com linhas mais angulosas, as rodas esportivas com aro de 18 polegadas e a saída dupla de escapamento. A anabolizada do exterior não foi repetida, porém, no interior, que continua com a mesma cara executiva de sempre. O acabamento geral é ótimo, o nível de silêncio e conforto também, mas o único toque de esportividade aparente está na pedaleira.
Sorte do motorista que o motor 3.5 V6 a gasolina é um dos mais potentes do segmento: São 280 cv e 34,6 kgfm disponíveis a 4.900 rpm. O câmbio automático tem 6 marchas, bmodo "S" (mais esportivo) e borboletas atrás do volante para trocas manuais. Camry e Fusion EcoBoost têm mais torque mas menos potência, enquanto o Azera - o mais caro dentre os 4 - perde de todos. A suspensão do Accord, independente nas 4 rodas (McPherson na dianteira e multilink na traseira), também foi retrabalhada para ficar um pouco mais macia e balancear a rigidez típica de pneus com perfil baixo, mas mesmo grandão ele é excelente para curvas. É ao volante, portanto, que o Honda Accord diz a que veio e conquista até os corações mais jovens.
O ronco característico (e delicioso) do motor de 6 cilindros, que em condução normal chega a desativar 3 deles para poupar combustível (mas isso é assunto para mais adiante), acompanha cada acelerada mais vigorosa. E põe vigor nisso, já que o Accord é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 7 segundos. O melhor de tudo, porém, é sua capacidade de filtrar ruídos externos: o silêncio a bordo é absurdamente baixo. Isso acontece porque este Honda tem microfones capazes de capturar frequências de som incômodas e anulá-las com uma contra-frequência equivalente, emitida pelos alto-falantes, além de coxins ativos que anulam a vibração característica do motor quando funcionando com somente 3 cilindros.
Neste ambiente quieto os ocupantes se sentirão também muito confortáveis. São 2,77 metros de entre-eixos, o que seria suficiente para acomodar 5 ocupantes e com cintos de segurança de 3 pontos para todos. Só que é melhor que sejam 4, porque o terceiro ocupante do banco traseiro teria que se conformar com assento mais alto, encosto mais pronunciado, túnel central alto e saídas de ar condicionado que limitam o espaço para as pernas. Quem vai na frente, obviamente, não tem do que se queixar, especialmente o motorista. Ele tem à sua disposição um banco com espuma de densidade mais que adequada, ajustes elétricos e direção (que tem assistência elétrica) regulável em altura e profundidade, além de ótima ergonomia.
O layout do painel é bem conservador, à la Honda. Mas há uma quantidade interessante de equipamentos e visualizar tudo é muito fácil. O velocímetro, ao centro, é ladeado pelo conta-giros à esquerda, marcadores de temperatura e combustível à direita e tem em seu centro uma tela com informações do computador de bordo, que são repetidas (junto com outras features) na tela acima do painel. A que fica no centro traz a central multimídia, que pode espelhar smartphones via Android Auto ou Apple CarPlay, tem GPS, um excelente sistema de áudio e entradas USB e HDMI.
O Honda Accord traz ainda, além de tudo que já citamos e do que é previsível para um sedã do seu segmento, chave presencial com partida por botão ou remota, ar de duas zonas, câmeras para mudanças de faixa, teto solar elétrico e botão ECON, que junto com o sistema de desativação de cilindros é o responsável por permitir ao sedã de quase 1.500 quilos (1.481, para ser mais preciso) percorrer 8,3 km na cidade ou 14,2 km na estrada com um litro de gasolina.
A concorrência do Accord é formada por sedãs menores e menos potentes de marcas premium ou, respeitando os principais critérios - preço, potência e dimensões -, o Toyota Camry 3.5 V6 (277 cv, R$ 180.370,00), o Hyundai Azera 3.0 V6 (250 cv, R$ 182.649,00) e o Ford Fusion 2.0 EcoBoost 4WD (248 cv, R$ 158.700,00). O preço do Honda, em comparação, parece interessante: a marca pede R$ 162.500,00 pelo sedã. Se a desvantagem está no nível de equipamentos - faltam itens como cruise control adaptativo, alerta de colisão, assistente de permanência na faixa, sistema de estacionamento automático, freio de estacionamento eletrônico, auto hold, coisas do tipo que já estão presentes no Civic e em outros sedãs médios - o desempenho geral compensa. E por ser menos vendido é igualmente menos visado.
Vai um sleeper aí?
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