quarta-feira, 8 de novembro de 2017

HONDA CITY LX CVT - AVALIAÇÃO



O City nunca teve muitos concorrentes. Como é derivado do Fit, que é um compacto meio minivan, ele é tão espaçoso quanto os sedãs médio-compactos do mercado (cite-se Cobalt, Versa e Logan), mas algo mais refinado que esses, a ponto de a Honda o posicionar um degrau acima, logo abaixo dos médios. Faz algum sentido, mas muita gente o considera caro.


Tanto é que a versão LX CVT, a mais barata com esse tipo de transmissão no line-up, concorre diretamente com o Cobalt em sua versão de topo Elite. A comparação pode parecer injusta, já que o preço é igual (em torno de R$ 70 mil) mas o conteúdo é maior no Chevrolet. Só que conteúdo não é tudo e a gente tá aqui pra explicar, falando sobre esses dois, por quê o City LX pode compensar.


Comecemos pela aparência. O Honda City, nessa geração, ficou mais bonito e parecendo maior do que é, e mesmo já com alguns anos de mercado ainda mantém o vigor das linhas. O Chevrolet ganhou um tapa na dianteira e na traseira para se tornar menos quadradão, mas ainda que tenha ficado mais vistoso é covardia comparar seu design às linhas esguias do Honda. Dentro a coisa se inverte, mas só em parte: o Cobalt, com partes revestidas em couro, cromados e cores mais claras, é mais refinado porque a versão o torna assim, mas o layout geral da cabine, ainda que somente com plásticos e tecidos, é mais atual no City.


O desempenho também é bem parelho em ambos, mesmo que a diferença de cilindrada seja grande. A maior vantagem do City ocorre em rotações mais altas, quando o motor 1.5 16v de 116 cv e 15,6 kgfm com etanol ainda se mostra bem acordado. Mas ele também é esperto com giro baixo: resultado da variação de abertura do comando de válvulas e do bom casamento do motor com o câmbio CVT, que corta grande parte do prazer ao dirigir mas extrai do motor o melhor em qualquer regime de rotação. O Cobalt tem mais torque, mas menos potência: são 111 cv e 17,7 kgfm de torque. Problema é que as 8 válvulas e as melhorias técnicas introduzidas há pouco tempo privilegiam melhor performance em baixas rotações e mais economia de combustível. Mesmo o bom câmbio automático de 6 marchas não consegue evitar o estrangulamento do motor em rotações mais altas, tornando o Cobalt mais lento em retomadas, por exemplo. Como se não bastasse, mesmo calibrado para economia o motor 1.8 8v não consegue superar a modernidade do propulsor do City, que bebe menos.


O City leva vantagem também no aproveitamento de espaço. Ligeiramente menor em todas as dimensões (4,45 m de comprimento, 2,60 m de entre-eixos, 1,69 m de largura e 536 litros de capacidade no porta-malas contra 4,48 m, 2,62 m, 1,73 m e 563 l do Cobalt), ele se vale de uma arquitetura interna mais inteligente e eficiente, que reserva mais espaço para passageiros que para a mecânica ou a estética. Tanto na frente quanto atrás todos vão no Honda com mais espaço para cabeça, ombros e pernas, e só no porta-malas o Chevrolet leva alguma vantagem.


Quanto à dirigibilidade, outra vitória do Honda. Não que o Cobalt seja ruim, mas ele é menos interativo. Quando conduzidos no trânsito urbano ambos entregam resultados semelhantes em filtragem de imperfeições, silêncio à bordo, leveza de manobras e respostas em arrancadas em semáforos ou subidas. Mas na estrada, em retas ou curvas de raio aberto, é que o City se mostra mais à mão, com uma suspensão menos macia e resposta mais direta da direção.

A lista de equipamentos do Cobalt, obviamente, é mais recheada. Enquanto o City traz o básico - ar condicionado analógico, direção elétrica com coluna ajustável em altura e profundidade, vidros elétricos nas 4 portas, travas e retrovisores elétricos, som com Bluetooth e comandos no volante, computador de bordo, rodas de liga leve aro 16, airbag duplo e ABS - o Cobalt agrega ainda revestimento de bancos, volante e parte das portas em couro, faróis de neblina, central multimídia MyLink com espelhamento de smartphones, sistema OnStar, dentre outras conveniências.


Daí a gente conclui que o Cobalt não é um carro ruim, longe disso. Mas ele cobra por conteúdo que se vê, itens de conforto e conveniência, enquanto o City é um carro tecnicamente melhor, mesmo nas versões mais básicas. Mais desempenho, mais economia, melhor dirigibilidade, aproveitamento mais inteligente do espaço interno e mais refinamento mecânico tornam o City LX, acreditem, uma opção melhor que o Cobalt Elite. A não ser que você goste de ostentar.

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