sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

ERROS E ACERTOS: KICKS X HR-V


Por Yuri Ravitz e Maximiliano Moraes
Fotos: Divulgação

O ano de 2017 trouxe algumas novidades significativas para o mercado automotivo brasileiro. A fim de lhe ajudar na doce tarefa de escolher um carro novo, decidimos elaborar uma série de análises sobre esses lançamentos e seus principais concorrentes, em parceria com o Volta Rápida, onde vamos abordar os principais pontos fortes e fracos de cada novidade, por segmento.




NISSAN KICKS



Ninguém duvida do sucesso do Nissan Kicks. Desde que chegou ao Brasil, ainda importado do México, ele fez muita gente rever conceitos e preferências: um SUV compacto do tamanho do Renegade e do HR-V, queridinhos do mercado na época, mas bem mais leve e com motor pequeno sem turbo. Daria certo?

A Nissan provou que sim: o Kicks venceu inúmeros comparativos e se mostrou uma das compras mais acertadas no segmento, especialmente depois que se tornou nacional e passou a ser comercializado em mais versões, inclusive para PcD e com câmbio manual. Destacamos aqui suas principais qualidades e falhas.

Bem-acabado - Qualquer uma das versões do Kicks tem bom acabamento. Mesmo naquelas onde o plástico predomina todas as peças são muito bem encaixadas, sem rebarbas e com aparência e textura muito boas. Mas a versão de topo SL se destaca por oferecer uma atmosfera de carro mais caro, graças à faixa revestida em couro no painel, plástico brilhante na medida e local corretos, sem exageros, e diferentes padronagens de revestimento interno.
Tecnológico - Certos itens presentes na versão de topo ainda são exclusivos no segmento. É o caso do Controle Dinâmico de Chassis, que diminui consideravelmente o rolling da carroceria, da câmera 360º, do sistema de frenagem automática de emergência e do mostrador digital em TFT à esquerda do velocímetro.
Econômico - A Nissan foi ousada ao equipar o Kicks com o mesmo motor que equipa Versa e March. Porém, ao fabricar um carro leve (1.142 kg) e introduzir várias melhorias técnicas no propulsor 1.6 16v, ela mostrou que um motor aspirado pequeno num SUV pode ser tão ou mais econômico que um turbinado.

E onde o Kicks pode melhorar?

Bênção e maldição - Falando ainda sobre o motor, sim, ele é suficiente para a maioria das situações. Acontece que um carro familiar, hora ou outra, vai levar uma família e toda sua bagagem. Aí é que a coisa aperta: falta torque. Os 15,5 kgfm não conseguem fazer o carro deslanchar com tanta facilidade quando cheio e, neste caso, é preciso apelar para o giro, que torna o Kicks barulhento e cansativo.
Cadê o cruise? - É familiar, tem câmbio CVT e proposta de conforto. Mas não, não traz controle de velocidade. O que é péssimo, porque obriga o motorista a controlá-la no pé. Ok, fazíamos isso antigamente, mas no mercado de hoje até modelos muito mais simples e baratos, inclusive com câmbios manuais, apresentam cruise control. Omiti-lo num modelo familiar de R$ 100 mil com câmbio CVT não faz o menor sentido.
Câmbio CVT - Dentre os modelos equipados com motor 1.6 e câmbio CVT na Nissan, o Kicks é o que apresenta melhor acerto. Mas isso não o torna perfeito: na estrada ele continua maçante, mesmo com as 7 marchas simuladas. O problema é que não há trocas manuais, nem pela alavanca nem por borboletas, o que tornaria a condução um tiquinho mais interessante.

HONDA HR-V


O HR-V foi a cartada certeira da Honda para começar a lucrar no disputado segmento dos SUVs/crossovers compactos. É verdade que o modelo já não é um lançamento, entretanto, em 2017 teve a chegada da versão Touring que se configurou como a nova topo-de-linha, trazendo mais equipamentos e deixando o HR-V mais atraente - algo muito necessário, pois é um dos carros mais caros em seu segmento e a concorrência não está nada fácil.

Design - o desenho tipicamente japonês e as janelas arqueadas contribuem para o belo visual do HR-V. Gosto é algo muito pessoal, mas as linhas equilibradas e fluídas do crossover resultaram num conjunto que esbarra em poucas críticas e atrai muitos olhares.
Mecânica - diferente da modernidade visual, o conjunto mecânico não traz nada de especial: o 1.8 16v naturalmente aspirado de 140cv trabalha em conjunto com um câmbio CVT que simula sete marchas. Resultado? Anda bem, com suavidade e não maltrata o bolso na hora de abastecer.
Espaço interno - ninguém passa aperto no HR-V. Cinco pessoas conseguem viajar tranquilamente e acomodar suas bagagens em um porta-malas de 437 litros. O assoalho traseiro plano, os assentos modulares e o entre-eixos de 2,61m tornam a vida mais agradável.

A Honda acertou bastante coisa no modelo, entretanto, escorregou em outras por ganância demais ou atenção de menos.

Equipamentos - para um carro de mais de 100.000 reais, faltavam coisas básicas como mais airbags, retrovisor interno fotocrômico, faróis com acendimento automático e até mesmo meros sensores de ré. A versão Touring resolveu em parte essas questões, mas também é a única - as demais continuam muito caras pro que oferecem.
Mecânica - o mesmo ponto que elogiamos antes, criticamos agora. Por que não adotar o esperto e eficiente 1.5 turbo do Civic Touring? Todas as versões do HR-V trazem o mesmo conjunto mecânico, limitando as opções do consumidor e afastando quem não gosta das caixas do tipo CVT.
Posicionamento - o crossover japonês sempre vendeu bem, contudo, poderia ser facilmente um best-seller se fosse mais barato, o que faria muitos ignorarem certas ausências de alguns itens citados anteriormente. Se a Honda reposicionasse as versões do HR-V, aplicando o conteúdo da Touring na EXL e extinguindo a LX (que tem vendas pífias) com uma ligeira redução de preços, veria seu modelo liderando o ranking de vendas com facilidade graças ao peso do nome da marca.

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