sexta-feira, 5 de agosto de 2011

JAC J6 – AVALIAÇÃO




Corajosa essa JAC Motors. O preço e a estratégia de marketing da linha J3, que acabou forçando a concorrência a adequar seus produtos e a abaixar suas margens de lucro para igualar seus preços, mostrou que ela não veio brincar em serviço. Agora, o lançamento da minivan J6, cujo perfil a posiciona num segmento de mercado que “acabou” – nas palavras um pouco fatalistas de Sergio Habib, presidente da marca no Brasil –, parece um golpe ainda mais ousado. Fato é que o carro, que sofreu passou por mais de 350 modificações em relação ao modelo vendido na China, tem predicados e potencial de ganhar clientes que se sentiram abandonados pelo mercado.



À primeira vista a minivan agrada – mais a traseira e a lateral que a dianteira, bem parecida com outros modelos da marca. As linhas são fluidas, agradáveis, nada ousado demais em termos de estilo mas nada fora do lugar. Os vãos regulares em portas, capô e tampa do porta-malas confirmam a boa qualidade de construção, também percebida ao rodar com o carro, que transmite solidez. Mas isso é assunto para mais adiante.


Por dentro ela também agrada, com layout simples, mas elegante. O acabamento é bom, os painéis são bem montados e os materiais são de boa qualidade e agradáveis ao tato, com bancos bem revestidos em veludo ou couro e costuras bem feitas. As exceções são o painel de revestimento do teto, que pareceu frágil, e a iluminação azul berrante no painel, um pouco cansativa. Algumas soluções também poderiam ser mais bem pensadas: o visor digital no alto do painel só mostra – mal – as horas, não há computador de bordo, a buzina é difícil de acionar, o porta-trecos do apoio de braços central dianteiro é pequeno e as portas só abrem por dentro se os pinos estiverem destravados – puxa-se os pinos individualmente ou usa-se o botão na porta no motorista, que destrava todas as portas. Os trincos por si não fazem isso.


A posição de dirigir é típica de minivans, alta e com volante levemente inclinado, e pode agradar ao público-alvo deste tipo de carro. Porém, não é adequada para condutores mais avantajados: o espaço não é dos maiores ali. Os bancos têm espuma de boa densidade, mas os apoios laterais poderiam segurar melhor o corpo. As regulagens do banco do motorista são estranhas: o recuo e os ajustes de altura, feito por roldanas na lateral do banco, são limitados e reduzem o espaço para as pernas. O encosto, em vez de uma roldana, é regulado por meio de alavanca com posições fixas. E o curso do ajuste de altura do volante também é limitado e não há ajuste em profundidade.


A segunda fileira de bancos é um lugar mais privilegiado: são 3 assentos individuais com regulagens do encosto e distância, bastante espaço para as pernas e difusores do ar condicionado. Cintos de segurança de 3 pontos, porém, só existem para os passageiros das extremidades; o do meio conta só com o subabdominal. E a terceira fileira (exclusiva da versão Diamond), com acesso na média do segmento – ou seja, ruim – só leva crianças ou adultos de baixa estatura. Pelo menos há cintos de 3 pontos para ambos. O portamalas pode variar entre 198 litros (com 7 lugares), 720 litros (com 5 lugares) e 2.200 litros (sem as 2 fileiras traseiras de bancos). Dá para fazer uma pequena mudança.

A suspensão da JAC J6, independente nas 4 rodas, é o que há de melhor no carro. No trecho misto entre cidade e estrada em serra foi possível perceber o ajuste voltado para o conforto, que fez com que as imperfeições do asfalto fossem bem filtradas em qualquer velocidade. Ainda assim, os sistemas McPherson na dianteira e Dual-Link na traseira ajudam a firmar o carro nas curvas, transmitindo segurança e fazendo perceber a já citada solidez – sem, obviamente, que se espere qualquer comportamento esportivo de uma minivan. O volante revestido em couro tem respostas suficientemente boas, apesar de não ter boa pega, e o câmbio, mesmo sendo um pouco ruidoso, tem engates justos e curso adequado.


Ruim é que o desempenho não acompanhe a boa dirigibilidade. O motor da minivan chinesa, desenvolvido especialmente para o modelo vendido no Brasil (na China a J6 é equipada com um propulsor 1.8), é um 2.0 16v a gasolina, com 4 cilindros em linha e duplo comando de válvulas no cabeçote, que gera 136 cv a 5.500 rpm e 19,1 kgfm de torque a 4.000 rpm. No entanto, são exatos 1.500 kg para empurrar e o fato de o motor ainda estar “amarrado” piora um pouco as coisas (o carro cedido para o teste estava com pouco mais de 200 km rodados). O ronco do motor acima de 3.500 rotações até que é gostoso, mas o ruído gerado neste regime, necessário para fazer o carro deslanchar na estrada, invade sem cerimônia a cabine. O resultado é que, para ter silêncio, contente-se com um carro lerdo ou pise fundo e deleite-se com a barulheira. Talvez o amaciamento do motor torne as coisas um pouco menos sofríveis, mas isso é para ser constatado num futuro teste.



 

A J6 quebra o paradigma dos chineses oferecendo opcionais. Poucos, mas que levam o produto a um patamar de preço ainda não explorado pelas marcas conterrâneas. Gaste R$ 58.800 para levar a versão “básica”, com 5 lugares, e mais R$ 1.000 pelos 2 assentos extras. Tem mais dinheiro? Você pode escolher ainda bancos revestidos em couro (R$ 1.400 ou R$ 1.600, dependendo do número de lugares), rodas de alumínio de 17 polegadas (R$ 1.600) e pintura metálica (R$ 1.190). Tudo isso eleva o preço da minivan a R$ 62.990,00 (5 lugares) ou R$ 64.190,00 (7 lugares). Se não quiser opcional algum, você leva um carro com ar condicionado digital, direção hidráulica, vidros, travas e retrovisores elétricos - estes com piscas integrados, rádio com CD/MP3 player, entrada USB e comandos no volante, retrovisor interno eletrocrômico, porta-óculos, rodas de liga leve aro 16, faróis de neblina, sensor de estacionamento, airbag duplo e ABS com EBD, o que já é bastante coisa. Ficaram faltando um player melhor, com conexão Bluetooth e outras entradas auxiliares, um computador de bordo em lugar do reloginho digital no alto do painel e o tão desejado câmbio automático, principal demanda feita pelos consumidores que adquiriram a J6 na pré-venda.

Os concorrentes da JAC J6, pelo perfil, são a Nissan Grand Livina, a Chevrolet Zafira, a Citroën Xsara Picasso e a Kia Carens. Quanto ao design, a J6 se sai muito bem: a Zafira é ultrapassada, a Grand Livina é conservadora, a Picasso tem design fluido, porém datado, e a Kia Carens tem design mais recente mas ainda fora da linguagem atual de design da marca. Mas, na prática, o campo de batalha será um pouco mais restrito: a japonesa é a única que encara de frente a chinesa – ainda que Sergio Habib afirme ser o modelo da Nissan apenas uma “Livina esticada”. Fato é que a Grand Livina, além de ter preço semelhante com o mesmo nível de equipamentos, é mais bem acabada, bem mais desenvolta no trânsito e na estrada, mais silenciosa e conta com maior confiabilidade da parte do consumidor. A Zafira, nas mesmas condições, é cara demais (passa de R$ 70.000) e tem projeto antigo. Já a coreana Carens, não fosse tão cara (quase R$ 80.000, completa), poderia ser a concorrente mais próxima. E a Picasso leva vantagem por oferecer airbags laterais, ser mais barata e fabricada no Brasil, mas além de já estar há muito tempo no mercado, tem motor menos potente e garantia menor.

Falando em garantia, este com certeza é um dos grandes argumentos de venda da JAC. São 6 anos irrestritos, pacotes de revisões com preços fixos e peças baratas – promessas do presidente da marca, mesma estratégia para todos os modelos. O investimento na rede foi grande e a JAC tem se esforçado para oferecer bom atendimento. Se isso vai perdurar e todas as promessas serão cumpridas, só o tempo pode dizer. Sergio Habib pretende vender cerca de 1.500 unidades da J6 por mês; atributos para conquistar os clientes ela tem.


Viagem a convite da JAC Motors do Brasil

11 comentários:

  1. Achei a matéria desigual. Falar que a JAC precisa ainda mostrar a que veio, é no mínimo IRRACIONAL!!! Uma marca que fez os concorrentes baixarem os preços, aumentarem os ítens de segurança para acompanhar seus modelos, Carros com design e tecnologia sem igual, PRECISA AINDA MOSTRAR A QUE VEIO??????? Alguns BLOGS precisam esquecer o famoso "CTRL+C e CRTL+V" e simplesmente BUSCAR MELHOR AS INFORMAÇÔES!! Falar que a GRAN LIVINA "não é ESTICADA", "MAIS BEM ACABADA", "bem mais desenvolta no trânsito e na estrada, mais silenciosa e conta com maior confiabilidade da parte do consumidor"???? ACHO QUE SÓ PASSANDO NO MÍNIMO 5.000 COM O CARRO PARA SABER, OU COMPRANDO UMA.... DE RESTO, PURA ESPECULAÇAO! MATÉRIA SEM CRÉDITO!

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  2. Sr. Rodrigo,

    Nós testamos o carro e comprovamos o que foi dito na matéria. Sim, a J6 precisa mostrar a que veio, porque é um carro de segmento diferente dos demais já lançados pela JAC no Brasil. Não escrevemos nada aqui com base em opiniões passionais, somente informamos. Também não trabalhamos na base do "ctrl + c / ctrl + v", o que é especulação de sua parte. A propósito, foram destacados não somente defeitos, mas grandes qualidades do modelo - como o espaço interno, a qualidade construtiva, o bom nível de equipamentos e acabamento e a suspensão. Porém, o consumidor precisa ser informado com veracidade sobre o produto como um todo; este blog não é uma ferramenta de promoção deste ou daquele modelo.

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  3. Esta matériaz é exatamente o que eu estava procurando. Foi muito exclarecedor. Muito obrigado!!!

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  4. Comprei uma , realmente motor fraco, grande barulho nos engates das marchas ,fora isso restante excelente ...

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  5. Achei a matéria ótima e muito esclarecedora. Pena que não a li antes de comprar o meu J6 Diamond. Se arrependimento matasse, já estaria mortinha!!! O carro é ruim! Simples assim! No primeiro dia a bateria já arriou. Tive que chamar a assistência técnica. O motor é fraco, qualquer subidinha, só de primeira. O câmbio parece de carro velho, barulhento. Como o motor também barulhento. No segundo dia tive que levá-lo para concessionária porque estava com um "tuc" na frente : rodas ou suspensão, sei lá, consertaram. O carro estava todo tremendo quando parava no sinal. Os pedais têm uma vibração estranha, achei até que era massageador para os pés (essas coisas de chineses). Os bancos de trás não tem acabamento, em baixo, ficam soltando pedaços de espuma! Ou seja, péssimo!!! Socorro!!! Porque não comprei um Citroen... esse sim, já tive dois e hoje tenho o Pallas que é perfeito!!! Ah, esqueci, ainda tem o rádio que aumenta e abaixa sozinho...

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  6. Comprei um J6 Diamond e até agora não tive problemas. Realmente é um carro muito confortável, bom de dirigir. Fiz uma viagem com ele na estrada num dia de forte chuva e o carro seguiu firme. A única coisa que estranhei no começo foi o barulho no engate da marcha, mas já me adaptei. Como sugestão para as próximas versões seria o câmbio automático, acho que todos devem pensar a mesma coisa. Não entendi porque não tem bluetooth e computador de bordo, já que o que é vendido na China tem.

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  7. O computador de bordo, dizem que foi retirado por indicação do Detran uma vez que era conjunto com uma tela de DVD, coisa que não é permitida .... mas é o que ouvi dizerem!

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  8. tenho 1 e soh comprando para realmente dar opiniões que prestam, a quantidade de combinações dos 5 brancos traseiros e algo inedito, já que os 5 podem ser retirados, possibilitando qualquer tipo de combinação, passageiros X bagagem, logo se sua família é grande manda ver...............

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  9. Tenho um Azera completíssimo que comprei no final de 2010 (10/10). Paguei 85 mil e após um ano de uso, o carro esta com 18 mil KM.
    Porém é de espantar a desvalorização do carro que hoje vale pouco mais de 50 mil na troca ( na concessionária)
    O carro é maravilhoso, tenho a certeza que meu próximo carro não chegará nem aos pés do Azera que não tem similar no Brasil, com seu maravilhoso motor V6 e um acabamento primoroso.
    Mas porque coloco este comentário?
    Porque não compro mais carro pra perder tanto dinheiro na troca.
    Esse carro chinês pode até ser um bom carro, suas linhas são agradáveis mas com certeza na troca seu preço irá despencar.
    Pensando nisso vou comprar uma CRV Honda, por menos de 90 mil, um carro confiável que não precisa provar nada e na troca você perde muito pouco, embora não se compare com o Azera

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  10. Antes do Azera tive um corola, na troca não se perde quaze nada, mas o carro é bem ruim. Todo mole, entra mal nas curvas, enfim um carro pra andar devagar.
    A reportagem esqueceu de comparar o JAC 6 com o Honda Fit, que embora fraquinho é um excelente carro e os bancos também são modulados e o preço não cai nada. Tive 3 FIT e recomendo a que não gostar de muita aventura.

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  11. Obrigado pelos comentários, Carlos. Esclarecemos que o blog não avalia os carros como bens de capital, mas bens de consumo. Desta forma, cabe a análise destes como PRODUTOS, não como investimento - apesar de respeitarmos muito a opinião e as preferências de consumo de todos. Cabe também o esclarecimento quanto à comparação do J6 com o Fit: apesar de, em certas versões, o Honda Fit se equiparar à JAC J6, são carros de segmentos diferentes. A minivan chinesa concorre diretamente com Zafira, Grand Livina, Xsara Picasso e Carens, enquanto o Fit concorre com Idea, Livina, Meriva e C3 Picasso.

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