sexta-feira, 28 de outubro de 2011

VENÇAM OS MELHORES



ALTA RODA - Fernando Calmon



Mercado brasileiro de veículos – automóveis e comerciais leves e pesados – continuará crescendo em 2012, mas a um ritmo menor que em 2011. Essa é a essência das previsões de duas dezenas de altos executivos da indústria e de importadores, durante o recente Congresso Autodata Perspectivas 2012, em São Paulo.

A mudança relevante nos números estonteantes dos últimos oito anos, que elevaram o País à posição de quarto mercado mundial (sexto em produção), está na cadência. Será mais difícil, de agora em diante, superar a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), como ocorria até este ano. Em 2011, as vendas atingirão 3,7 milhões de unidades, 5% acima de 2010, enquanto PIB deverá subir em torno de 3,5%.

Para 2012, a maioria prevê o mercado acelerando 3% (pessimistas, 2%; otimistas, 4%), alinhado ao PIB. O bom ânimo dos palestrantes se deve ao desejo permanente da classe média emergida em adquirir um carro novo. Pesquisa da GfK indica que 16% dos brasileiros, em geral, demonstraram essa intenção para os próximos seis meses. Afinal, estamos longe da saturação dos mercados maduros. Este ano, vamos adquirir 19 veículos para cada grupo de 1.000 habitantes. Nos EUA, nos anos bons, são 60 para cada 1.000.

Na realidade, está nas mãos do governo a calibragem fina da demanda. Embora todos concordassem que a taxa de juros continuará a cair, o nível do crédito está sob controle para evitar desequilíbrios. Prazos de financiamento menores aumentaram as prestações na média em 20%. Por essa razão, quem ganha RS 2.000,00 deixa de atingir a renda mínima e acaba, quando muito, apenas trocando seu atual carrinho por outro menos usado, adiando o salto para o novo.

A consultora Letícia Costa sinalizou um ponto muito positivo: “Pela primeira vez vejo a economia brasileira, mesmo crescendo menos, mais previsível do que a global”. Porém, colocou suas preocupações sobre a inflação.

Quem acha que o IPI majorado para modelos importados de países sem parceria com o Brasil diminuirá a concorrência interna, engana-se. Estoques estão altos e as margens serão apertadas em 2012 e nos próximos anos. As quatro principais marcas continuarão encolhendo participação, embora ampliando investimentos porque a procura crescente compensa parte do que foi perdido. A PSA Peugeot Citroën, por exemplo, anuncia essa semana que dobrará sua capacidade produtiva em Porto Real (RJ).

Entre outras perspectivas positivas apontadas no congresso, destacam-se pelo menos duas. Em 2020, o Brasil poderá ser a quinta economia mundial, ultrapassando a Alemanha, mas batido pela Índia. Em curto prazo, a chinesa Chery pretende antecipar em seis meses, para o primeiro semestre de 2013, o início da produção em Jacareí (SP).

Ótimo que isso aconteça. Diferentes empresas, de várias origens, produzindo sob as mesmas condições econômicas, enfrentando as agruras do Custo Brasil, além da severa e complicada carga tributária. Também sem o conforto artificial da taxa de câmbio que faz dos brasileiros os reis, comprando no exterior, e plebeus em seu mercado interno.

É assim que deve ser e que vençam os melhores. Hora de parar de chorar, arregaçar as mangas e trabalhar.

RODA VIVA

MÉXICO reserva surpresas. Chevrolet produz lá o Aveo de geração anterior e importa o Sonic (novo Aveo) da Coreia do Sul. Decidiu fabricar, no próximo ano, versão simplificada do Sonic, já feito nos EUA, com motor menos potente e materiais mais baratos. Preço bom internamente e Brasil e Argentina poderão importá-lo sem imposto.

CORRENDO para aproveitar o apetitoso mercado brasileiro, Rolls-Royce abriu escritório no Brasil e nomeou como concessionário a Via Itália (também Ferrari, Lamborghini e Maserati). Loja, em São Paulo, estará aberta em seis meses para vender de 10 a 15 unidades/ano, do Ghost (R$ 2 milhões) ao Phantom (R$ 3 milhões). Significa 0,5% das vendas mundiais da marca.

ALÉM de completo e requintes como direção de assistência elétrica, subcompacto Kia Picanto (volta, por ora, aos R$ 35.000,00) tem estilo bem agradável. Atrás, largura limitada: conforto só para dois ocupantes. Ponto alto é o motor 3-cilindros, 1 litro / 80 cv (etanol). Nível de vibração incomoda um pouco, em relação a um 4-cilindros, porém o timbre do escapamento, perfeito.

PODE parecer milagre, mas não é. Na VIII Maratona Universitária da Eficiência Energética, no kartódromo de Interlagos, o vencedor dessa vez usou um motor a etanol. Equipe Etanóis, do Oeste do Paraná, marcou 736,395 km/l, novo recorde. Derrotou em economia de combustível a Equipe Ecoville, de Joinville. Com gasolina alcançou apenas 594,394 km/l.

DIA da Engenharia Alemã, na sede da Câmara Brasil Alemanha, em São Paulo, destacou uma observação do brasileiro Henning Dornbusch, presidente da BMW do Brasil. “Nos próximos 15 anos veremos mais desenvolvimento no setor automobilístico, considerando os desafios energéticos e ambientais, do que nos últimos 50 anos”. A coluna acrescenta: haja dinheiro...


Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV. 

Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação. 

fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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