quinta-feira, 2 de agosto de 2012

POLUIÇÃO NÃO É IGUAL PARA TODOS



ALTA RODA, Fernando Calmon



Ao entrar no quarto ano de inspeção técnica ambiental para toda a frota da cidade de São Paulo, pode-se afirmar que se trata de uma ação bem sucedida. Em 2011, cerca de 3.200.000 veículos passaram pelas linhas de inspeção, incluindo automóveis, motocicletas, caminhões e ônibus.

A partir das estatísticas da concessionária do serviço, Controlar, um mito já pode ser desfeito. A maior cidade do país está longe da frota “monstruosa” de sete milhões de veículos que lhe é atribuída pelos dados distorcidos do Denatran. A empresa estima a evasão – veículos antigos que poluem muito, mas rodam relativamente pouco – em 30%. A frota real estaria, portanto, em torno de 4,5 milhões de unidades. Simplesmente, o Denatran não pondera o sucateamento natural de veículos ao impor regras complicadas ao último proprietário.

O controle da frota é fundamental para qualquer planejamento viário, análise de poluição do ar, inspeção de segurança e incidências de mortos e feridos no trânsito. Números artificialmente elevados de veículos em circulação mascaram as taxas de acidentalidade. Se o divisor fosse próximo da realidade, os 40.000 mortos por ano colocariam o Brasil em posição ainda mais vexaminosa no quadro mundial.

Hoje, apenas a cidade de São Paulo e o Estado do Rio de Janeiro fazem inspeções regulares. No segundo caso, além de emissões, há checagem de poucos itens de segurança, de forma superficial e tarifa muito cara. Uma verdadeira e confiável inspeção técnica veicular (incluindo a ambiental) ainda está esquecida no Congresso Nacional. O que existe é a obrigatoriedade de inspeção de emissões, imposta pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) a todos os Estados sob critérios discutíveis e desconectada da realidade.

Uma inspeção unificada permitiria tarifas menores e atacaria o problema maior, os riscos de acidentes por falta de controle de manutenção. Não se trata de menosprezar a qualidade do ar e seus reflexos na saúde. Clama-se por racionalidade. Afinal, São Paulo e uma cidade à beira-mar no Nordeste mostram cenários bem distintos de poluição.

A Controlar, depois de muita insistência, abriu alguns de seus números e se esforçou para tentar provar a importância de inspecionar automóveis de até três anos de uso. Em 2011, o índice de reprovação na primeira vistoria para carros fabricados em 2010 foi de ridículo 1%; em 2009, 2%; em 2008, 3%. Nesses percentuais se incluem táxis e veículos de frota que, por rodarem bastante, ficam mais sujeitos a desconformidades e devem ser inspecionados em intervalos menores.

Veículos com motor a diesel, incluídos picapes e SUVs, tiveram índices elevados de reprovação inicial: 15%, 16% e 14%, respectivamente. Motocicletas: 4%, 7% e 18% para os mesmos anos de fabricação (2010, 2009 e 2008).  As frotas problemáticas são essas e não os carros com motores a gasolina, etanol ou flex com três anos de uso. Os movidos a GNV foram os piores por falta de controle sobre a instalação de kits de adaptação. A melhora do ar na cidade ocorre com ajuda da inspeção, mas fatores atmosféricos aleatórios também influenciam.

A concessionária insiste em inspecionar carros seminovos pelo equilíbrio financeiro do seu negócio, pois a evasão é baixíssima. Se fossem dispensados, como a regra nos demais países, a renovação de frota poderia se acelerar. Haveria estímulo para troca de automóvel e se livrar, a cada ano, do maçante processo burocrático (agendamento, boleto e inspeção).

Tarifa cobrada pela Controlar baixou para R$ 44,36, mas deveria ser menor para automóveis recentes. Estes dispõem de sistema de diagnose a bordo, mais confiável e que encurta o tempo de inspeção.

RODA VIVA

AUMENTA a fila de marcas que querem instalar fábricas no Brasil, mas pedem uma solução ao governo para o adicional de IPI para quem hoje é apenas importador. A JAC jogou a toalha e está à espera, como BMW, Land Rover, Habin Hafei e Changan, de uma abertura de “sobrevivência” com cotas de importação até o início da produção.

GRUPO Caoa confirma o início da montagem do SUV compacto Hyundai ix35, no final do ano, em suas instalações de Anápolis (GO). Mas não marcou data para encerrar a produção do Tucson, que no exterior foi substituído pelo ix35. Pelo jeito, a convivência de duas gerações de um mesmo modelo é vírus disseminado no mercado brasileiro.

EQUILIBRAR bem esportividade e acabamento de alto padrão é a fórmula que a Citroën achou no DS3. O compacto de duas portas conta com motor turbo 1,6 l/165 cv, de estirpe BMW, e acerto de suspensões bem firme para aproveitar ao máximo a emoção nas curvas. Opção única de câmbio manual de seis marchas está adequada ao espírito do modelo, na faixa dos R$ 80.000.

INVERNO é tempo de não esquecer de ligar ar-condicionado, no ciclo frio, uma vez por semana. Mantém lubrificados componentes do sistema e evita gastos com manutenção. Também ajuda a eliminar odores e fungos nas tubulações, em razão do longo período sem utilização.


Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV. 


Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.

fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

Nenhum comentário:

Postar um comentário