sábado, 4 de agosto de 2012

SOLUÇÕES FLEXÍVEIS





Apesar do futuro mais remoto apontar a mobilidade elétrica como a solução prevalente, em médio prazo o uso combinado de motores elétricos e os tradicionais a combustão interna otimizados para consumo de combustível até 30% menor terá espaço garantido.

Segundo o grupo alemão Schaeffler, em processo de fusão com a Continental para formar o maior conglomerado mundial de fornecedores da indústria automobilística, no mínimo 90% dos veículos produzidos em 2020 estarão equipados com motores a combustão interna. No entanto, os estudos também apontam que metade destes modelos receberão motores elétricos que vão interagir de formas diferentes dentro dos conceitos de hibridização.

Entre os avanços que a empresa tem trabalhado, nos motores convencionais, estão otimização da termodinâmica, minimização de perdas por bombeamento e atrito, uso de dispositivos auxiliares controlados por demanda, gerenciamento térmico direcionado, downsizing/downspeeding (sobrealimentação para reduzir cilindrada e obter torque a rotações mais baixas), além da função desligar-ligar o motor.

Um programa específico, em conjunto com a Porsche, levou a expressivos 10,1% de redução de consumo de gasolina em um Cayenne, trabalhando tanto no motor V-8 como no veículo. Desse total, 5,8% de economia vieram do motor, 1,1% nos rolamentos dos dois diferenciais e 3,2% nas barras estabilizadoras hidráulicas das suspensões.

O conceito híbrido da companhia nasceu de um balcão de ideias que não necessariamente será transposto na totalidade para um carro de grande produção. Além do motor de combustão interna (MCI) e um motor elétrico central, há outra solução que inclui dois motores elétricos acoplados aos cubos de roda. O MCI pode trabalhar em paralelo ou em série, neste caso para estender a autonomia da bateria. O motor elétrico central e a caixa de câmbio automatizada de duas embreagens, unidos por correia dentada, movem as rodas dianteiras.

Quanto à tração totalmente elétrica, o veículo de testes é uma perua Skoda Octavia Scout 4x4. Nele foi aplicado o conceito de diferenciais elétricos ativos, nos eixos dianteiro e traseiro. Nestes diferenciais há motores elétricos síncronos de magneto permanente, refrigerados a água, que ajudam a aumentar a potência total disponível. Trabalham com o conceito de vetorização de torque, distribuindo-o entre as rodas do lado direito e esquerdo de forma mais imediata e precisa, em qualquer tipo de superfície, de asfalto molhado até terra enlameada. Há grande ganho em dirigibilidade, segurança e conforto.

A combinação de todas essas pesquisas e aplicações práticas levou a empresa a propor um carro-conceito que batizou de eSolutions. Na realidade, o objetivo é desenvolver para os fabricantes de veículos soluções de chassi e trem de força, baseadas em eletricidade, sem preocupação com forma da carroceria, estilo ou configuração interna. Trata-se de uma plataforma flexível que pode evoluir, qualquer que seja o ritmo imposto pela realidade econômica de infraestrutura na implantação da mobilidade futura.


Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV. 

Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.

fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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