ALTA RODA, Fernando Calmon
Ford Mondeo |
Renault Fluence GT |
A terceira
rodada de testes de colisão contra barreira fixa, realizada pela ONG Latin NCAP
(acrônimo em inglês para Programa de Avaliação de Carros Novos, da América
Latina), continua a trazer interrogações. A entidade sediada no Uruguai tem
bons discursos, pois trata de estimular por efeito comparativo o nível de segurança
passiva dos veículos.
Existem pelo
menos seis desses programas em diferentes regiões produtivas do mundo. Os
métodos não conversam entre si. Há diferenças marcantes entre modo de colisão
contra barreira fixa (frente toda ou parcial), velocidade de choque, impactos
laterais (perpendiculares e contra obstáculo cilíndrico), além de proteções
específicas para crianças a bordo e simulação de atropelamento de pedestre.
Classificação
de zero a cinco estrelas é por meio de pontuação que avalia ferimentos em
bonecos antropométricos sensorizados. Algumas distorções não são explicitadas pelo
Latin NCAP, como a velocidade de impacto. Regulamentos da ONU sugerem 56 km/h,
mas aqui a ONG usa 64 km/h. Essa diferença, que vem sendo eliminada, decorre de
custos de produção e poder aquisitivo de cada mercado.
A China tem
seu próprio NCAP e já concordou com a velocidade maior, o que encarecerá a
estrutura de seus carros. Afinal, o Geeky CK1 (sem airbags) não conseguiu
nenhuma estrela, em 2010, e o JAC J3 foi o único modelo, mesmo com airbags
frontais, que alcançou apenas uma estrela, em 2012. Oito automóveis compactos fabricados
no Brasil (Celta, Corsa Classic, Gol, Ka, Palio, Sandero, Uno e 207) também
ficaram com uma estrela, quando testados sem airbags. Se serve de consolo,
veículos chineses são (bem) inferiores nessa segurança aos produzidos no
Brasil.
Há outras curiosidades
com a pontuação. March mexicano, com airbags frontais, ganhou duas estrelas
(2011) e o europeu, cinco. O modelo vendido na Europa tem mais equipamentos,
mas estruturalmente são iguais: três estrelas de diferença mostram algo errado
na metodologia.
Colocaram aqui
um mínimo de 14 pontos para o veículo ser cinco estrelas, enquanto na Europa
esse limite é “flexível”. No site da EuroNCAP, Chevrolet Volt aparece com 11,6
pontos em impacto frontal e recebe cinco estrelas (2011), enquanto o Cruze com
13,18 pontos (2011) se classificou com quatro estrelas no Latin NCAP. Excesso
de zelo para os fabricados na América Latina?
Essas
trapalhadas só acontecem pela omissão dos legisladores da região em criar um
padrão de segurança coerente e mais severo ao longo do tempo. O nosso continente
é o único para o qual a organização Euro NCAP conseguiu exportar seus negócios
e métodos, com pouca discussão técnica sobre a realidade dos mercados.
Latin NCAP
gosta de repetir que os modelos mais vendidos aqui estão 20 anos atrasados em
relação aos mercados centrais. Mas se esqueceu de comentar que dos 26
automóveis testados contra a barreira, em três anos, há mais modelos, nove, com
quatros estrelas (City, Corolla, Cruze, Etios, Fiesta, Fluence, Focus, Polo e
Tiida), do que com uma estrela. E vários dos atuais “uma-estrela” receberão
outra, quando a legislação tornar airbags obrigatórios, parte em 2013 e a
totalidade em 2014.
RODA VIVA
PARA quem gosta de comparar preços do Brasil
com o exterior, esquece de ver a Europa. Bom exemplo é Fusion Titanium
mexicano, carro praticamente igual ao alemão Mondeo Titanium. Aqui, o
médio-grande da Ford custa R$ 113.000 e lá, 33.750 euros (R$ 91.000). Se
igualadas as cargas fiscais, os preços são iguais ou até um pouco mais caro na
Europa.
CARLOS GHOSN, presidente mundial da Renault-Nissan, em visita ao Brasil,
fez primeira previsão de um executivo do setor sobre o mercado brasileiro em
2013. Ele acredita em elevação nas vendas de automóveis e comerciais leves de
2%, metade em termos nominais do que deve crescer a economia (4%). Ano será
mais difícil sem o incentivo do IPI menor.
FLUENCE GT (R$ 79.370) é dos poucos produtos fabricados no Mercosul que não
vilipendiou a sigla Grã Turismo. Além do motor turbo 2 litros/180 cv (37 cv a
mais), o carro tem apêndices e apliques discretos, além de câmbio manual.
Suspensão recalibrada e o torque de 30,6 kgf.m formam boa combinação para quem
quer algo mais de um honesto sedã familiar.
REDUÇÃO de até 35% no consumo de
combustível é esperada nos motores de F-1, em 2014, segundo a Magneti Marelli.
O downsizing parte de um V-8 aspirado/2,4
L para um híbrido V-6 com eletroturbo/1,6 L. Pela primeira vez, se utilizará
injeção direta de gasolina a 500 bares de pressão e a empresa será única
responsável pelos novos injetores. Potência se manterá em 700 cv.
RASTREADOR/BLOQUEADOR de veículos com
comando por voz e controle remoto foi desenvolvido pela LocatorOne, de Campinas
(SP), especializada em soluções de segurança sem pagamento de mensalidades. O
ABR – Super também detecta tentativas de interferência eletrônicas (jamming) sobre o GPS. Preço: R$
1.220,00. Pormenores em www.locatorone.com.br.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário