Por Rodrigo Rego e Maximiliano Moraes, de Valinhos (SP)
Fotos: Maximiliano Moraes
Um dos carros mais queridos do Brasil, com mais de 35 anos de história, o Volkswagen Gol iniciou o ano de 2016 de cara renovada. Claro, a ideia não era aplicar botox para melhorar a auto-estima somente, mas reconquistar clientes que mesmo satisfeitos com as qualidades do ex-queridinho do mercado se cansaram dos erros de projeto e da demora para mudar, migrando para a concorrência e passando a comprar muito mais Onix e HB20.
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Frente ganhou novos faróis, grade, capô e para-choque, com entrada de ar maior |
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Traseira evoluiu para se parecer com a do Polo europeu, com novas lanternas com efeito tridimensional |
Em grande parte o resultado agrada. No exterior as mudanças na grade, faróis, lanternas e para-choques, além de detalhes como rodas e novas cores no catálogo - como a Azul Lagoon, do carro avaliado, que chamou muito a atenção por onde passamos -, fizeram o Gol realmente parecer mais jovem do que é. As maiores modificações, porém, estão no interior, que ficou bem (BEM) mais interessante. Além do acabamento mais refinado e do novo layout geral, há mais tecnologia embarcada e outros acessórios para ajudar na dirigibilidade, alguns deles presentes somente na versão de topo avaliada, Highline. São destaques o computador de bordo bem mais completo e a central multimídia Discover Media - que traz GPS, Bluetooth, entradas auxiliar e USB, comando por voz e pareamento de smartphones via Bluetooth, Android Auto ou Apple CarPlay.
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Interior tem novo painel, com acabamento mais refinado e linhas inspiradas nas do Golf |
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Central Discover Media se destaca como a melhor do segmento |
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Computador de bordo também está mais completo e com visualização mais fácil |
A central Discover Media, opcional para as versões Comfortline e Highline, merece ser citada à parte. Extremamente intuitiva, rápida e completa, com layout limpo, gráficos modernos e possibilidade de acesso aos comandos por voz, além, claro, do pareamento de smartphones, ela é sem dúvida a melhor dentre todos os carros de mesmo segmento hoje no país. Apenas a qualidade do áudio poderia ser melhor, mas isso não é culpa da central em si.
O volante também é novo, multifuncional e com ajuste de altura e distância. Os sensores de luminosidade e estacionamento são muito bem-vindos. Interessante, porém, é que muitos itens de conveniência e segurança presentes na irmã Saveiro (que, apesar de ter ganhado identidade visual própria, continua derivada do Gol - leia o teste aqui) não aparecem no hatch nem como opcionais da versão mais cara. É o caso do sensor de estacionamento dianteiro e do assistente de saídas em rampa, que passam a fazem falta depois de você se acostumar com eles em outros modelos da mesma linha.
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Bancos são cansativos em viagens, mas... |
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...câmbio continua sendo referência |
O Gol continua com acerto de suspensão entre o confortável e o "durinho". Porém as rodas com aro de 16 polegadas e os pneus de perfil mais baixo (195/50), ainda que deixem o Gol ainda melhor de curva - e ele já é ótimo -, transmitem mais irregularidades da pista para a cabine. Os bancos, infelizmente, não são os melhores do segmento e cansam numa viagem mais longa, graças ao encosto reto demais, ao assento curto e ao ajuste de altura que muda o ângulo de inclinação do assento. O cambio, por outro lado, continua sendo referência. A alavanca ainda é um pouco barulhenta, mas os engates são rápidos e as trocas macias como manteiga.
O desempenho continua excelente, especialmente quando olhamos para os números de potência e torque. O motor não foi trocado, é o mesmo EA111 1.6 8v de 104 cv e 15,6 kgfm de torque com etanol - o 1.6 16v de 120 cv ficou só na Saveiro por enquanto. Mas pesando pouco (exatamente 1.026 kg), com o torque máximo chegando já em 2.500 rotações e com relações de marcha que privilegiam a agilidade em arrancadas e retomadas, o Gol consegue extrair o melhor que este motor consegue oferecer, com consumo mediano. Sem leveza no pé conseguimos média urbana de 7,1 km/l e rodoviária superior a 12 km/l, usando somente etanol.
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Detalhes do novo Gol 2017: acendimento automático dos faróis (sensor de luminosidade) |
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Detalhes do novo Gol 2017: volante multifuncional com comandos de voz |
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Detalhes do novo Gol 2017: Cruise-control (controlador de velocidade) |
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Detalhes do novo Gol 2017: suporte para celular com entrada USB para carregador |
Os preços estão na média da concorrência. O preço-base da versão Highline manual é de R$ 52.640,00, podendo chegar a R$ 59.096,00 como o da avaliada. O Chevrolet Onix LTZ manual tem preço sugerido no site de R$ 52.890,00 e o único pacote de opcionais, que inclui câmbio automático de 6 marchas, leva seu preço para R$ 59.740,00. Já o Hyundai HB20 1.6 Comfort Style manual sai por R$ 54.245,00 mas ultrapassa os R$ 60 mil com todos os opcionais.
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Espaço no banco traseiro é apenas razoável, assim como... |
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...o porta-malas de 285 litros, que na versão Highline vem com redinha "à la" Audi |
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O acabamento do restante da cabine e das portas não segue o padrão do painel renovado |
Ainda há o que melhorar, é óbvio, mas não adianta esperar que nesta geração isso mude. É o caso do posicionamento inadequado dos comandos dos vidros elétricos traseiros no painel, da falta de porta-objetos e de um console central mais decente, do acabamento geral da cabine (só o do painel mudou) e até dos ajustes do banco do motorista, de que já falamos. É mérito da VW, porém, ter melhorado o que o comprador mais olha e mais mexe - a aparência da carroceria e o painel -, além de ter agregado valor ao produto com itens tecnológicos e de conveniência que tornam a vida do motorista muito mais prática. E ainda que tenha melhorado, não perdeu sua essência: continua Gol.
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