O Nissan Sentra é um excelente carro, não há dúvida. E ficou mais bonito depois que assumiu a linguagem atual de design da marca, com nova frente e lanternas traseiras com nova disposição de luzes - perderam os leds, mas continuam bonitas. O acabamento interno também está melhor e mesmo a versão S, mais barata da gama, traz materiais refinados e montagem esmerada.
Mas não é fácil concorrer num segmento tão competitivo e com modelos cada vez mais eficientes, tanto sob o ponto de vista do desempenho quanto do consumo. Isso, sem falar no apelo mercadológico: a "moda" agora é ter motor pequeno e turbinado. Se ainda não dá para competir com os novos motores - o 2.0 16v Flex do Sentra é um dos menos potentes do segmento (140 cv), apesar de ter torque satisfatório (20 kgfm a 4.800 rpm) - ele ataca em outras frentes, especialmente no custo x benefício.
Dentre as versões de entrada dos sedãs médios disponíveis em nosso mercado o Sentra S é um dos mais em conta. Mas como preço, espaço, conforto e silêncio a bordo não são mais suficientes para conquistar a exigente clientela de sedãs médios no Brasil, a Nissan recheou o Sentra S com equipamentos só disponíveis em versões mais caras de sedãs concorrentes.
É o caso dos controles de tração e estabilidade, da chave presencial, da partida por botão e do sensor crepuscular. Ar condicionado, vidros com acionamento elétrico, computador de bordo, direção elétrica com coluna regulável em altura e distância, volante multifuncional revestido em couro, computador de bordo, sistema de áudio com rádio, CD/MP3 player com entrada auxiliar, para iPod e USB, regulagem elétrica dos retrovisores, sensor de estacionamento, rodas de liga com aro 16, faróis de neblina, airbag duplo e freios a disco nas 4 rodas com ABS e EBD também fazem parte do pacote de entrada.
É bastante coisa, mas há itens dos quais sentimos falta. Duas bolsas frontais é o que a legislação manda colocar, mas sedã familiar precisa de mais que isso. Retrovisor eletrocrômico, one-touch para todos os vidros (só o do motorista tem) e uma central multimídia, ainda que mais simples do que a que equipa a versão SL, também seriam bem-vindos. O sistema de áudio tem Bluetooth, mas o pareamento de celulares não é nada intuitivo. Por fim, seria bom haver saídas do ar condicionado para o banco traseiro.
Procurar esportividade no Sentra é bobagem. Este sedã nasceu para ser confortável, familiar e seguro, e ele é todo sobre isso. Mesmo a versão S, aliás, consegue ser mais bem montada e refinada que algumas topo-de-linha de concorrentes. Os bancos são revestidos em tecido agradável ao toque e há porções generosas do mesmo tecido nas portas, sempre onde mãos e braços alcançam. A parte superior do painel é totalmente coberta de material macio e há apliques em plástico preto brilhante ou que imita alumínio, sempre com encaixes perfeitos.
O espaço interno também é excelente na frente, atrás e no porta-malas. No banco traseiro 3 pessoas não encontrarão aperto algum, todos ainda dispondo de encostos de cabeça e cintos de segurança. O silêncio a bordo só é interrompido pelo ruído do motor em acelerações mais fortes, quando o câmbio CVT o obriga a manter os giros em alta constante. A suspensão macia é capaz de manter o carro neutro e equilibrado em curvas fechadas, não fazendo falta um sistema independente na traseira como fariam em sedãs com apelo esportivo. Na estrada a direção com assistência elétrica confunde conforto com moleza e poderia ser um tiquinho mais pesada, mas, ao mesmo tempo, permite manobras com o esforço de um único dedo.
O desempenho é bom, suficiente para a proposta. Não é excelente e, outra vez, não inspira absolutamente nenhuma esportividade. O câmbio, outra vez ele, mantém o giro baixo na maioria das situações de tráfego urbano ou na estrada e isso ajuda, inclusive, a reduzir o consumo. Simulamos 4 situações e marcamos as médias do computador de bordo, sempre com etanol no tanque:
- Na estrada, vazio: 11,7 km/l
- Na estrada, cheio: 10,3 km/l
- Na cidade, dirigindo economicamente (preferindo vias sem tráfego, trechos planos, sem acelerações bruscas e usando o ar condicionado somente quando imprescindível): 7,4 km/l
- Na cidade, dirigindo normalmente: 6,7 km/l
- MÉDIA: 9,02 km/l
O Nissan Sentra S tem preço sugerido de R$ 79.990,00. Quem quer um sedã oriental, como dissemos antes, tem outras opções mais baratas, mas sempre perdendo alguma coisa: o Kia Cerato custa R$ 6 mil a menos (R$ 73.990,00), mas o desempenho é comprometido pelo uso do motor 1.6 16v com câmbio automático de 6 marchas. Já o Toyota Corolla GLi, que custa, com câmbio CVT, R$ 69.040,00, se vira bem com o motor 1.8 16v mas a lista de equipamentos é pobre demais, trazendo como diferenciais somente os 5 airbags e o sistema Isofix no banco traseiro.
Falando nele, é bom pontuar que nem mesmo a versão Altis do Corolla traz controles de tração e estabilidade, enquanto outros modelos oferecem esses controles somente a partir de versões intermediárias e mais caras. Ademais, a não ser por detalhes, no Sentra S o comprador não se sentirá em um carro básico e ainda desfrutará da mesma dinâmica de rodagem, do mesmo silêncio a bordo e do mesmo espaço que a versão SL, além de de itens de segurança que agregam muito mais valor do que a etiqueta de preço sugere.
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