sexta-feira, 3 de março de 2017

CHEVROLET TRACKER LTZ 1.4 TURBO - AVALIAÇÃO


Por Maximiliano Moraes
Fotos: Rodrigo Fernandes / Divulgação


Foi em agosto de 2015 que dirigimos o Chevrolet Tracker pela primeira vez. Elogiamos a dirigibilidade, o acabamento e o consumo, mas não deu para fazer vista grossa ao câmbio, ao porta-malas, ao preço e à falta de equipamentos que justificassem o que ele custava. Um ano e meio passou desde então e a versão 2017 do SUV, que foi apresentada ano passado no Salão do Automóvel e também em evento divulgado exclusivamente em redes sociais (o Tracker Talks The City), caiu em nossas mãos. E, rapaz, é outro carro.



Esteticamente ele nem mudou tanto assim, mas foi onde precisava. A traseira ficou quase igual, a não ser pelo novo para-choque e pelo novo desenho interno das lanternas. Na lateral só as rodas com desenho diferente dizem que o carro é novo. A frente, porém, ganhou um perfil mais afilado, chique e moderno. Os faróis receberam novo formato, luzes principais elipsoidais e DRL's, a grade (que não é funcional - o ar passa pela enorme entrada de ar abaixo da grade) ficou mais fina, o para-choque se tornou mais agressivo e todo o conjunto contribuiu para trazer uma imagem mais refinada ao Tracker.

Layout e acabamento melhoraram, mas o segundo porta-luvas sumiu

Na cabine a evolução foi ainda mais notória. O volante e a alavanca de câmbio são os mesmos utilizados antes, mas o layout geral mudou. O painel digital foi substituído por velocímetro (ao centro) e conta-giros (à esquerda) analógicos, mais uma tela para o computador de bordo à direita. A tela da central MyLink subiu e as saídas centrais do ar condicionado, que ficavam no topo do painel, agora estão ao lado da tela. Há ainda uma faixa central revestida em couro que começa nas saídas laterais de ar e traz uma sensação de requinte que o modelo anterior, mesmo bem acabado, não tinha. Contribuem para isso as cores mais escuras no painel, bancos (revestidos em couro na versão LTZ) e portas. Apesar da evolução, sentimos falta do segundo porta-luvas, que ficava logo acima do principal.

Teto solar está presente somente na versão LTZ

O espaço interno é suficiente para 4 pessoas e apertado para 5. Isso porque o túnel central atrapalha um pouco a vida a bordo do quinto passageiro, que tem ainda uma porção mais estreita de assento para se acomodar mas, pelo menos, tem encosto de cabeça à disposição. Menos mal que o banco traseiro, que conta com Isofix, corra sobre trilhos para aumentar o parco espaço do porta-malas, que comporta, segundo dados de fábrica, somente 306 litros. É compartimento de hatch, não de SUV.


Aliás, em grande parte o Tracker se comporta como um hatch alto. Bem assentado e com entre-eixos curto (2,55 m), ele é mais ágil que a maioria dos SUVs concorrentes. O antigo já era gostoso de dirigir, mas agora ficou ainda melhor graças à direção elétrica, ao ajuste mais firme da suspensão e aos pneus de perfil baixo 215/55 pneus assentados em rodas com aro 18 (LTZ) ou 16 (LT). Só a posição de dirigir alta e alguma oscilação lateral causadas pelo centro de gravidade mais alto denunciam sua verdadeira natureza, mas ele não deixa a desejar quanto à dirigibilidade em nenhuma situação.

Sensores de aproximação lateral e de tráfego cruzado são inéditos na linha

Há que se considerar a falta de controles de estabilidade e tração em todas as versões, ausência justificada, segundo a Chevrolet, pelo preço atrativo. Pelo menos o Tracker tenta compensar com a inclusão de alertas de aproximação lateral e tráfego cruzado, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré, partida remota e, por mais R$ 3 mil, airbags laterais e de cortina. A unidade que testamos, aliás, era a mais equipada da linha (LTZ + airbags extras), que traz ainda teto solar com acionamento elétrico, banco do passageiro rebatível e retrovisores externos aquecidos.

Na dianteira, faróis são completamente novos e seguem os contornos usados no Cruze...

...enquanto na traseira as lanternas mantiveram o formato mas ganharam novo arranjo interno de luzes

A versão LT também não é das mais peladas. Ar condicionado, Isofix no banco traseiro, vidros com comandos elétricos e one-touch nas 4 portas, cruise control, partida por botão, sistema start-stop, volante multifuncional, coluna de direção regulável em altura e profundidade, OnStar e MyLink com Android Auto e Apple CarPlay são itens de série. Mas quem espera um SUV completíssimo vai sentir falta de ar digital, os já citados controles de estabilidade e tração, retrovisor interno eletrocrômico, sensor crepuscular, freios a disco nas rodas traseiras e uma coisa menos incômoda para trocas de marcha manuais do que o recorrente botãozinho na alavanca de câmbio, que obriga o motorista a dirigir com só uma das mãos. Outra vez a GM justifica as ausências como forma de conter o preço.

Motor é o mesmo do Cruze, 1.4 Turboflex de 153 cv e 24,5 kgfm

Falando nisso, dentre as mudanças que chegaram à linha 2017 do Chevrolet Tracker nenhuma foi tão boa quanto a adoção do motor 1.4 Turboflex de 153 cv e 24,5 kgfm com etanol, o mesmo que equipa o Cruze e o Cruze Sport6. Com as relações da transmissão revistas todo o torque pode ser explorado sem buracos entre as marchas e sem atrasos nas reduções, coisa que costumava acontecer com a versão equipada com motor 1.8 16v. O resultado, segundo a Chevrolet, é a aceleração de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos, 2,1 s mais rápido que antes. O melhor é que mesmo com o melhor desempenho entre os SUVs compactos de mesma faixa de preço o consumo do Tracker não pesa no bolso. Nossas médias superaram os 12 km/l com gasolina rodando 90% do tempo na cidade.


COMPENSA?

Com preços sugeridos no site de R$ 79.990,00 a versão LT, R$ 89.990,00 a LTZ e R$ 92.990,00 se vier com airbags laterais e de cortina, o Chevrolet Tracker é uma das opções mais em conta no segmento de SUVs compactos. Nenhum outro com preço abaixo de R$ 100 mil, aliás, traz motor turbinado associado à transmissão automática - o Peugeot 2008 1.6 THP só tem câmbio manual e o novo Suzuki Vitara com motor 1.4 Turbo e câmbio AT custa a partir de R$ 107 mil.


Com desempenho excelente, baixo consumo, boa dirigibilidade e acabamento melhorado, ele peca por não trazer itens de segurança importantes e alguns equipamentos básicos para um carro dessa faixa de preço, como ar digital e retrovisor eletrocrômico, além de oferecer pouco espaço para bagagem. Não liga para os equipamentos que ele não tem, não precisa de tanto espaço e dá valor para um desempenho mais vibrante? O novo Tracker é seu número. 

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