segunda-feira, 14 de setembro de 2009

CHEVROLET CLASSIC VHC E


Life? Spirit? Nada disso: o Chevrolet Classic agora vem em versão única de acabamento. Eram de se esperar as especulações sobre o fim da linha para o Classic, especialmente depois do lançamento da versão 1.0 VHC E do Prisma e considerando ainda a simplificação progressiva de seu nome com o passar dos anos. Quando foi lançado, ele era chamado de Corsa Sedan. Em seu auge e antes do lançamento da nova versão, que fez esta passar a usar o sobrenome Classic, ele chegou a ter motorizações 1.0 e 1.6, ambas com 8 e 16 válvulas, e até uma versão automática. Suas nomenclaturas chegavam ao exagero de “Corsa Sedan 1.6 MPFI 8v GLS Automático”. Hoje, coitado, poucos se lembram de seus tempos de glória. No máximo, qualquer comentário sobre ele se resume a algo como: “Ah, o Classic?”


Coitado? Que nada. Em sua simplicidade espartana, ele vende como pão quente, sempre ficando dentre os primeiros colocados em vendas no mercado de novos. Também, pudera: um projeto já amortizado e sem qualquer atualização importante em anos pode (e deve) ter preço inferior, grande argumento de venda. No caso do Classic, suas maiores vantagens são o fato de ser um sedã, ter mecânica confiável, manutenção barata e preço de hatch de entrada. Parece covardia.



Mas será? A maior expectativa em torno de um sedã é o espaço. E até para avaliar a necessidade de espaço é preciso pensar bem, porque nem tudo que se oferece como tal realmente o é. É claro que pretendo comparar modelos que têm o mínimo de conforto necessário para um ser humano normal, que se irrita com vidros embaçados em dia de chuva, que sente frio e que se preocupa com a má qualidade do asfalto de sua cidade – por isso, tem medo que o cárter fure com alguma pedra. Desta forma, incluo sempre a trilogia ar quente / desembaçador traseiro / protetor de cárter, que se não pode ser considerada nenhum pacote-conforto, pelo menos é o mínimo que qualquer consumidor pede num carro básico.

O Classic é o único dos carros de entrada com preço até 27 mil reais (R$ 26.739,00, para ser exato) que tem um portamalas mais decente. Os outros são hatches, onde, para viajar, é necessário espremer peças que não amarrotam em mochilas ou em sacolas da CVC. Porém, se você pensa em encher o portamalas do Classic, isso significa tentar encher também a cabine de gente, e aí vai surgir um probleminha. Isso porque o Classic é apertado demais; o espaço entre banco do motorista e pedais é somente normal, seu volante é muito baixo e ele é pra lá de estreito. Sobre o espaço no banco traseiro eu prefiro não comentar. Não que os hatches concorrentes sejam latifúndios, mas eu encontro pelo menos 3 ou 4 carros com mais espaço e preço semelhante.


Começo comparando o Classic com o Fiat Mille Economy, o racional dentre os racionais. Ok, ele é duro, inseguro e simples além da conta (se bem que o novo painel com econômetro deixou o interior bem mais vistoso à noite), mas anda muitíssimo bem para um 1.0 (resultado do pouco peso), é muito econômico e ainda desfruta do ótimo aproveitamento do espaço interno que seu design de bota ortopédica lhe proporciona. Como se não bastasse, é o mais barato dentre todos os modelos nacionais de entrada e sua manutenção é fácil e barata – isso, quando é necessária. Isso, sim, é covardia.

Depois, tem o Ford Ka. Lerdo e somente com 2 portas, ele se sobressai por ter itens de série que outros não têm (travas elétricas, alarme e abertura interna de portamalas), por ter um design que agrada (à maioria, pelo menos) e por ser muito bom de dirigir, sendo citado como referência em acerto de motor, câmbio e suspensão. Fora isso, seu primeiro pacote de opcionais inclui ar quente, lavador, limpador e desembaçador traseiro e vidros elétricos, o preço ainda assim não ultrapassa R$ 26.350,00 e ele é mais espaçoso que o Classic, na frente e atrás. Boa opção, não acha?


Cito ainda o Peugeot 206 1.4. Ele é tão apertado quanto o Classic, especialmente nos bancos de trás, mas tem sido vendido, na versão com 2 portas, por parcos R$ 25.990,00! E veja que estamos falando de um carro 1.4, com mais torque e potência e com acabamento superior. Além disso, como o Ka ele traz itens de série que nenhum outro modelo de entrada tem, como aviso sonoro de chaves no contato, de luzes acesas e de entrada na reserva do tanque de combustível, regulagem de altura da coluna de direção e timer dos faróis após desligamento do carro. Certo, esses itens não passam de perfumaria, mas em carros de entrada qualquer coisa a mais que se ofereça faz nosso dinheiro parecer mais valioso.

Para terminar, coloco outro sedã na berlinda, o Logan Autentique 1.0 16v. Seu preço de tabela é de R$ 29.440,00 (com Pack Plus, que inclui ar quente e desembaçador traseiro, e pintura metálica). Se o que se procura é espaço, o Logan é, inegavelmente, a melhor opção do segmento: tem o maior portamalas da categoria e o maior espaço interno, justamente por ter distância entreeixos de sedã médio (2,63m). Em termos de custo X benefício, ele também se mostra uma ótima opção por ser o único que oferece 3 anos de garantia e ter preço tabelado de revisões. Seus principais defeitos estão em falhas de projeto como o marcador digital de combustível que pode parar de funcionar a qualquer hora e as pastilhas de freio com pouca durabilidade. Mas eu não estava falando de modelos com preços abaixo de 27 mil reais? Esta, talvez, seja a maior vantagem do Logan neste comparativo: até o fim deste mês será possível encontrar o modelo acima citado com descontos de até R$ 2.500,00, reduzindo seu preço para R$ 26.940,00.


Depois de ver todas as outras opções, o Classic já não parece tão bom assim, não é mesmo? Mas espere, ele também tem qualidades. O novo motor VHC E, com 78 cv, o faz parecer mais potente do que realmente é, apesar de ser mais áspero do que eu gostaria que fosse. Seu acabamento interno também melhorou bastante em relação à versão anterior – se não tanto em qualidade dos materiais, pelo menos na aparência. Os bancos, em especial, ganharam um tecido perfurado que lembra bastante os de alguns modelos da Kia e da Hyundai, de ótimo aspecto e muito agradáveis ao toque. O interior, de forma geral, me pareceu bem mais claro e arejado, e se não houve mudança significativa no layout do painel, pelo menos ali não existe a mesma monotonia de seus primos Celta e Prisma. Enfim, para quem gosta de um carrinho esperto, confiável, com ótima liquidez e com um pouco mais de versatilidade em relação aos hatches com os quais ele concorre diretamente, ele não deixa de ser uma boa opção.

Um comentário:

  1. Bem legal, mas pelo preço escolheria o celta life 4p, acho seu design mais atraente, o que na minha opnião justifica a falta de porta malas. Ja viajei em estrada de mão dupla com o celta, e o motor VHC E que equipam ambos é realmente forte, principalmente acima dos 4000 giros, recomendo, garanto que quem adiquirir um não será chingado na estradas, mas é preciso dizer que acima dos 120 km/h o consumo se compara ao de um 1.6 facilmente.

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