quarta-feira, 28 de março de 2012

AMAROK AUTOMÁTICA: AGORA ELA VAI DAR TRABALHO


Impressões ao dirigir




Nunca fui muito fã de picapes. Confesso, sou meio tiozão; gosto de sedãs grandes, “barcas” com rodar macio, silêncio e muito espaço interno. E antigamente picapes eram a antítese disso: suspensão dura, motor barulhento e espaço só para quem vai na frente. Mas a renovação no segmento de picapes no Brasil tem feito meus conceitos mudarem.





A Volkswagen Amarok é a primeira picape média da marca no mundo. Tinha tudo para dar certo desde o início, com design discreto, robustez, tecnologia e... Câmbio mecânico. Num segmento onde a maioria prefere transmissão automática, o que a VW tinha na cabeça? Não que seja ruim, muito pelo contrário. A transmissão mecânica de 6 marchas é macia e faz bom conjunto com o motor diesel biturbo. Pude comprovar isso num bate-e-volta que fiz de BH ao Rio com uma Amarok Highline mecânica ano passado: na estrada, em especial, ela é praticamente perfeita. Mas preferências são preferências, fazer o quê. Resultado: vendas em baixa desde o lançamento.




O lançamento da Volkswagen Amarok Automática pretende apagar qualquer vestígio de um passado vergonhoso para o modelo. E sim, a marca alemã acertou a mão: o câmbio ZF é o melhor que há na Amarok e dentre todas as concorrentes. São 8 marchas casadas com um motor 2.0 diesel biturbo que agora gera 180 cv e 42,8 kgfm de torque. Se funciona? A picape arranca e retoma velocidade com um vigor impressionante. Num trecho reto e plano de Belo Horizonte, levei a picape de 0 a 100 km/h* em 12,4 segundos**, com ar condicionado ligado (a VW divulga a marca de 10,9 segundos). É um bom número.


E não é só isso. A suavidade de operação do câmbio impressiona: não há trancos nem buracos entre as marchas. O mecanismo também ajuda a promover o silêncio à bordo: a 90 km/h, já em 8ª marcha (que atua como Overdrive), o conta-giros marca meras 1.200 rpm, com o motor apenas sussurrando. E este, graças ao downsizing levado a sério pela VW, não só empurra a picape com decisão quando necessário, mas em velocidade moderada é discreto e vibra pouco.


Isso faz a Amarok se parecer mais com um carro boa parte do tempo. Esta impressão é ainda reforçada pelo rodar macio, ótimos bancos, volante pequeno, direção firme e boa suspensão inclusive no eixo traseiro, que não apresenta tendência a sair de traseira em curvas mais fortes. Mas veja, estamos falando de uma picape: o asfalto irregular revela sua natureza, quando a traseira quica um pouco e às vezes são necessárias pequeninas correções no volante. O layout interno parecido com o de outros modelos da marca alinhava tudo. Puxadores de portas, botões de acionamento de vidros, volante, instrumentos, sistema multimídia... Tudo para você lembrar que está num (carro, não picape) Volkswagen. Essa suposta falta de personalidade, somada ao excesso de plásticos na cabine, até poderia dar a impressão de falta de qualidade, mas o acabamento geral trata de mudar as coisas. Tudo é bem-feito, sem rebarbas, vãos ou encaixes ruins. O acabamento em couro da versão testada (Highline) também contribui para amenizar qualquer má impressão.




Os R$ 135.990,00 pedidos pela Amarok Highline Automática não se justificam apenas pelo acabamento, porém. Desde as versões mais básicas a picape conta com airbags frontais, freios ABS com função off-road (que melhora sua eficiência em estradas de terra e reduz a distância de frenagem) e bloqueio eletrônico do diferencial (ELD) de série. A Amarok top de linha emprestada para o teste trazia ainda ESP (programa eletrônico de estabilidade), HDC (controle automático de descida) e HSA (assistente para partida em subida), para engrossar a sopa de letrinhas da versão (alguns itens são opcionais).





Quanto ao conforto e conveniência a Amarok Highline Automática também é muito bem servida, obrigado. Direção hidráulica com coluna regulável em altura e distância, volante multifuncional, vidros elétricos nas 4 portas com one-touch para todos, travas elétricas e alarme com controles na chave-canivete, porta-óculos, porta-objetos embutido no descanso de braços entre os bancos dianteiros, retrovisores externos elétricos, retrovisor interno eletrocrômico, computador de bordo, ar condicionado dual-zone, sistema multimídia com tela touch-screen que engloba rádio, CD/MP3/WMA player, entradas auxiliares, Bluetooth® e GPS integrado, faróis de neblina, rodas de liga leve com aro de 19 polegadas e sensor de estacionamento tornam a picape da VW uma das mais bem equipadas do segmento.




Espaço? Ela tem muito, na frente e atrás, e ainda é a mais larga dentre todas com que concorre (1,94 m). A caçamba também é suficiente para levar muita carga; são 1.017 quilos (outra vez a melhor do segmento) ou 2.680 kg rebocáveis. Conforto? Tem sim senhor, bem como silêncio à bordo. Desempenho? De sobra, como já citei. Ah, minhas barcas molóides... Continuo tiozão e continuo gostando delas. Mas aí foi preciso entregar a Amarok depois de uma tarde de testes... E eu tenho que confessar que vou sentir saudade.

* Sem instrumentos certificados, apenas no velocímetro do veículo.
** Média de 4 passagens, 2 de ida e 2 de volta.

Colaboração: Taylor Moreira Silva 
Veículo para teste emprestado pela Catalão Volkswagen

4 comentários:

  1. Maximiliano,

    De nada adiantou a tua 'força' para a Amarok.

    Passados quase dois meses do lançamento da automática, que muitos diziam ser a razão das vendas fracas, pouca coisa mudou. A Amarok continua amargando a 5a. posição atrás de S-10, Hilux, Ranger e Frontier.

    Qual a desculpa agora para as vendas fracas?

    A linha de modelos está completa (CS, CD, motor com um e dois turbos) - ufa, levou dois anos para isso [a S-10 foi lançada de uma tacada e não deu outroa: liderança].

    Minha humilde opinião: se for para ela continuar com interior de Gol, tem que baixar o preço para que a Amarok fique corretamente posicionada no mercado: concorrer com Ranger e versões mais em conta da L-200 e da Frontier.

    Autoamante
    J. Pessoa

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    Respostas
    1. Autoamante,

      Não analisamos carros como bens de capital. Para nós, importa saber se o produto é bom, e é este o caso da Amarok Automática. Aliás, esta não é só a nossa opinião; as revistas Quatro Rodas e Car and Driver, bem como o blog Carsale, também a consideraram melhor que as concorrentes Hilux, Frontier e S10. Além disso, não é a nossa opinião ou a de revistas especializadas que fazem um produto deslanchar ou não. Nosso papel é somente noticiar, não alavancar vendas. Sua opinião é digna de respeito como qualquer opinião, mas creio que ela deva ser direcionada à Volkswagen, não ao nosso blog. Não somos nós os fabricantes da Amarok.

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  2. Já tive hilux, hoje tenho amarok automatica sem duvida a VW superou,algumas pessoas devem fazer teste drive antes de fazer comentários.

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  3. Comprei hoje a VW Amarok high-line 2012 (TOP-AUTOMÁTICA) depois de muito pesquisar, fóruns de proprietários, matérias jornalisticas, reviews, videos do youtube, revistas especializadas e muita pesquisa na internet.
    Realmente, não é perfeita, mas é a de maior desenvolvimento tecnológico, tanto quanto a avançada mecânica de precisão como a eletrônica embarcada que é de ponta.
    Peca realmente no acabamento que poderia ser mais requintado face ao valor de um veículo de R$ 135.000,00 mas creio que a Volkswagen resolverá este problema em lançamentos futuros, não é um luxo, mais está muito longe de ser lixo.
    Acho apenas que a modelo TOP poderia vir de fabrica com espelhos rebatíveis, sensor de chuva, ajuste de altura dos bancos com acionamento elétrico, e o sistema de som multimídia poderia ser incorporar reprodutor de DVD 2DIN, já que hoje pode-se comprar tal central na China por US$ 265,00 e para importar apenas uma unidade, imagino a quanto se reduziria este custo se a VW firma-se um contrato de fornecimento com o fabricante, aí sim ela estaria completa.
    Más assim mesmo estou muito satisfeito.

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