segunda-feira, 12 de março de 2012

J6: A DESPEDIDA


Foto: Maximiliano Moraes


Entreguei hoje a JAC J6 na mesma concessionária em que a peguei, com pouco mais de 11 mil km no hodômetro, completos ontem. O RACIONAUTO conclui o Teste do dia-a-dia com a minivan chinesa guardando principalmente boas impressões, mas pontuando alguns aspectos que precisam melhorar - é sempre bom lembrar. Não estamos falando de um carro de entrada, cujo perfil de clientes é menos exigente; trata-se de um veículo cujo preço pode chegar a mais de R$ 63 mil reais, faixa onde é possível encontrar bons sedãs, hatches e, especialmente, uma concorrência já estabelecida em seu próprio segmento, com custo x benefício atraente e boa qualidade mecânica.



Foto: Maximiliano Moraes

PRÓS

É indiscutível a vantagem do modelo em relação à concorrência quando se trata de equipamentos de série. Mas ao contrário do que acontece com chineses de outras marcas, a JAC J6 traz qualidade agregada à quantidade. O acabamento em geral é bom, tanto interno quanto externo. Na parte interna, a ressalva vai para os botões do volante (frágeis, feitos com plástico de qualidade inferior) e para a alavanca que destrava o bocal de combustível (também frágil); no mais, a minivan não deixa a desejar. Os bancos, com qualquer um dos revestimentos (couro ou veludo), têm boas costuras, são bem montados e têm ajustes de fácil acesso. O painel também tem bom revestimento emborrachado e um layout claro e intuitivo. E na parte externa, as chapas são bem montadas, com vãos bem pequenos e regulares, portas que se fecham com suavidade e um barulho abafado típico de carros de segmento superior. Também não há ruídos estruturais ao passar por irregularidades no asfalto.


Foto: Maximiliano Moraes

A mecânica da JAC J6 também se mostrou excelente e bem apropriada para o modelo. Os 136 cv de potência e 19,1 kgfm de torque podem deixar um pouco a desejar nas retomadas, especialmente com o ar condicionado ligado, mas é força suficiente para proporcionar segurança em velocidade de cruzeiro e em ultrapassagens. O toque de esportividade fica por conta do ótimo acerto da suspensão, que segura o carro em curvas como se ele fosse menor e sem rolagem, e do ronco metálico do motor, que se torna mais "nervoso" acima de 3.500 rotações.


Foto: Maximiliano Moraes

O design também é digno de elogios, sendo – como já foi dito aqui – o mais bem acertado dentre todos os modelos da JAC no país. O carro chama a atenção por onde passa, e isso é bom sinal. O espaço interno é outro de seus atrativos, sendo ótimo na frente e na fileira do meio, e bom apenas para crianças na última fileira. O espaço para bagagens é amplo (caso a última fileira seja retirada) e a modularidade dos bancos torna a utilização da minivan bem mais prática em qualquer situação.

Foto: Maximiliano Moraes

Por fim, a política de preços de revisões e peças da JAC é bastante atraente para o consumidor (confira tabelas comparativas no post anterior). Ainda que pese o desconforto de ter que levar o carro várias vezes à concessionária para assegurar a garantia dada pela fábrica, isso faz com que o carro seja constantemente monitorado. Além do mais, pela reportagem da revista Quatro Rodas sobre a desmontagem do hatch J3, tudo indica que as concessionárias já estão bem preparadas para atender eventuais problemas que possam ocorrer entre as revisões.

Foto: Maximiliano Moraes


CONTRAS

Na verdade, são poucos. Pesa mais o fato de a JAC J6 não ser ainda oferecida com câmbio automático, preferência no segmento. No trânsito pesado isso realmente faz falta; a embreagem, mesmo bem modulada, é um pouco pesada. Fosse o câmbio mecânico um pouco mais macio isso seria um fator menos importante, mas não é isso o que acontece. Pelo menos no modelo testado, os engates foram sempre duros e ruidosos.


Foto: Maximiliano Moraes


A minivan perde pontos também pelas falhas no acabamento interno, que são poucas mas irritantes. Os péssimos botões do volante são frágeis e imprecisos. O volante é fino e a pega é ruim, mas a direção é leve. De todo jeito, isso causa um problema: em alta velocidade o carro oscila um pouco e, por isso, são às vezes necessárias pequenas correções no volante. Ainda que não cause insegurança, não deixa de ser irritante.


Foto: Maximiliano Moraes


Mas não há desvantagem maior do que a desconfiança que o modelo ainda gera. Foi esta a principal observação de todos os que conheceram a J6 de perto nestes dias de teste e certamente esta é uma das principais preocupações de clientes que visam algum carro chinês. E essa desconfiança não é culpa do modelo em si, porque trata-se de um excelente produto. A cultura automotiva do brasileiro é tradicional e muito voltada para a questão da manutenção e da liquidez. Fica outra vez o alerta para a JAC Motors: talvez seja hora de pensar num marketing voltado para outra faceta da marca, a que presta bom atendimento, é competente e oferece preço acessível para o consumidor. 


Foto: Maximiliano Moraes

2 comentários:

  1. Boa leitura, Max... é um carro que tem preço, mas precisa de alguns ajustes - bem citados nos contras - e reconhecimento. Esperamos que a marca se consolide. Abs.

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  2. Tenho uma ... o problema é a assitência técnica...defeitos irritantes que deveriam ter sido detectados e solucionados na revisão de entrega, e não foram...o meu já foi 5 vezes à concessionária em Sorocaba para resolver esses problemas...
    Alguns ruídos internos tamb´pem incomodam...aparecem e somem, acredito que jejam dos bancos de trás.

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