Por Fernando Calmon, de Palermo, Itália
A ideia de
construir um cupê de quatro portas nasceu com o Mercedes-Benz CLS, em 2004. O
modelo com perfil típico e linhas instigantes não chegou a explodir em preferências,
mas ajudou o Classe E, do qual se deriva e se soma nas estatísticas de vendas.
O segundo automóvel nessa configuração foi o Porsche Panamera, em 2009. No
mesmo ano foi lançado o Audi A5 Sportback, que não se encaixa exatamente no
conceito de cupê de quatro portas. O A7, de 2010, aproxima-se mais.
Agora, a BMW
lança o Série 6 Gran Coupe, de estilo harmonioso e inédito na sua gama, para explorar
um nicho do qual não podia ficar de fora, como líder mundial entre as marcas
premium.
O carro mede
exatos 5 metros de comprimento e apenas 1,39 metro de altura. Seu capô longo, curvatura
do teto à moda Hofmeister e janelas laterais traseiras que avançam sobre a
coluna C formam um conjunto agradável e sem exageros. Antena traseira semelhante
à barbatana de tubarão é coisa do passado nos novos BMW, deixando o teto
totalmente limpo. Bem interessante é a carreira de LEDs que formam a terceira
luz de freio, de extremidade a outra no alto do vigia traseiro, ótima solução
de forma e função.
Distância
entre-eixos de 2,97 metros (11,3 cm mais que no cupê Série 6) explica o espaço
interno bastante generoso para quatro passageiros, inclusive para pernas no
banco traseiro. A fábrica o classifica como 4+1 lugares porque o descansa-braço
do banco de trás pode ser rebatido para um quinto passageiro. Nesse caso, entretanto,
só alguém de estatura baixa e por trajetos curtos se submeteria ao desconforto
do túnel alto no assoalho.
Equipamentos
a bordo formam uma vasta lista, desde regulagens elétricas dos bancos e da
coluna de direção com memórias, ao ar-condicionado de duas zonas de
temperatura, passando pelo sistema de som Bang & Olufsen (opcional). Outros
mimos: projeção colorida de informações no para-brisa, assistência para
estacionar, câmeras de visão externa total, controlador de velocidade de
cruzeiro com função para-e-anda, assistente de controle de farol alto e sistema
de visão noturna que identifica pedestres a distância, entre outros.
O Série 6
Gran Coupe oferece dois motores a gasolina e um a diesel. No 640i, seis-em-linha
biturbo de 3 litros/320 cv, de 5.800 a 6.000 rpm e 45,9 kgf·m, de 1.300 a 4.500
rpm. No 650i surge, no último trimestre desse ano, o V-8 biturbo de nova geração,
4,4 litros/450 cv a 5.500 rpm e nada menos de 66,5 kgf·m entre 2.000 e 4.500
rpm. O 640d também é seis-em-linha, de 3 litros/313 cv a 4.400 rpm e torque
enorme de 64,2 kgf·m entre 1.500 e 2.500 rpm. Caixa de câmbio automática tem
oito marchas, do tipo epicicloidal e conversor de torque com bloqueios. Será
oferecido, ainda, sistema de tração 4x4, no 650i xDrive.
Outras
características incluem modo econômico Eco Pro e sistemas desliga-liga o motor
quando em marcha lenta e de recuperação da energia de frenagem a fim de conter
o consumo de combustível. Construção em alumínio de portas, capô, além de tampa
do porta-malas em compósitos de fibra de vidro, ajudam a manter a massa total
em 1.750 kg (1.790 kg, diesel) e também a economizar combustível.
Ao volante
O circuito
nos arredores de Palermo, capital da ilha da Sicília, extremo sul da Itália,
foi escolhido para avaliar o Gran Cupê em várias situações de uso.
Apesar do
teto baixo, acesso ao interior é bom, inclusive ao banco traseiro. Couro claro
de alta qualidade, materiais agradáveis ao tato e perfeição do acabamento são
típicos da marca. As opções de ajuste do banco e volante se transformam em convite
para a motorista desfrutar ao máximo a sua experiência de guiar, em razão do
posicionamento perfeito.
Direção com
assistência elétrica é precisa e rápida para um carro desse porte. Suspensões
permitem guiar rápido e sem sustos, possibilitando selecionar entre modos de
conforto e esporte. Se a escolha for pelo segundo, terá real comprometimento do
conforto em troca de condução veloz e segura, ainda melhor com alavanca do
câmbio também na opção esporte e uso das paletas de troca de marcha atrás do
volante.
O desempenho das versões é bem próximo, apesar da enorme diferença de torque do diesel, concentrada em uma faixa de rotação relativamente estreita. De acordo com o fabricante, ambos os motores aceleram de 0 a 100 km/h em 5,4 s. Já de 0 a 1.000 metros, o motor a gasolina leva 25 s, mais lento apenas 0,3 s que o a diesel. A sonoridade dos dois motores empolga. Mas, apesar do baixo nível de vibração da versão a diesel, há uma pequena diferença de aspereza sentida no volante, em favor da gasolina, quando se acelera de verdade.
A BMW começará
as vendas na Alemanha, ainda este mês, a partir de 81.000 euros/R$ 206.000
(gasolina). No restante da Europa e EUA, em junho. A previsão de chegada do 640i
Gran Coupe ao Brasil é para o primeiro trimestre de 2013 com preço na faixa dos
R$ 600.000.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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