ALTA RODA, Fernando Calmon
Improvisação,
em assuntos que merecem atenção do poder público, infelizmente continua como
regra. Demonstração desse descaso aconteceu com a inspeção técnica ambiental (ITA)
na cidade de São Paulo. Em nível nacional existe um Plano de Controle de
Poluição Veicular (PCPV) que obriga governos estaduais a levantar um inventário
de emissões e controlar via inspeção de veículos o nível de poluentes.
Liminar
concedida há três meses ao Ministério Público paulista, pela 14ª Vara da
Fazenda Pública, determinou a ITA em 128 municípios e em toda a frota movida a
diesel no Estado. Nada aconteceu até agora. Em teoria outros Estados poderiam
ser acionados, pois o PCPV existe desde 1994. Na capital paulista, a inspeção
começou de forma totalmente deturpada há quatro anos.
Esta coluna
sempre defendeu a fiscalização de segurança e ambiental integradas. Mas o pior
dos mundos aconteceu na maior cidade do país. Além da inspeção não incluir
itens de segurança, começou justamente pelos veículos novos, subvertendo a mais
comezinha das lógicas. Apenas depois de todo o desperdício de tempo e dinheiro
é que a nova administração da Prefeitura decidiu implantar o mesmo cronograma adotado
em outros países e defendido nesse espaço por várias vezes.
Já em 2014,
a ITA atingirá apenas veículos a partir do quarto licenciamento (mais de três
anos de uso), a cada dois anos, até o décimo, quando passa a ser anual. Movidos
a diesel continuam com a regra antiga Só pagará a taxa de serviço quem for
reprovado. Aqueles licenciados em outros municípios, que circulem por mais de
120 dias na capital, serão obrigados a fazer inspeção (antes dispensados), mas
deverão pagar a taxa. Esta exigência pretende trazer de volta parcela da frota
da capital licenciada em municípios vizinhos para escapar da inspeção. Isso
trazia prejuízo a São Paulo, que perdeu sua parte na divisão do IPVA estadual.
Improvisação,
no entanto, continua. A Prefeitura vai abolir a ITA centralizada pela empresa
Controlar, que instalou 16 centros, 200 linhas de inspeção e, à exceção de sua
avidez por faturar, faz um bom trabalho. Experiências de pulverizar o programa tentadas
em outros países não deram certo pela dificuldade de fiscalização. Também se
questiona a gratuidade do serviço. Afinal, quem não possui carro acabará por
também pagar a conta.
Outro ponto
importante, particularmente em uma cidade de elevado poder aquisitivo, é o estímulo
para a troca do veículo após três anos de uso, período de dispensa da
obrigação. Resultado aparecerá na forma de renovação mais acelerada da frota,
algo altamente benéfico para a qualidade do ar.
Vergonhosa
mesmo foi a atitude de sindicatos de comerciantes de autopeças (Sincopeças) e
de donos de oficinas (Sindirepa). Podiam ao menos ficar neutros, porém, ao
contrário, divulgaram protestos com argumento absurdo em favor de seus próprios
negócios. Para eles, a inspeção deveria continuar anual, para todos os veículos,
a fim de “conscientizar” os motoristas sobre a importância da manutenção. Ora, isso
permanece em pauta: frota-alvo a fiscalizar passará por vistoria. E, afinal, carros
novos têm sistemas antipoluição garantidos por cinco anos ou 80.000 km. Chega
de esperteza.
RODA
VIVA
NOVO atraso no início da produção do
SUV médio-compacto ix35 na fábrica Hyundai-CAOA, de Anápolis, GO. Plano inicial
era começar a montagem no final de 2012. Além de atrasos previsíveis,
cronograma pode ter sido prejudicado pela falência do banco BVA, em que o Grupo
CAOA tinha aplicações de R$ 600 milhões. Segundo a empresa, Tucson continuará
em linha.
AUDI A3 Sportback impressiona por suas maiores
dimensões (quase 6 cm a mais de entre-eixos) e ainda ter perdido cerca de 90 kg
de massa total por uso extensivo de alumínio e aços leves. Destaque ao interior
com ótimo acabamento, tela multimídia de 7 pol e freio de estacionamento
eletromecânico. Motor 1,8 l/180 cv turbo utiliza inédita injeção direta e
indireta. Preço: R$ 124.300.
SEM nada lembrar a geração anterior, novo
Toyota RAV4 exibe estilo mais jovem e dispensou estepe externo. Roda
sobressalente fica sob o assoalho do porta-malas, cuja tampa é ruidosa em piso
irregular. Mas, suspensões são ótimas em qualquer situação. Materiais internos equilibram
partes rígidas e de toque suave. Ótimo conjunto motor e câmbio CVT (7 marchas
virtuais).
FOCADA no mercado brasileiro, Fiat não
economizou ao decidir desenvolver versão flexível para o motor MultiAir do
subcompacto descolado 500. Mesmo ao representar só 15% das vendas, motor 1,4/16
v, de ação eletro-hidráulica das válvulas de admissão, cobre essa lacuna e oferece
dois cv extras de potência (107 cv) com etanol. Diferença é pouco perceptível.
CORREÇÃO: potência do inédito motor V-6
a gasolina do novo Ranger Rover Sport é de 340 cv (diesel 292 cv). No início do
próximo ano, a marca inglesa lançará versão diesel híbrida na Europa. Não há,
porém, previsão desta opção ser exportada para o Brasil em razão do preço
elevado.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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