ALTA RODA, Fernando Calmon
Parar no tempo
é a pior situação na indústria automobilística. Tal situação envolveu marcas
puramente inglesas, em parte pelos reflexos severos da II Guerra Mundial. Levou
o governo britânico a assumir o controle de empresas descapitalizadas e a um
plano de fusões. Típico mau gestor, acabou por aumentar os prejuízos e,
finalmente, vender por qualquer preço para concorrentes estrangeiros (BMW, Ford
e VW).
Marcas
inglesas de maior peso estão hoje todas desnacionalizadas. Land Rover e Jaguar
formam um grupo cujo controle acionário, depois de experiências que não deram
certo com a Ford, passou para os indianos da Tata. Esta já fez tudo
corretamente: colocou dinheiro e só cobra resultados. Os ingleses não
decepcionaram. Suas fábricas sofrem, como todas da Europa, pelo recuo das
vendas por seis anos seguidos e aumento de capacidade ociosa. Mas sua situação
é um pouco menos dramática ao conseguir fechar algumas instalações e produzir
com grau de ocupação acima de 80% (na Itália, por exemplo, apenas 46%).
Novo Ranger
Rover Sport desponta nessa fase ascendente da marca principal, a Land Rover.
Lançado em 2005 como opção refinada do Discovery III, esse SUV grande surge como
produto inteiramente novo. Herdou a estrutura monobloco de alumínio do Range
Rover topo de linha, porém é mais baixo e um pouco mais longo. Ganhou 18 cm na
distância entre-eixos em relação ao primeiro modelo e a possibilidade de ter
dois lugares extras restritos (5+2, de fato). Além de folga para três pares de pernas
no banco traseiro, o acompanhante do banco dianteiro também dispõe de mais
espaço.
Para o
motorista houve diminuição em cerca de metade do número de botões no painel e
um quadro de instrumentos eletrônico que simula ponteiros correndo por trás dos
números. Aproveitar toda a capacidade fora de estrada – improvável para quem
pode pagar cerca de R$ 400.000 pela versão de entrada – exige estudo do manual
ou instrutor paciente. Sensor colocado na carcaça dos retrovisores externos pode
avaliar e projetar no painel a profundidade de um rio ou riacho que se queira
cruzar (até 85 cm de profundidade). Segundo a empresa, recurso inédito.
Avaliar o
Ranger Rover Sport, ao longo de mais de 400 km em dois dias, em estradas
secundárias da Inglaterra e País de Gales, exigiu atenção redobrada. Afinal,
guiar na mão esquerda de direção e administrar um veículo de 2,07 m de largura (incluídos
espelhos) por faixas de rolagem entre as mais estreitas do mundo, é nada usual.
O carro “emagreceu” 420 kg e ficou mais à mão. Suspensão pneumática,
amortecedores e barras estabilizadoras adaptativas, rodas com aros de 21 pol e
pneus 275/45 formam um conjunto que não teme curvas. E, fora de estrada,
ressalta as tradições da marca por piores que sejam os obstáculos.
Autogerenciamento eletrônico de sete parâmetros se encarrega de (quase) tudo.
Para o
Brasil, motor V-6 diesel (3 L/258 cv) responderá por 70% das preferências.
Ganhou cerca de dois segundos na aceleração de 0 a 96 km/h (agora, 6,8 s) e
quase 18% em consumo. Estreará novo V-6 (3 L/292 cv) gasolina, com compressor.
Continua o V-8 (5 L/510 cv), também com compressor e sonoridade típica de
Jaguar que compartilha esse motor.
RODA
VIVA
COLUNA antecipa início de produção de
mais um modelo: novo Ford Ka, março de 2014, fábrica de Camaçari (BA). Vendas
só dois a três meses depois, em função de ajustes produtivos. Trata-se do projeto
B562 com lançamento simultâneo das versões hatch e sedã, a exemplo do Etios.
Menor que o New Fiesta, será subcompacto anabolizado, como VW up!.
PRODUÇÃO do Golf VII está prevista, na
fábrica mexicana de Puebla, para primeiro trimestre do próximo ano. Portanto,
só chegaria ao Brasil em meados de 2014. Mas, versão GTI (230 cv) virá antes,
da Alemanha. Em 2015, Golf será fabricado em São José dos Pinhais (PR),
viabilizado pela produção conjunta do Audi A3 que usa mesma arquitetura MQB.
PRIMEIRAS unidades do SUV médio
compacto da JAC estarão em ruas e estradas nas próximas semanas, com pouco
disfarce. São S5 (aqui terão outro nome) chineses em testes. Lançamento em 2014
para concorrer na faixa de ix35, CRV e RAV4. Terá novo motor 2-litros aspirado,
mais barato que versão turbo, para mantê-lo entre R$ 70.000 e R$ 80.000.
CONTRAN, cada vez mais, se especializa
em criar prazos inviáveis. Agora, a vez dos simuladores de direção em
autoescolas de todo o País. Prevista para o último dia 30 de junho, a Resolução
412/2012 precisou ser adiada. Equipamento custa mais de R$ 35.000 e existe apenas
um fornecedor. Quem sabe passa a valer em 31 de dezembro próximo.
PESSOAL de marketing das fábricas gosta
de exagerar nas siglas em inglês de recursos eletrônicos. ESC e TC, por
exemplo, estão sempre associados: controles de estabilidade e de tração
funcionam de forma integrada. Da mesma forma, ABS e EBD: sistema de freios com
antibloqueio e distribuição da força de frenagem. Na realidade são duas peças e
quatro funções.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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