A Nissan nunca foi muito afeita a manter um family-face em seus carros. Mas ao remodelar o Sentra ela preferiu largar mão de tentar não fazê-lo parecer um 'carro de tiozão' e ele assumiu um ar classudo e ao mesmo tempo moderno, bebendo da mesma fonte que seu irmão maior, o Altima.
O resultado agrada muito. Imponente, o Novo Sentra fez virarem várias cabeças no trânsito durante a avaliação, com o bonito azul metálico da unidade testada se destacando no mar de pretos e pratas que ainda são preferência do consumidor. A grade cromada na dianteira parece exagerada à primeira vista, mas não destoa da proposta do carro e se equilibra com os cromados nas maçanetas, em torno das janelas e na régua traseira acima da placa. O conjunto ótico é um capítulo à parte: grandes faróis de facho duplo com leds diurnos, faróis de neblina, lanternas também de leds invadindo a lateral do carro e luzes de direção nas carcaças dos retrovisores. As rodas, de 17 polegadas na versão testada, têm desenho bonito e as linhas da carroceria são fluidas e agradáveis, com um vinco na lateral que se estende das luzes dianteiras até as lanternas traseiras, fazendo o sedã parecer mais comprido e musculoso do que é.
Em relação à versão anterior, aliás, ele já é: tendo perdido só um pouco na largura (1,76 m contra 1,79 do antigo), ganhou em comprimento (4,63 m contra 4,57 m) e entre-eixos (2,70 m contra 2,68 m), mantendo a altura (1,51 m). O porta-malas do Sentra também aumentou, passando de 442 para bons 503 litros. O aumento do espaço beneficiou principalmente quem vai atrás - nem tanto o passageiro do meio, que precisa encostar no apoio de braços embutido e ajeitar as pernas por cima do túnel central, que não é tão baixo. Mas ele, como todos os demais ocupantes, contarão com cintos de segurança de 3 pontos e encostos de cabeça, de série em todas as versões.
De série também são os freios com ABS com EBD e assistente de frenagem, os airbags dianteiros, laterais e de cortina (apenas dianteiros nas demais versões), o sistema Isofix no banco traseiro, o alarme e o sistema I-Key de abertura de portas e partida do carro sem chave. É uma pena que o Novo Sentra não traga controles de estabilidade e tração, mas a Nissan tenta justificar a ausência com o menor preço dentre os sedãs médios top de linha de nosso mercado (R$ 73.490,00).
A outra justificativa vem ao volante. O Sentra é estável e, auxiliado pelos pneus 205/50 R17, se sai bem em curvas, sem adernar demais e mantendo a trajetória. Para as situações de risco ele corresponde à altura: o motor 2.0 16v Flex desenvolve menos potência que os principais rivais Civic e Corolla, mas torque semelhante: são 140 cv e 20 kgfm (com etanol ou gasolina, tanto faz), contra 155 cv e 19,5 kgfm do Civic e 153 cv e 20,7 kgfm do Corolla (ambos com etanol). Em conjunto com o câmbio CVT, o propulsor torna o Sentra ágil em acelerações e retomadas, como se espera no segmento. A forma como esse desempenho chega é que explica por que, apesar de ter força, o Sentra merece ser dirigido com calma. Quando exigido, o sedã ganha velocidade de forma absolutamente gradual, mas o giro vai lá em cima e o ruído do motor rompe a atmosfera zen da cabine. Em condução normal, porém, o motor trabalha baixinho (menos de 2 mil rpm a 120 km/h). O isolamento acústico e a aerodinâmica são tão eficientes que na estrada, por exemplo, não se ouve nada além do barulho dos pneus.
O motorista tem ainda ao seu dispor um sistema de direção elétrica extremamente leve em manobras e competente, com progressão satisfatória, em velocidade. O volante é grande, mas tem boa pega e comandos do sistema de áudio, do computador de bordo, do Bluetooth e do controlador de velocidade. A coluna de direção tem ajuste de altura e profundidade, enquanto os bancos dianteiros são largos e confortáveis, com o do motorista contando com ajuste de altura, distância e regulagem do encosto. Tudo para garantir que o condutor encontre a melhor e mais confortável posição para guiar.
A ergonomia é perfeita. No Novo Sentra, tudo foi pensado para gerar o menor esforço possível para o motorista. Todos os comandos estão à mão e todos os equipamentos funcionaram bem durante a avaliação. Para driblar o clima quente, ar condicionado digital de duas zonas; para amenizar os efeitos do trânsito ou de uma viagem, sistema de áudio com boa (não excelente) definição de frequências e tela LCD touch-screen com GPS integrado, computador de bordo com visor no centro do painel para ajudar a otimizar o consumo e retrovisor eletrocrômico. Para descansar o pé direito junto com o esquerdo, controlador de velocidade. Para ajudar nas manobras, sensor de estacionamento traseiro com câmera de ré, mais o rebatimento elétrico dos retrovisores externos. Até os efeitos do sol em finais de tarde não foram tão sentidos, graças às extensões nos para-sóis.
Com layout racional, mostradores grandes e acabamento mesclando couro, superfícies emborrachadas e plásticos de boa qualidade, tudo bem feito e bem encaixado, o Sentra confirma sua vocação para o conforto. E ele também é prático, com porta-copos dianteiros e no apoio de braços traseiro, porta-objetos nas portas e no apoio de braços central dianteiro, porta-óculos no teto e ainda o porta-luvas. Mas perfeito, infelizmente, ele não é. Na cidade, em algumas vias com pavimento de má qualidade, a suspensão traseira se mostrou um pouco ruidosa e é preciso ter cuidado ao subir rampas, devido à pouca altura da suspensão e o grande balanço dianteiro e traseiro: a porção inferior do para-choque dianteiro e a alça metálica abaixo do para-choque traseiro raspavam com facilidade. Outro defeito, e parece que isso está se tornando padrão da indústria para reduzir custos, são as famigeradas alças internas na tampa do porta-malas. Articulações pantográficas são mais caras, mas também mais honestas porque não roubam números da capacidade volumétrica declarada.
O consumo também deixou a desejar. Com média marcando 7,2 km/l no computador de bordo no momento da devolução, ele fez, na prática, 6,29 km/l de média, rodando sempre com etanol. É pouco: considerando a capacidade do tanque de combustível de apenas 52 litros, a autonomia média seria de pífios 327 km por abastecimento - e isso em Campinas, que tem trânsito menos pesado que outras grandes cidades e é cortado por 3 grandes rodovias, por onde é possível evitar o fluxo pesado da cidade em várias rotas.
Mas aí você avalia o valor de compra, os 3 anos de garantia total, o seguro mais em conta que o dos concorrentes e os valores fechados de manutenção programada (R$ 2.864,00 até 60.000 km), e o consumo acaba se tornando fator secundário. Com tudo o que o Sentra traz de série - desta vez até um design com mais personalidade - você não vai encontrar nenhum outro sedã na mesma faixa de preço: vale a compra. Vale também um conselhinho: manso como é, dirigir o Novo Sentra sozinho na estrada pode ser sonolento e perigoso (experiência própria). Melhor levar a família ou os amigos e chegar inteiros e descansados no destino.
Na versao SL, mais completa, o Sentra é 6 mil mais barato que o Corolla XEi, que também não conta com controles de tração e estabilidade, além nde tem 6 air bags contra 5 do Corolla. Talvez a transmissão CVT do Corolla seja menos enfadonha, visto que o sistema simula virtualmente as 7 velocidades através de um software, deixando a percepção de trocas mais evidente.
ResponderExcluirEssa media de km/l foi feito com o ar ligado?
ResponderExcluirNem sempre. A média de consumo foi obtida depois de percursos na cidade e na estrada, com o ar ligado ou desligado, e sempre com etanol no tanque.
ExcluirEstou em duvida por conta da desvalorização: Nissan sentra SV 2014 ou Honda City EX 2013/14??
ResponderExcluirPode comentar?
Obrigado
Olá, Omar. É difícil comparar o Sentra com o City porque são carros de segmentos diferentes. O Sentra é um médio de fato, enquanto o City é derivado do Fit, um compacto. Cada um tem dirigibilidade distinta e o Sentra tem melhor desempenho geral, além de ser mais moderno. A desvalorização é algo que não podemos calcular porque o mercado de usados é muito instável e cada região apresenta aceitação diferente de cada carro. A melhor alternativa é ver qual dos dois atende melhor as suas expectativas e fechar negócio baseado nisso. Um abraço!
ResponderExcluirEstou em duvida entre o Nissa Sentra Sl e o Civic LXR 2015, qual o melhor?
ResponderExcluirO custo x benefício do Sentra é indiscutivelmente melhor. Você vai levar, por preço semelhante, um carro bem mais completo, espaçoso, silencioso e confortável. O Civic só vale a pena para quem procura uma condução mais esportiva e gosta de um carro mais "na mão", além de ter acelerações e retomadas ligeiramente melhores.
ExcluirO Civic LXR 2016 tem controle de estabilidade, coisa que a Nissam considera dispensável no Brasil. Um carro com suspensão macia como o novo Sentra deveria ter o controle de tração. O Civic LXR 2016 é melhor em desempenho e segurança.
ExcluirO Sentra 2016 tem controle de tração.
ExcluirEsta matéria foi publicada em março de 2014, quando o Sentra ainda não tinha controle de tração.
ExcluirOla bom dia!
ResponderExcluirEstou em Duvida na aquisição de um corolla (xli) 2015 ou um Sentra (SL) 2015, gostaria que me falasse, mas principalmente da revenda, ou depreciação..