quinta-feira, 13 de outubro de 2016

CHEVROLET PRISMA E ONIX JOY - AVALIAÇÃO


Por Jean Maciel
Colaborou: Maximiliano Moraes
Fotos: Maximiliano Moraes / Divulgação


Durante a semana com o Prisma Joy fiquei dividido entre, para o bem, a absurda autonomia de combustível e, para o mal, a briga com o trava e destrava das portas – ele não tem travas elétricas nem como opcional. Estranhamente já sinto falta. Vou explicar por quê.


É no silêncio de um Chevrolet


Um dos primeiros pontos a favor do novo Prisma Joy é a qualidade do isolamento acústico. Ao bater a porta, em vez de um barulho metálico o que se ouve é a borracha absorvendo o ruído. Mas ele fica devendo uma válvula de alivio de pressão interna – alias, esse sistema faz falta até em carros de categorias superiores, motivo pelo qual é preciso bater um pouco mais forte as portas de alguns modelos.



Mas é na rodovia que ele mostra ainda mais essa característica. Os pneus de baixa resistência à rolagem deixaram o carro mais solto e os isolamentos nos vãos entre portas e carroceria somados ao trabalho com chapas e aletas aerodinâmicas na parte inferior do carro melhoraram muito o conforto sonoro. Mesmo em velocidades maiores você não fica incomodado com o barulho do vento, do contato do pneu com o asfalto - chia um pouco mais que pneus normais, mas não incomoda - ou do motor - graças também à adição da sexta marcha, que reduz bastante as rotações em velocidade.

Seu vizinho não verá as mudanças



A GM alterou ou introduziu vários componentes mecânicos, elétricos ou aerodinâmicos no carro com dois focos principais: economia de combustível e redução de custo final. No primeiro caso ela atendeu também às exigências do Inovar-Auto, que bonifica carros com melhor eficiência energética. No segundo, ela atende o consumidor que ficou orfão do Classic, sedã de entrada da Chevrolet que deixou de ser fabricado em setembro último.

Por este ponto de vista, é boa pedida quem deseja um sedan barato. Mas se você pretende mostrar para seu vizinho o carro novo, não espere reações efusivas. As mudanças externas são denunciadas somente pelos adesivos JOY e ECO na parte traseira, pelas rodas ou calotas diferentes (prata no Prisma e grafite no Onix) ou pelas aletas próximas à roda traseira, quase imperceptíveis aos menos atentos.

O Prisma Joy ultrapassou 679 km rodados com um tanque de gasolina em ambiente predominantemente urbano

O Prisma Joy usa um motor 1.0 8v com 78/80 cv de potência e 9,5/9,8 kgfm de torque. Números modestos, mas desempenho não é o foco desse carro. Só para ter uma ideia da forma como ele se comporta, a 120 km/h com a sexta marcha engatada a rotação do motor se mantém por volta de 3.100 rpm, giro baixo para um carro com essa cilindrada. Por causa da aerodinâmica aprimorada e dos pneus "verdes" não é preciso compensar a falta de potência com aceleradas constantes, salvo em situações extremas. O resultado foi visto no tanque, com a reserva chegando somente aos 679 km, sendo mais de 80% desta quilometragem percorrida na cidade. Dá vontade de tentar bater o recorde de autonomia a cada abastecimento. E dá para fazer alguma inveja nos amigos que gastam demais com seus carros mais potentes.

Com o Onix foram 926 km de gasolina em circuito misto até chegar na reserva

Consumo surpreendente - Dirigir o Onix Joy, que também ficou conosco por uma semana, buscando o melhor consumo possível não é tão difícil. Além de manter a calibragem correta nos pneus verdes, basta obedecer as indicações de trocas de marchas no painel. Mas o desafio era ver como ele se comportaria sem esse tipo de zelo, ou seja, exatamente como ocorreria com a maioria dos motoristas no dia-a-dia: marchas esticadas, acelerações bruscas e até uma pequena mudança transportada com o banco de trás rebatido. À parte suas outras qualidades, como o silêncio a bordo e a dirigibilidade melhorada com as mudanças nos sistemas de suspensão e direção, o consumo realmente surpreendeu, com incríveis 926 km rodados no período em circuito misto (cidade/estrada). (Maximiliano Moraes)


Multimídia aftermarket

Não, não é o MyLink. A Chevrolet equipa a dupla Prisma e Onix, opcionalmente, com uma central desenvolvida unicamente para eles. O toque lembra as telas de alguns celulares de antigamente, com sensibilidade suficiente no meio mas resistência nas extremidades, que comportam alguns comandos; nisso poderia ser melhor. Mas não se pode desmerecê-la, já que o equalizador tem muitas faixas de frequência, coisa inexistente até em multimídias de modelos bem mais caros, e ainda há entradas USB e auxiliar, Bluetooth, espelhamento de celular (precisa de aplicativo) e até TV digital - que, por questões óbvias de segurança, só funciona com o carro parado.

Central multimídia não é MyLink e peca quanto à sensibilidade da tela, mas tem muitas 

Por outro lado a Chevrolet depenou o Prisma um pouco além da conta para torná-lo barato. Tudo bem, não preciso de vidros elétricos nas portas traseiras nem de acabamento de veludo nas portas. Afinal, é um carro de entrada e o que mais importa, no final das contas, é o preço. Mas alguns pecados são difíceis de relevar. O material do painel, por exemplo, é de baixa qualidade e deixa refletir luz demais no para-brisas. O puxador da porta permaneceu mal posicionado no Prisma, mas pelo menos no Onix isso mudou. Banco ou coluna de direção não têm regulagem de altura, o que torna a posição de dirigir alta demais para pessoas de estatura mais alta. E nada pior que a ausência das travas elétricas, disponíveis apenas como acessório. 



Substituir o defasado Classic era necessário. Com o passar dos anos a Chevrolet depenou tanto o "Corsinha" que se alguém, no passado, tinha o requinte dos bancos de veludo ou a lista recheada de equipamentos como motivação de compra, isso há tempos já não ocorria. Quanto ao Prisma, o que faltava para se enquadrar como sedã de entrada era preço. Quem precisa de um carro barato, econômico, espaçoso e gostoso de dirigir pode ver nesta versão uma excelente opção. Colocar alarme e travas elétricas faz valer ainda mais a compra. Mas, assim como todo modelo de entrada, é bom não colocar expectativas altas demais no Prisma ou no Onix Joy. São racionais, nada muito além disso.

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