domingo, 13 de setembro de 2009

RENAULT MÉGANE GRAND TOUR 2.0 16V DYNAMIQUE



Resolvi começar a escrever sobre a GT não porque tenho um Renault, mas porque tive a oportunidade de testá-la depois de uma espera considerável. Testei outros carros antes e tenho outros textos na espera, mas por ser, a meu ver, uma das melhores opções de nosso mercado dentre peruas e minivans, acredito que seja justo começar por ela.

A lista de equipamentos de série desta versão da Mégane GT inclui o próprio câmbio automático sequencial, direção elétrica, vidros elétricos nas 4 portas com função one-touch e sistema antiesmagamento, travas elétricas com acionamento automático a partir de 6 km/h e retrovisores elétricos, mais ar condicionado (analógico, que pena), computador de bordo, faróis de neblina, rodas de alumínio de 16 polegadas, airbags para motorista e passageiro, ABS com EBV (distribuição de frenagem), CD player com MP3 e mais um monte de penduricalhos e itens exclusivos do modelo, como a chave-cartão e a manopla do freio de mão de formato diferenciado.



Exclusiva no mercado, já que, hoje, sua concorrência é formada praticamente por veículos familiares com preço semelhantes, mas não necessariamente mesma proposta (a Toyota Fielder já não é mais fabricada e a Peugeot 307 SW vende muito pouco - somente 16 unidades em Agosto, contra 178 GT), esta versão tem preço tabelado em R$ 69.410,00 - o que, de cara, já pode ser considerado um valor alto em relação à concorrência. Porém, se observarmos todos os seus itens de série e ainda que este modelo tem sido encontrado em revendas Renault com descontos bastante interessantes, que chegam a R$ 4.000,00 - baixando o valor para cerca de R$ 65.000,00, praticamente o mesmo que uma Gran Livina SL automática -, esta perua começa a se tornar uma opção interessante.

O melhor das peruas é oferecer mais espaço e manter a dirigibilidade característica dos sedãs dos quais derivam. Ok, não e-xa-ta-men-te como a de um sedã, mas você não perde tanto assim - especialmente neste caso, onde a GT não foi uma derivação do sedã e sim um projeto desenvolvido paralelamente. Aliás, sua dirigibilidade é irretocável: a suspensão é excelente, filtrando bem as imperfeições do solo, mas ainda assim mostrando-se firme o suficiente para segurar a perua mesmo nas curvas fechadas de uma descida de serra, e a direção eletrohidráulica é absolutamente suave em manobras e suficientemente progressiva à medida que a velocidade aumenta. Minha única decepção foi o câmbio, mesmo no trajeto curto com que fui contemplado.



O trecho incluía, de cara, uma longa subida depois de uma curva, logo após a saída da concessionária. Acelerei o suficiente para vencer o trecho e queria aproveitar para sentir o torque em altas rotações, considerando que seu motor tem 16 válvulas, mas o câmbio teimou em passar a marcha posterior. Afundei o pé, o câmbio reduziu e eu pensei: "Ah, agora sim." Que nada. Dois ou três segundos depois ele passou a marcha outra vez, mesmo na subida. Voltar da praia seria um exercício de paciência.

Pegamos a rodovia para voltar para a loja e eu acelerei para retomar a velocidade. Ótima redução de marchas, o câmbio me pareceu bastante interativo daquela vez. Fiquei feliz. Mas um motorista "anta-de-kichute" entrou em minha frente e eu não pude completar meu trecho em aceleração constante. Tirei o pé, mas para minha surpresa, a marcha permaneceu a mesma! Segundos depois, vi outra faixa livre, mudei para ela e acelerei outra vez, na esperança de que, na mesma marcha, eu pudesse continuar acelerando. Desta vez, em vez de ficar na mesma marcha, ele passou para a posterior. Frustrante. No final das contas, deduzi que, por ser um carro de test-drive e pelo excesso de motoristas diferentes, com certeza aquele câmbio ficou amalucado.



Fazendo exceção a este pequeno contratempo, a Mégane Grand Tour anda muito bem. É silenciosa, seu motor é suave e linear (apesar de ser de concepção antiga), e ela é muito espaçosa de fato, tanto na frente quanto atrás. Seu portamalas, inclusive, inspira viagens longas. A concorrência tem veículos com 7 lugares (sim, estou falando de Zafira e Gran Livina), mas, convenhamos: quem é que viaja para longe com 7 pessoas e sem bagagem? Desta forma, a escolha ficará entre o maior espaço de Zafira e Gran Livina, porém com pior dirigibilidade e desempenho, ou o menor espaço (mas nem tanto assim) com a compensação de se ter um carro na mão para se fazer uma viagem tranquila, segura e sem a sensação de estar dirigindo uma Besta de luxo (exageros à parte). Não que a Zafira e a Gran Livina sejam ruins, longe disso. Mas em termos de dirigibilidade, a GT é bem, bem melhor.



A Mégane Grand Tour é, sem dúvida, uma ótima opção de compra. Vem completa, pode ser encontrada por preço praticamente igual ao da concorrência, tem o charme da exclusividade e ainda leva vantagem por ser superior em termos de dirigibilidade. Porém, temos aqui um produto bastante injustiçado. A Renault, como é de conhecimento comum, não investe no marketing da linha Mégane e, por isso, tem dois ótimos carros - tanto o sedã quanto a perua - com péssimas vendas. Até a estreante Gran Livina vendeu mais que a Grand Tour em Agosto - 222 unidades, e isso mesmo sendo ainda considerada "importada" pela maioria dos que ouviram falar dela, o que, em si, já gera grande preconceito. É claro que se trata de veículos diferentes, mas a proposta não é tão diferente assim: são carros familiares e que poderiam muito bem atender a um mesmo público-alvo. Se o Mégane Sedan tem qualidades de sobra para estar entre os sedãs médios mais vendidos no Brasil, a GT poderia tranquilamente figurar isolada como best-seller em vendas justamente por ser a única perua média nacional hoje à disposição no mercado.

7 comentários:

  1. Parabéns pelo blog ! Adorei a ideia e nao sabia que vc era o cara assim dos automóveis. Senti falta do Kia Carens nessa comparação. Fiz um test-drive nele e gostei demais, também com 7 lugares, vale a pena conferir. E no seu caso, o cambio tiptronic vem a calhar como alternativa ao automático. Abraço !!

    nando.

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  2. Parabéns pela iniciativa do blog.
    Participo de várias comunidades no orkut e sempre vejo seus comentários, que sempre agregam algo para discussão. Também sou um amante dos automóveis e propietário de um renault(no caso um clio). Já adicionei o blog aos favoritos e espero contribuir sempre que possível. Caso precise de alguma ajuda estarei disponível. Abraços e boa sorte!

    Felipe Frutuoso

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  3. Que ótimo, obrigado pelas participações!

    Quanto à Kia Carens, não a inclui diretamente porque creio que seu preço de entrada (R$ 69.900,00) a coloca mais propriamente na faixa de mercado da Grand Scénic (R$ 71.690,00, completa) e C4 Picasso (R$ 81.800,00). De todas as formas, não deixa de ser uma ótima opção - inclusive estando ela na minha lista de test-drives.

    Quanto às contribuições diretas, por favor, enviem-nas sempre que as tiverem. Meu endereço de e-mail está aberto e terei prazer em adicionar aqui prontamente qualquer informação, notícia ou impressão que se tenha, desde que dentro da proposta do blog, com os devidos créditos.

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  4. Só faltou falar do consumo, item também esencial e decisivo nas compras de automóveis hoje em dia.

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  5. Olá.

    Segundo dados do site BestCars, o consumo médio da Grand Tour fica em 6,9 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada, sempre com gasolina (o motor 2.0 não é flex).

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  6. Boa materia, acabei de comprar um GT 2009, igual ao descrito, é realmente uma Besta de Luxo. Eu digo que uso uma espaçonave,pois ele tem tudo que um motorista e familia precisa ter de conforto e segurança.
    Mas a Besta é insaciável e bebe muito, principalmente no D (Drive) por isso recomendo o uso do Manual, afim de sofrer menos com o combustivel. Uma bela experiencia.

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  7. Gostaria de saber se o Mégane Sedan 2008 1.6 16v flex Dynamique abre os vidros quando acionado o destravamento com o cartão ?

    Daniel

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