Fernando Calmon
Novas
pesquisas continuam a direcionar para o trânsito sem acidentes. Um dos estudos
mais recentes foi divulgado pelo Departamento de Infraestrutura e Transporte da
Austrália, em parceria com o estado de Queensland. As tecnologias para evitar
colisões, que monitoram usuários de ruas e estradas e intervêm quando um
acidente é iminente, mostram grande potencial.
Mesmo admitindo
um grau moderado de confiabilidade, até 30% de mortes e 40% de feridos podem
ser evitados em veículos equipados com sistemas anticolisão. Essa previsão
baseia-se em uma série de 104 ocorrências documentadas em programas de
investigações profundas de acidentes e em análises de padrões típicos de
choques entre veículos, na Austrália.
Redução da
velocidade na hora da batida amplia os benefícios, inclusive do risco de
ferimentos e mortes entre ocupantes dos veículos. Portanto, torna-se necessário
a divulgação ampla dessas tecnologias, de acordo com o ministério australiano.
Foram
simulados vários tipos de soluções, variando alcance, zona de detecção e
respostas. O melhor resultado combinou longo alcance (baseado em controle
adaptativo de velocidade de cruzeiro, por exemplo) ao baixo alcance e ângulo
largo de detecção (para monitorar a presença de pedestres em ambiente urbano).
Entretanto, mesmo
os de curto alcance e ângulo estreito, mas com alto grau de resposta atingiram
bons resultados. O tipo de tecnologia também determina a complexidade da lógica
requerida para avaliar se objetos, pedestres e veículos na zona de detecção
constituem ameaças de acidente. Se houver muitos falsos positivos, o motorista
pode ser levado a desligar o equipamento. Nesse caso, seria interessante tentar
reduzir a zona de detecção.
Os métodos
estudados permitiram um equilíbrio entre área de abrangência, respostas e
efetividade, visando o sistema mais confiável. Um obstáculo potencial para
aprovação e introdução em larga escala mais uma vez esbarra no preço, em
especial ao considerar que veículos caros e baratos convivem no trânsito
diário. Essa dificuldade desaparece no caso de veículos pesados, em geral de
alto preço, mas que em caso de acidente causam grandes estragos materiais e
humanos. A relação custo-benefício é indubitavelmente positiva nesse caso.
Por outro
lado, alguns dispositivos do naipe do controle adaptativo de velocidade de
cruzeiro ou de alerta de aproximação de carros em ultrapassagem aumentam não
apenas a segurança, mas o conforto ao dirigir. Já existe neles o potencial de evitar
acidentes. Sob a premissa, o refinamento e maior abrangência desses recursos para
evitar acidentes significariam um custo quase marginal para ampliar as
possibilidades de impedir colisões simples ou múltiplas, segundo pensam os
pesquisadores da Austrália.
O problema é
que o custo estimado, no relatório, situou-se em torno de US$ 800 (R$ 1.680) a
US$ 2.000 (R$ 4.200). Se em países de maior poder aquisitivo não se trata
exatamente de uma pechincha, em outros foge bastante do alcance das pessoas. A proposta
para atrair fabricantes e motoristas é um dispositivo de curto alcance, porém
com forte possibilidade de intervenção em cruzamentos, o que já significaria
benefícios substanciais.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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