Chevrolet Silverado |
Ford F-250 |
Salões de
automóveis sobem seu astral quando refletem recuperação de vendas e produção.
Essa atmosfera positiva marca o Salão de Detroit que se encerra neste domingo.
Afinal, o mercado está em franca expansão (13% em 2012), embora as marcas
locais, à exceção da Jeep, continuem patinando na preferência do consumidor.
Chevrolet Corvette Stingray |
Simbolismo
do Corvette Stingray, em sua sétima geração, ajuda a levantar autoestima da
Chevrolet. Todo novo, herda características de marcas alemãs como câmbio manual
de sete marcas (até agora só no Porsche 911) e distribuição de peso de exatos
50% em cada eixo (ponto de honra da BMW).
No outro
extremo, a picape pesada Silverado reformada coloca pressão sobre a arquirrival
série F, da Ford. A reação veio da picape conceitual Atlas, visão antecipada da
nova F-150, em 2014. Houve comentários de que a empresa ousou na estratégia e
talvez se reflita nas vendas do modelo atual.
Leves
reestilizações do Grand Chrerokee e Compass, acompanhadas de versões diesel e câmbio
automático convencional no lugar do CVT (no final do ano, aqui), continuam a
animar a Jeep.
Toyota Furia |
Essa edição
do salão está mais atraente para o mercado brasileiro. O SUV-conceito compacto
da Honda sobre arquitetura do Fit e a bem-vinda reinvenção estilística do
Corolla, batizada pela Toyota de Fúria (interior não exibido), antecipam o que
será também produzido aqui, em 2014/15.
Outra
novidade está fora do Salão, mas mostrado a jornalistas na véspera do dia de
imprensa. Mercedes-Benz CLA, sedã compacto anabolizado com base nos Classes A e
B, além de carro mais aerodinâmico do mundo (Cx incrível de 0,22), deverá abrir
a produção no Brasil. Falta a empresa alemã bater o martelo, mas Dieter Zetsche,
principal executivo mundial, admitiu ser mais viável um acordo com a Nissan, na
fábrica em construção de Resende (RJ).
Mercedes-Benz CLA |
Graças ao previsto
crescimento, nos próximos anos, do mercado brasileiro de marcas refinadas, esta
edição do salão merece um olhar mais atento. Acura e Infiniti têm novidades:
SUV médio MDX e novo sedã Q50, respectivamente. Cadillac, até como reação ao
maior número de concorrentes, é considerada marca de importação certa pela GM.
E o médio-grande ATS, de tração traseira ou 4x4 e menor Cadillac em dimensões,
mostra apelo visual digno dos europeus, o que atrai por aqui.
Cadillac ATS |
Entre outras
novidades conceituais, destacam-se o Volkswagen Cross Blue e o Hyundai HCD-14.
O primeiro, um crossover híbrido diesel de sete lugares (no salão, versão de
seis lugares), específico para o mercado local, com preço entre Tiguan e Touareg.
O projeto será ainda aperfeiçoado para provável produção ao lado do Passat
americano. O segundo é a visão do futuro sedã de topo coreano, Genesis, com
portas traseiras “suicidas” à Rolls-Royce. Versão final deve ousar menos.
Balanço positivo
do salão não impede constatar, mais uma vez, que fabricantes parecem bem mais
empolgados com soluções alternativas do que compradores. Elétricos puros,
híbridos e Diesel, tudo somado, representam apenas 3% das vendas totais nos
EUA. Embora tenda a crescer, na realidade poucos querem pagar a conta. E, para
complicar, motores convencionais têm mostrado queda de consumo de combustível,
a preço que todos suportam.
RODA VIVA
COTAS de produtos mexicanos ainda amarram
planos de importação. SUV compacto Chevrolet Trax (aqui se chamará Tracker)
virá para atrapalhar a vida de EcoSport e Duster, porém falta definir de que
forma Sonic será “prejudicado”. Volta da Alfa Romeo ainda está condicionada,
pela Fiat, à avaliação de cotas previstas no regime Inovar-Auto. Nada
confirmado.
FLUENCE GT, sedã discreto, ao menos faz jus à sigla, ao contrário do
Sandero da própria Renault. Motor turbo de dois litros, 180 cv, coloca-se em
desempenho entre Peugeot 308 THP e Jetta TSI, na faixa dos R$ 80 mil, mas sem
câmbio automático. Bom trabalho de engenharia na suspensão. Faltam coisas simples:
um-toque nas alavancas de limpador e setas.
MESMO sem confirmação pela GM, importação
do novo Malibu é certa, depois da desistência do Omega. Chevrolet concorrente
direto do mexicano Fusion, impostos refletem no seu preço (vem dos EUA, sem
isenções). Retoques externos e internos e motor um pouco mais potente agradam,
em breve avaliação. Banco traseiro, baixo demais, será mudado até meados do ano.
ENQUANTO a taxa cambial ajudou, alguns
modelos nacionais foram competitivos até em países avançados do Hemisfério
Norte. Destaque para o Fox, com 305.000 unidades, maior volume já exportado de
um automóvel brasileiro para a Europa (2005-2012). Voyage, nos anos 1980, teve
202.000 unidades vendidas nos EUA e Canadá, feito para época.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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