O clima pessimista do mercado de veículos no Brasil, com queda prevista para este ano em torno dos 18%, parece não atingir o segmento de SUVs compactos. Os meses de março e abril registraram 4 lançamentos - Honda HR-V, Jeep Renegade, novo Renault Duster e Peugeot 2008 -, com o quinto e último desta leva tendo ocorrido hoje. O JAC T6 2.0 Jetflex foi apresentado oficialmente à imprensa e chega com a promessa de oferecer espaço e nível de equipamentos de SUV médio a preço de compacto. O RACIONAUTO esteve no evento a convite da marca.
O test-drive promovido pela JAC incluía, além da rodovia Castelo Branco, um bom trecho da Estrada dos Romeiros (entre Cabreúva e Itu), trajeto muito conhecido por motociclistas e excelente para, segundo a marca, colocar à prova a dinâmica do carro. De fato, as alterações promovidas no acerto de suspensão do T6 o deixaram mais "durinho" do que a versão importada que avaliamos ano passado. O conjunto conta com sistema McPherson na dianteira e Multilink na traseira, ambos com barras estabilizadoras, permitindo pouca inclinação da carroceria e comportamento neutro nas curvas; os pneus 225/60 montados em rodas com aro 17 também ajudam neste aspecto. A progressividade da direção elétrica, porém, poderia ser maior. Além disso, enquanto a versão importada trazia motor 2.0 16v turbo de 176 cv e 26,9 kgfm de torque, este tem um novo motor 2.0 16v VVT Jetflex desenvolvido especialmente para o mercado nacional, que rende até 160 cv e 20,6 kgfm de torque entre 3.000 e 4.500 rpm com etanol, bem como câmbio mecânico de 5 marchas contra 6 velocidades do pré-série.
O motor é suave em funcionamento, mas as acelerações são um pouco ruidosas e a 120 km/h os giros ficam próximos às 3 mil rpm. O câmbio não é dos mais macios, mas as trocas são precisas e ele seria ainda melhor com uma sexta marcha, que melhoraria tanto o nível de ruído a bordo quanto o consumo de combustível. Sem ela a JAC incluiu no painel um indicador de troca de marchas, que avisa o momento certo das trocas para garantir uma condução mais econômica. Se quiser, porém, o condutor pode pisar que o SUV arranca com decisão e, mesmo não apresentando comportamento tão vigoroso quanto o da versão turbinada, ele não decepciona.
A JAC permanece fiel à proposta de oferecer sempre carros "completões", mas foi-se a época da ausência de pacotes de opcionais. O T6 será comercializado em 3 configurações, tendo a inicial o preço sugerido de R$ 69.990,00. Nesta o pacote de equipamentos de série inclui, dentre outros itens, vidros elétricos nas 4 portas com one-touch para o do motorista, retrovisores elétricos com luzes de direção embutidas na carcaça, faróis e lanternas de neblina, faróis principais com ajuste de altura, direção elétrica com coluna regulável em altura, ar condicionado eletrônico, volante multifuncional revestido em couro, CD/MP3 player com entrada USB, alarme, ajuste de altura para o banco do motorista, sensor de estacionamento traseiro, bancos de tecido, airbag duplo e ABS.
O segundo pacote, denominado Pack 1, inclui à lista barras longitudinais no teto, retrovisores pintados na cor da carroceria e com rebatimento elétrico, maçanetas e frisos laterais cromados. O preço sugerido sobe para R$ 71.990,00. O terceiro e último pacote - Pack 2 -, que leva o preço do T6 aos R$ 75.670,00, agrega ainda sistema multimídia da Foxconn com tela touch-screen HD de 7 polegadas, conexões HDMI e Bluetooth, entradas auxiliar, USB e SD card, MP3 player, câmera de ré e Mirror Link, que permite conectar smartphones ou tablets com espelhamento da tela do aparelho e operação do sistema através da tela multimídia (para Android) ou do próprio aparelho (IOS). O T6 é o primeiro carro do segmento vendido no país com esta tecnologia.
Durante a apresentação do JAC T6 Sérgio Habib pontuou uma concorrência formada por modelos que se aproximavam do SUV em preço, mas sem o mesmo nível de equipamentos, e porte, mas com preço muito superior. Não há como negar a semelhança com o Hyundai ix35, um de seus concorrentes em porte, mas o T6 é ainda maior que o coreano nacionalizado: são 4,47 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,67 m de altura e 2,65 m de entre-eixos (contra 4,41, 1,82, 1,65 e 2,64). Isso permite ótima acomodação tanto na frente quanto atrás, onde 3 pessoas viajam sem aperto e com cintos de segurança de 3 pontos para todos. O porta-malas, segundo a JAC, leva 610 litros e também neste quesito supera a concorrência.
O acabamento também é bom, sem rebarbas, com encaixes justos e aparência geral refinada. Nas portas, no volante e na coifa do câmbio há couro. Há bastante plástico, mas todas as texturas são agradáveis à vista e ao toque. A troca do revestimento dos bancos por tecido não caiu mal, tendo em vista que a padronagem é bonita, bem feita e mais discreta que a utilizada na versão importada, em couro preto e laranja. Agrada também a iluminação do painel, semelhante à utilizada na J6, em tons de azul e branco.
A meta de vendas da JAC para o T6 é modesta, em torno de 400 unidades por mês até dezembro de 2015 - cerca de 1% do mercado, segundo as projeções mais otimistas. Não parecem números distantes da realidade a julgar pelo potencial do carro. A promessa de SUV acessível com nível de equipamentos e espaço superior ao da concorrência parece ser plenamente cumprida no T6. A garantia, como para todo JAC, é de 6 anos sem limite de quilometragem.
Fotos: Maximiliano Moraes / Divulgação
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