ALTA RODA, Fernando Calmon
Com o lançamento dos novos Ka (hatch) e Ka+ (sedã), a Ford completou seu objetivo de ser o primeiro dos quatro tradicionais fabricantes a ter todos os modelos produzidos no País ou na Argentina alinhados aos existentes no exterior (Focus ficará igual já em 2015). O próprio Ka, que nada tem a ver com o conceito original de subcompacto, segue o exemplo do EcoSport e chegou primeiro aqui do que na Europa.
Hatches e sedãs compactos somados, em gama de preços que vai de R$ 25.000 a quase R$ 60.000, representaram cerca de 60% de todos os automóveis vendidos no primeiro semestre. A Ford optou por evitar a briga na base do mercado e posicionou os novos Ka entre R$ 35.390 (hatch SE) e R$ R$ 47.490 (sedã SEL). Pelo menos no início não haverá nenhuma versão sem ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas de portas (controle remoto) e tampa do porta-malas, direção eletroassistida com coluna regulável em altura, bom equipamento de som, suporte central para celular ou GPS, 21 porta-objetos e pneus verdes.
Comandos por voz e chamadas telefônicas automáticas de emergência para o Samu em caso de acidentes graves integram a central multimídia Sync (sem tela tátil), como opção na versão intermediária SE Plus. É o primeiro compacto com controles eletrônicos de trajetória e tração, além de assistente de partida em rampa, recursos de segurança importantes.
Ambos podem vir com motor de 4 cilindros/1,5 L/110 cv (etanol) ou tricilíndrico/1 L/85 cv (etanol). Certamente vão interferir nas vendas dos New Fiesta, apesar da grade de preços estudada para amenizar. Os dois modelos compartilham arquitetura e igual distância entre-eixos (2,49 m), mas o Ka é mais amplo internamente com destaque nos assentos dos bancos dianteiros e espaço para pernas e cabeças atrás. Porta-malas do hatch é um ponto fraco (apenas 257 litros), porém o do sedã oferece muito bons 445 litros e sem que tampa interfira com a bagagem ao utilizar dobradiças pantográficas.
Estilo agrada bastante, em particular o equilíbrio de linhas do sedã, além de rodas de liga leve bonitas. Materiais no habitáculo são compatíveis com a proposta do carro e o acabamento tem algumas deficiências. Há regulagem de altura dos cintos de segurança, porém a do banco do motorista só na versão mais cara. Comando elétrico dos espelhos retrovisores externos (com luzes repetidoras de sinalização) não é oferecido, embora disponível no Fiesta. Resta a instalação na concessionária, como acessório original, a custo maior.
Um dos destaques é o motor de 3 cilindros que surpreende pelo nível baixo de ruído e vibrações. Descontando o inexplicável bloco em ferro fundido, no lugar do quase onipresente alumínio dos projetos modernos, o Ka mostra desenvoltura incomum para um propulsor de apenas 1 litro. Entrega a maior potência entre os de aspiração natural disponíveis hoje no mundo, quando abastecido com etanol. A fábrica, no entanto, preferiu escalonamento mais aberto do câmbio (apenas manual, de cinco marchas) para garantir consumo de combustível mais baixo no País, pelo padrão Inmetro cidade/estrada. Direção, manuseio do câmbio, suspensão e freios nivelam-se aos melhores compactos do mercado.
Manutenção ficará mais barata: correia dentada dispensa substituição e troca de óleo do motor e revisões passarão a anuais (antes semestrais).
RODA VIVA
HONDA prepara uma surpresa aos apreciadores de SUVs compactos, antecipa a coluna. Em meados de 2015 já terá em produção o Vezel (com outro nome) na fábrica atual de Sumaré (SP), sem esperar conclusão da nova unidade de Itirapina (SP), no final do próximo ano. Quando esta ficar pronta, produzirá o CR-V em Sumaré.
MERCADO continuou encolhendo com números fechados de julho. No acumulado a queda já é de 8% ante 2013. Alguns esperam que 2014 fique até 15% pior do que o ano passado, proporção três vezes maior do que a previsão de menos 5% da Anfavea. Este mês, com mais dias úteis, se poderá polir a bola de cristal.
ESTOQUES de veículos nas fábricas e concessionárias, que encerraram o primeiro semestre com 45 dias de vendas, recuaram no final de julho para 39 dias. Alívio é relativo pois existem variações estatísticas no modo de calcular o número de dias necessários para escoar os pátios.
MOTOR do BMW 320i demonstra: turbocompressor/injeção direta é a melhor combinação possível para o etanol. Embora não tenha alterado valores de potência (184 cv) e torque (27,6 mkg.f), a diferença com etanol aparece em acelerações de retomada, principalmente, além de pequena melhora no consumo em relação à gasolina. Inexplicável é o sistema desliga-liga o motor ser inibido, quando se usa etanol.
PESQUISA da J.D. Power com consumidores nos EUA aponta mau funcionamento de alguns comandos de voz, que avançam nos sistemas avançados de multimídia. Possivelmente por interferências de ruídos normais do veículo e vozes a bordo. Para melhorar essa deficiência, a Ford deslocou do rádio para o teto o microfone no novo Ka.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário