sexta-feira, 30 de outubro de 2015

NOVO JAC J5 - AVALIAÇÃO



A apresentação do Novo JAC J5 aconteceu no último Salão do Automóvel de São Paulo, mas na ocasião não havia previsão de lançamento. Interessante é que desde março o sedã aparece no site da marca, mesmo sem publicidade ou lançamento oficial para a imprensa. Depois de passar 10 dias com ele temos boa notícia: está melhor e mais equipado.



Design italiano é limpo e demora a envelhecer

Uma das vantagens do J5 é que seu design, concebido na Itália, demora a envelhecer. O vinco que sai do para-lamas dianteiro, percorre a lateral atravessando as maçanetas e termina pouco além das portas traseiras foi mantido, mas a atualização das linhas da frente e traseira trataram de deixar o visual atualizado mantendo a elegância e a impressão de solidez. Na frente há, além de novos leds diurnos, novos faróis, grade, para-choque, capô e faróis de neblina. A traseira ganhou novo para-choque, nova tampa do porta-malas e novas lanternas com luzes de freio em led.

Interior foi renovado e ficou mais refinado. Instrumentos ganharam nova iluminação branca

O interior foi atualizado e o acabamento geral, que já era um dos melhores encontrados em toda a linha JAC, ficou ainda mais refinado. As saídas de ar laterais ganharam nova moldura com acabamento mesclando cromado e black piano, além de novo mecanismo de abertura e fechamento. A parte superior do painel é de material emborrachado, há black piano e cromados também no console central e os plásticos têm boa aparência e textura. A ressalva vai para o design e a aparência da alavanca de câmbio, com relevos cromados desnecessários e empunhadura ruim.

Espaço é destaque tanto na frente...

...quanto atrás, onde é possível até cruzar as pernas

Design e iluminação dos instrumentos, aleluia, melhoraram muito. Velocímetro, conta-giros e marcadores, agora permanentemente iluminados com luz branca, são muito mais visíveis especialmente durante o dia, defeito apontado no velho J5. Os bancos da unidade avaliada, com novo desenho, são revestidos em tecido de boa aparência e têm costuras bem feitas, mas não houve mudança expressiva quanto ao conforto e à forma como seguram o corpo em curvas. A cabine é ampla (4,59 m de comprimento, 1,77 m de largura, 1,47 m de altura, 2,71 m de entre-eixos) e todos os 5 ocupantes encontram espaço mais que suficiente para cabeça, ombros e pernas, inclusive no banco traseiro (onde é possível até cruzá-las), tendo cintos de segurança de 3 pontos e encostos de cabeça reguláveis à disposição. O banco traseiro conta ainda com os sistemas Isofix e Top Tether de fixação de cadeirinhas infantis.

Central multimídia conta com câmera de ré e gráficos de auxílio a manobras. Ar condicionado é digital

Ao volante o motorista encontra ergonomia correta, com quase todos os controles à mão. A exceção são os comandos à esquerda do volante (retrovisores externos, altura do facho dos faróis principais e sistema de auxílio a manobras), não muito próximos à mão e meio encobertos pelo volante, este revestido em couro e com comandos do áudio. O sistema multimídia, também fácil de operar, é simplificado nesta unidade e conta com rádio, portas USB e P2, Bluetooth e câmera de ré com gráficos de auxílio a manobras gerados pelos sensores de estacionamento dianteiro e traseiro. Infelizmente a qualidade da conexão Bluetooth do J5 que avaliamos não era boa. Conectamos vários aparelhos e tentamos ligações de várias operadoras, mas estas sempre geravam ecos e os microfones da cabine captavam mal a voz.

Volante tem controles de rádio e telefonia, retrovisor eletrocrômico é de série no Pack 3 e comandos à esquerda do volante são difíceis de acessar

A direção hidráulica poderia ser melhor calibrada; não é tão leve em manobras nem pesada na medida em velocidade. Atende, porém, ao motorista comum. O duo formado por suspensão e freios, por outro lado, merece destaque: o J5 filtra bem imperfeições, faz curvas sem sustos e freia de forma eficiente com os discos nas 4 rodas auxiliados pelo ABS com distribuição eletrônica de frenagem.

Motor 1.5 16v VVT ainda não é flex e rende 125 cv e 15,5 kgfm

Ainda que a JAC afirme não ter havido mudanças mecânicas no novo J5 - segundo a marca as mudanças, desde a chegada do modelo no país, foram constantes e gradativas - a melhoria no revestimento acústico é notória. O motor 1.5 16v VVT não ganhou sistema flex ainda (infelizmente), mas parece muito mais suave e menos ruidoso em funcionamento. Os engates do câmbio, apesar do formato estranho da alavanca, também ficaram mais macios mas continuam não aceitando trocas rápidas. O J5 é para ser dirigido calmamente.

Dianteira ganhou novos faróis, grade, para-choque e capô, além dos leds diurnos

Traseira recebeu novas lanternas com luzes de freio em led, nova tampa do porta-malas e novo para-choque

Para um sedã médio, porém, isso não é necessariamente mérito. Realmente falta motor ao J5. O propulsor de 125 cv de potência e 15,5 kgfm de torque gosta de girar e isso ameniza um pouco as coisas em viagens, bastando elevar as rotações ou reduzir uma ou duas marchas em situações de emergência para manter um desempenho adequado, com segurança. Mas na cidade o pouco torque em baixa rotação irrita. Subir ladeiras em terceira marcha? Esqueça. Em algumas delas o sedã só subiu depois de exigir primeira marcha para elevar os giros. A vantagem de ter motor pequeno é o consumo moderado: conseguimos média superior a 11 km/l de gasolina, alternando entre cidade e estrada.

Porta-malas leva bons 460 litros de capacidade

A falta de desempenho é compensada com uma lista muito recheada de equipamentos de série. Antes era comum na linha JAC modelos "completões", sem opcionais disponíveis, mas isso mudou. O novo J5 pode vir com 3 Packs diferentes. O primeiro custa R$ 64.990,00 e traz o básico necessário para um sedã familiar, mas sem rodas de liga, alarme, sensores de estacionamento, monitoramento de pressão dos pneus, leds diurnos, câmera de ré, faróis ou lanternas de neblina, retrovisor interno eletrocrômico, volante revestido em couro, kit multimídia e controles no volante. Esses itens somados aos presentes em todo J5 - ar condicionado digital, banco do motorista e coluna de direção reguláveis em altura, abertura interna do porta-malas e da tampa do bocal de combustível, faróis com regulagem elétrica de altura, vidros elétricos dianteiros e traseiros, freios a disco nas 4 rodas com ABS e EBD, airbag duplo e retrovisores com regulagem elétrica - levam o preço a R$ 70.990,00.


É menos do que a Honda cobra pelo City EXL, que tem a vantagem do câmbio CVT e melhor desempenho geral, e a Fiat pede pelo Linea com configuração parecida e câmbio mecânico. Mas não tão menos assim; os preços da JAC já foram mais atraentes - maldito dólar em alta. O J5 continua sendo boa opção para famílias que não têm pressa e prezam espaço interno, boa oferta de equipamentos e conforto de rodagem. A garantia é a maior disponível para modelos vendidos no Brasil, 6 anos sem limite de quilometragem, mas a desvalorização é imensa. A compra ainda vale a pena, mas o sedã já perdeu boa parte da competitividade.

2 comentários:

  1. A primeira coisa que vem em mente, é que italiano sabe desenhar carro. Agora, para um sedã grande, a falta de potencia é um obstáculo, não adianta ser econômico, o consumidor dessa linha de carro não se importa muito com isso, ele quer conforto (isso o JAC J5 tem) e quer fazer ultrapassagens, ou manter a velocidade numa estrada, sem aquela necessidade de toca constante de marchas. Parabéns à equipe pela reportagem.

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  2. Sendo proprietário de um J5, comprado 0 Km em meados de 2012 por R$ 55 mil, o considero um bom carro, que cumpre o que promete, sem sustos ou emoções. O veículo está com 70 mil Kms rodados e nunca deu defeitos. Há cerca de dois anos roda com o meu filho e não temos intenção ou necessidade de trocá-lo. Entretanto, por R$ 70 mil, dificilmente o trocarei por outro, ou seja, plenamente de acordo com a conclusão da reportagem acima: "perdeu boa parte da competitividade"!

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