Por FERNANDO CALMON
Embora o
Brasil ainda não tenha alcançado alta taxa de motorização (5,5
habitantes/veículos contra menos de 2 hab./veic. nos países centrais), algumas
regiões metropolitanas se aproximam de índices das nações avançadas. No aspecto
de cuidados com o meio ambiente ao envolver uma frota de 35 milhões de
automóveis e veículos comerciais, além de 12 milhões de motocicletas, até que o
País se situa razoavelmente bem.
Desde 1986,
o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) provou
ser iniciativa de sucesso. Veículos leves com motores de ciclo Otto cumpriram
as seis fases de redução de emissões gasosas, que resultaram em queda
significativa da poluição. Veículos pesados com motores de ciclo Diesel
sofreram tropeços no cronograma. Só agora, em 2012, entrou nos eixos ao
estrearem novos motores e combustível de baixo teor de enxofre (50 mg/kg ou 50
ppm). No próximo ano chegará o diesel S10, de apenas 10 ppm de enxofre.
A fim de
discutir o futuro do controle de emissões, inclusive motos, a Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva organizou um seminário recente em São Paulo.
A fase L-7 para automóveis está prevista para 2015 ou 2016. Teor de enxofre na
gasolina (etanol não tem enxofre) será diminuído para 50 ppm em 2014. Abre
caminho, assim, aos motores flexíveis etanol/gasolina com injeção direta de
combustível.
Essa
conquista tecnológica exige gasolina de baixo teor de enxofre para se obter economia
de combustível e simultâneo aumento de potência, além de cortar emissões. A
injeção direta é um sistema de formação de mistura ar-combustível que consegue
subverter a lógica de maior potência, maior consumo. A atual injeção indireta representou
um passo adiante. Porém, a tendência no exterior é substituí-la, mesmo a custo
maior.
Ponto interessante
do seminário foi a pouca divulgada política do governo de São Paulo para
combater gases de efeito estufa, responsáveis por possíveis mudanças climáticas
no planeta. Trata-se da iniciativa estadual mais relevante no País, que
organiza, em junho, a Conferência das Nações Unidas de Desenvolvimento
Sustentável (Rio +20). Existe a pretensão de emitir 20% menos gás carbônico (CO2)
em relação a 2005, em território paulista.
CO2
é subproduto atóxico da combustão de motores convencionais. Os meios de
transporte respondem, em média, por um quinto das emissões de efeito estufa no
mundo. Não há filtros ou catalisadores: só resolve se reduzir consumo de
combustível. São Paulo considera que seu perfil socioeconômico exige maior atenção
ao controle da frota. Estima-se que veículos motorizados respondam, no Estado,
por cerca de 30% do total de CO2 emitido.
Eis algumas
propostas para o segmento de veículos leves: ampliação da inspeção ambiental •
incentivo ao uso de etanol • programa de renovação e reciclagem de veículos • selo
socioambiental nas compras oficiais • ampliação de etiquetagem veicular (consumo
de combustível).
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