ALTA RODA, Fernando Calmon
Analisar os
rescaldos da recém-encerrada Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, nunca foi tão fácil. Muita conversa,
muito debate e, na hora de concluir, poucas soluções, para ser condescendente.
Leque de assuntos amplo demais, representantes de 193 países e curiosos
misturados a chefes de estado (além de ausências de peso, a presidente vizinha veio
apenas para as fotos e se retirou), só podia dar no que deu.
Sob o
guarda-chuva da moda, sustentabilidade entrelaça tantas atividades e interesses
em jogo que embute o grande risco de perda de foco. Alguns objetivos são
conflitantes e o relatório final não agradou, apesar de palavras elegantes.
Acima de tudo, ninguém soube apontar de onde surgirá o dinheiro para os necessários
investimentos, por mais que o retorno seja promissor e garanta o futuro do
planeta.
Se o maior
vilão do momento é o gás carbônico (CO2), um dos responsáveis pelo
efeito estufa/mudanças climáticas de origem humana, fica simples achar os
causadores. Estudos de vários autores apontam, em termos mundiais, que transporte
sobre pneus (automóveis, caminhões e ônibus) respondem por 16% do total de
emissões; trens, barcos e aviões, 6%; queima de combustível fóssil em usos
diversos, 12%; indústria e construção, 18%; eletricidade e aquecimento, nada
menos de 44%; outras fontes, 4%.
Ao considerar
o metano, gás 20 vezes mais ativo no efeito estufa, agricultura e criação de
animais (flatulência) têm peso tal que dilui os percentuais citados. Apesar
disso, automóveis são o alvo predileto, o que não exclui o esforço para
torná-los mais econômicos ou partir para biocombustíveis e tração elétrica,
alternativas sem abrangência universal.
Alguns
fabricantes montaram estandes no Parque dos Atletas, no Rio de Janeiro, para a
conferência. Além da BMW, um dos patrocinadores principais, a Volkswagen
apresentou a Bulli (Kombi moderna e elétrica), Renault e Nissan tinham carros
elétricos no transporte de membros de delegações e a Mitsubishi, o i-Miev.
Mini
elétrico e Série 1 cupê Active-E, ambos experimentais, formam a base de testes no
mundo real de componentes para a submarca da BMW e seus próximos modelos i3
(totalmente elétrico) e i8 (híbrido esporte de alto desempenho). A fábrica
alemã investiu em fibra de carbono em toda a carroceria para compensar o alto
peso das baterias. Quando estrear, em 2013, o i3 se destacará por apenas 1.200
kg de massa total, 330 kg menos que o Nissan Leaf.
Nas
conferências no estande, diretores reafirmaram que a submarca terá preço para
remunerar os altos investimentos. Esperam incentivos não somente tributários
dos governos, como na infraestrutura, e que compradores se sintam estimulados
em pagar mais em troca de economia no custo de utilização e menor impacto
ambiental.
E foram
bastante objetivos: no ciclo de vida completo, o i3 emitirá até 50% menos de CO2
em relação aos seus atuais modelos mais eficientes com motores a combustão. Desde
que a energia elétrica venha de fontes renováveis, cenário bastante distante do
atual em nível global e de difícil solução. Em outros termos, carro elétrico
não é neutro em CO2 e muito menos a panaceia atribuída a ele.
RODA VIVA
HYUNDAI-BRASIL já faz previsão de cronograma
para seu primeiro compacto no Brasil. Julho, definição do nome (sem letra “i”;
já se especulou “i15”); setembro, lançamento para imprensa; outubro, Salão do
Automóvel; novembro, inauguração da fábrica; dezembro, vendas. Hatch terá
motores de 1,0 e 1,6 litro, manual e automático (só no 1, 6 l). Sedã chega no
início de 2013.
APESAR de desmentidos veementes, Peugeot
vai produzir no Brasil novo sedã 301, em 2013, que ocupará o lugar do 207
Passion. Modelo estreia em setembro no Salão de Paris, embora seus maiores
mercados estejam fora da Europa Ocidental, onde sedã compacto não emplaca. Utiliza
mesma arquitetura do 208, a ser produzido em Porto Real (RJ), no início de
2012.
RENAULT, por sua vez, decidirá o que
colocar no lugar da Mégane Grand Tour que para de ser fabricada no Paraná, no
próximo mês. Há duas opções: monovolume Lodgy, baseado no Logan/Sandero, ou outra
station. Problema: projeto do sedã Fluence não inclui opção de perua e este
segmento segue em baixa no Brasil.
CHEVROLET Cruze Sport6 não tem preço
tão competitivo, na faixa que vai de R$ 60 mil a 80 mil, porém nível de
equipamentos agrada. Desde a caixa manual de seis marchas ao controle
eletrônico de trajetória e tração, passando pela tela multimídia, o hatch
oferece espaço interno e motor de 1,8 l/144 cv adequados. Dirigibilidade melhor
do que Cruze sedã.
DENATRAN desistiu da exigência absurda
de reconhecimento de firmas em cartório para identificação do condutor
infrator, no caso de transferência de responsabilidade de multa de trânsito. Agora
é preciso juntar ao formulário de identificação cópias da CNH do infrator e da
identidade do proprietário do veículo. Resolução pode ser vista em tinyurl.com/7lxrotz.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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