ALTA RODA, Fernando Calmon
O calendário
está ficando cada vez mais curto para tantas novidades no mercado brasileiro,
sem contar o que chega do exterior de países que não Argentina e México, com os
quais o Brasil fez acordos comerciais e taxação diferenciada. O monovolume Chevrolet
Spin e a nova picape Ford Ranger foram apresentados à imprensa com intervalo de
três dias. As vendas de ambos começam ao longo deste mês.
O Spin, baseado
na mesma plataforma do Cobalt, toma o lugar do Meriva e acrescenta uma versão
de sete lugares. O Zafira, também de sete lugares, na prática deixou de ter um
sucessor, pois se derivava do médio-compacto Astra e a distância entre-eixos
era 8 cm maior. Curiosamente, o Spin é 2,5 cm mais comprido que o Zafira, mas
se trata de veículos de conceitos e gerações diferentes. Na Europa, a Opel
produz Meriva e Zafira bastante diferentes entre si e do que deixou de ser
produzido aqui.
Livina e
Grand Livina (sete lugares), Idea e C3 Picasso, além do chinês J6, são rivais
em um segmento que encolheu ao passar do tempo com o avanço de sedãs e SUVs.
Esteticamente o Spin não empolga, em especial na harmonia entre frente e
traseira. A configuração interna reserva bom espaço para cabeça, pernas e
ombros: ora perde, ora ganha por diferenças milimétricas dos concorrentes da Nissan
e da Fiat. Na média, um pouco melhor.
Painel e
acabamento, iguais ao do Cobalt, apostam na boa relação custo-benefício. A
terceira fileira de bancos, previsivelmente, tem acesso razoável para entrar e
nem tanto para sair. O Chevrolet destaca 32 porta-objetos e maior porta-malas (5
lugares, 710 litros; 7 lugares, 162 litros apenas). Entre os acessórios de
concessionárias há câmera de ré.
Seu motor de
1,8 litro (108 cv/17,1 kgf.m) ficou mais econômico, porém perdeu potência e
torque em relação ao anterior, fato desabonador. Preços demonstram que poderá segurar
a liderança entre os seus pares: LT parte de R$ 44.590 e LTZ, de R$ 50.990. Por
pouco menos de R$ 4.000, LTZ pode vir com câmbio automático de 6 marchas e
controle de cruzeiro.
Quanto à
Ranger, a Ford executou um trabalho realmente forte. Investiu mais de US$ 1
bilhão, recriou tudo na sua picape média e cobriu quase todo o espectro do
segmento. A oferta impressiona: três motores (dois a diesel e um flex), três
caixas de câmbio (duas manuais de 5 ou 6 marchas e automática, de 6), quatro
versões de acabamento, cabines dupla e simples, tração 4x2 (só com motor flex)
e 4x4. O motor diesel, um 5-cilindros de 3,2 l de origem Ford, é o mais potente
entre as picapes: 200 cv. Torque de 47,9 kgf.m se iguala ao da S10. O motor flex
de 2,5 l/173 cv é o mesmo do novo Fusion, com diferente calibragem.
Linhas imponentes
destacam a forte inclinação do para-brisa e um arco de segurança estilizado, sem
exageros. O nome Ranger aparece valorizado em friso cromado frontal e na tampa
da caçamba. Generosa distância entre-eixos, de 3,22 m, garante bom espaço para
joelhos de quem senta no banco traseiro. Evolução marcante no interior inclui
quadro de instrumentos de visual moderno e tela multimídia de 5 pol para
navegador GPS. Acabamento surpreende e não existem parafusos aparentes. Câmera
de ré (imagem no retrovisor) fica embutida no emblema traseiro.
Capacidade
de carga – até 1,4 tonelada – e de ultrapassar cursos de água (vau) – 80 cm –
também são referências na categoria. Posição de guiar assemelha-se à de um
automóvel e com os mesmo recursos, nas versões mais caras, como comandos
elétricos nos bancos. Suspensões e nível de ruído estão bem melhores que antes.
Câmbio manual de 6 marchas mostra alguma imprecisão, mas o automático é muito
bom. Controle de trajetória com oito funções e seis airbags colocam em nível
alto a segurança. Os preços, bem competitivos, vão de R$ 61.900 a R$ 130.900.
Em comum,
Spin e Ranger oferecem três anos de garantia total, que deveria ser o padrão no
Brasil.
RODA VIVA
APENAS no primeiro semestre de 2013 a
filial argentina da PSA Peugeot Citroën terá fôlego para colocar em produção o
sucessor do Citroën C4 Pallas. Linhas já são conhecidas porque o carro estará à
venda antes na China, como C-Elysée e C4 L (entre-eixos maior), e fotos foram
divulgadas. Como de praxe, os modelos do oriente e do ocidente não serão
idênticos.
NOVO Série 3, da BMW, chegou ao mercado
brasileiro nas versões 328i, 245 cv (R$ 171.400 a R$ 229.950) e de topo 335i,
306 cv (R$ 294.950). Em um mês, o 320i, de menor preço e mais vendido, partirá R$
129.950. Os valores comprovam que os importadores apertaram bem suas margens
para competir. Série 3 tem ido além do esperado no mercado mundial.
TRAJETÓRIA da AMG completa 45 anos como
uma operação de sucesso de “esportivação” de modelos de rua. Especializada em produtos
da Mercedes-Benz, foi comprada pela marca alemã aos poucos e há sete anos é uma
divisão integral da companhia. SLK 55 AMG, motor V-8 biturbo de 421 cv/55 kgf·m,
acaba de ser lançado no Brasil. Preço: US$ 244.900 (R$ 485.000).
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV.
Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de 86 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário